27 dezembro, 2016

CORTESÃO, Jaime - ...DAQUEM E DALEM MORTE. Com ilustrações de Cristiano de Carvalho e Cervantes de Haro. Pôrto, Edição da Renascença Portuguesa, 1913. In-8.º (19 cm) de 204, [4] p. ; [6] f. il. ; il. ; E.
1.ª edição.
Conjunto de reflexões sobre a morte que servem de base a curiosas histórias fantásticas contadas pelo autor na 1.ª pessoa, algumas por si vivenciadas, uma dos quais, - que dá o título à obra, - dedicada ao poeta Fernando Pessoa.
Livro belissimamente ilustrado com dois desenhos nas páginas do texto e seis gravuras em separado impressas sobre papel couché.
"Como um cego (pobre dêle!) que vai a cantar direito a um abismo, assim nós vamos a caminho da Morte, rindo, cantando, presos de mil pequenos nadas e descuidosos do Todo, numa cegueira e inconsciência de fantoches.
Se por vezes o pensamento da Morte nos assalta, desviamo-lo cuidadosamente com o pretexto de que ha tempo para nele pensar, de que nada ganhamos em tal ou então que as coisas tristes bastam já na vida para que ainda as procuremos.
Superficiais e cobardes que nós somos!
Meditei nisso e breve me libertei dêsse temor de escravos. Não. Bem sei que estou à beira do abismo; apenas ignoro o tempo em que essa atitude se ha de dilatar.
E demais, atitude passageira; mas como o peor mal é a ociosidade do Espírito, procuro tirar da minha forçada posição todas as vantagens e deito-me a medir a altura dêsse abismo, procurando averiguar se, em verdade, a Morte é a profundidade da superfície que habito."
(Excerto de De como eu fui armado cavaleiro)
Índice:
- O fantasma do enforcado. - A morte da entrevada. - O pedreiro cantadôr. - De como eu fui armado cavaleiro. - O incendio no carro dos mortos. - O psicoscópio. - Senhôr Daquem e Dalem...
Jaime Zuzarte Cortesão (1884-1960). Médico, político, escritor e historiador português. “Formou-se em Medicina em 1909, depois de ter estudado em Coimbra, Porto e Lisboa. Foi professor no Porto de 1911 a 1915. Tendo sido eleito deputado em 1915, defendeu a participação de Portugal na Primeira Guerra Mundial onde participou como capitão-médico voluntário do Corpo Expedicionário Português, tendo publicado as memórias dessa experiência. Com Leonardo Coimbra e outros intelectuais, fundou em 1907 a revista Nova Silva. Em 1910, com Teixeira de Pascoaes, colaborou na fundação da revista A Águia, e em 1912 dá início à Renascença Portuguesa, que publicava o boletim A Vida Portuguesa. Em 1921, separando-se da Renascença Portuguesa, é um dos fundadores da revista Seara Nova. Em 1919 foi nomeado director da Biblioteca Nacional, cargo que exerceu até 1927. Devido a ter participado numa tentativa de derrube da ditadura militar foi demitido, exilou-se acabando por viver em França, donde saiu em 1940, devido à invasão daquele país pelo exército alemão. Foi para o Brasil, passando por Portugal, onde foi detido por um curto espaço de tempo. No Brasil residiu no Rio de Janeiro, tornando-se professor universitário, especializando-se na história dos descobrimentos portugueses e na formação do Brasil. Em 1952, organizou a Exposição Histórica de São Paulo, para comemorar o 4.º centenário da fundação da cidade. Regressou a Portugal em 1957.
Encadernação simples cartonada. Conserva as capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Indisponível

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