SALDANHA, Jozé da Natividade - POEMAS OFERECIDOS AOS AMANTES DO BRAZIL. Por seu autor..., Natural de Pernambuco, e Estudante do Terceiro Ano de Leis da Universidade de Coimbra. Coimbra, Na Imprensa da Universidade. 1822. In-8.º (14cm) de 136 p.
1.ª edição.
O autor, de índole irreverente, é dono de uma história de vida deveras empolgante. Na sua passagem por Portugal, enquanto estudante universitário em Coimbra, publicou este conjunto de poesias.
"Debaixo desta pedra inculta, e dura
Jaz de Pedro a consorte, Inez formoza;
Jazem tambem com ela em paz ditoza
A inocencia, a virtude, a formozura.
Não foi a cauza desa morte escura
Orrendo crime, culpa vergonhoza;
Seu delito foi ser de um Rei espoza,
Ser amada, e amar com fé tão pura.
As filhas do Mondego o cazo infando
«Longo tempo chorando memorárão»
As madeixas sutis desentrançando.
O Mondego gemêo: os Ceos troárão;
E os Amores dos labios se apartando
As duras setas palidos quebrárão."
A D. Inez de Castro
José da Natividade Saldanha (1795-1830). "Filho do vigário João José de Saldanha Marinho, nasceu em Pernambuco, em 8 de setembro de 1796. Com relação à sua morte, Sacramento Blake registra que ele teria falecido em Caracas, na Venezuela, afogado numa vala da rua, onde caíra em uma noite de chuva torrencial, em 30 de março de 1830. Bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra, em 1823, aderiu ao ideário da Revolução Francesa. De volta ao Brasil, foi eleito secretário da Junta Governativa, permanecendo no cargo depois de proclamada a Confederação do Equador. Mas, em
novembro de 1824, restaurado o governo imperial, refugiou-se nos Estados Unidos, de onde seguiu para a Inglaterra e a França, sendo daí expulso como perigoso agente revolucionário. Apenas então fixou residência em Caracas, onde obteve licença para advogar depois de fazer os necessários exames, e também para trabalhar como professor de humanidades em Bogotá. Nesta época, travou contato com Simon Bolivar, chegando a se entrevistar com ele. Quando soube que havia sido condenado à morte por causa da revolução de 1824, mesmo ausente do país, enviou ao seu colega, Dr. Thomaz Xavier Garcia de Almeida, um dos juizes que o condenaram, a seguinte procuração:
«Pela presente procuração, por mim feita e assinada, constituo por meu bastante procurador na província de Pernambuco ao meu colega Thomaz Xavier Garcia de Almeida para em tudo cumprir a pena que me foi imposta pela comissão militar, podendo este morrer enforcado, para o que lhe outorgo todos os poderes que me são conferidos por lei». Caracas, 3 de agosto 1825. José da Natividade Saldanha.
Pela ênfase que deu aos assuntos liberais e nacionais, especialmente os de Pernambuco, a obra de José da Natividade Saldanha, tornou-se conhecida como precursora da independência, e tal epíteto também foi estendido ao autor. Sílvio Romero, conceituado historiador e crítico literário, ao comentar a obra do impetuoso escritor, afirma: Para tudo dizer sem rodeios, Saldanha tinha uma grande inteligência, cheio de entusiasmo pela pátria e repleta de desalentos por sua opinião e por sua origem; era quase negro e filho de um padre. Os preconceitos de seu tempo fizeram-no sofrer por isso e por suas idéias liberais. (Apud CAMARGO,1987).
(fonte: http://150.164.100.248/literafro/data1/autores/83/dados2.pdf)
Exemplar desencadernado em bom estado de conservação.
Muito raro.
Indisponível
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