2 vols in-8.º (20 cm) de 338, III, [3] p. e 249, [7] p. ; [1] f. il. ; B.
1.ª edição.
Ilustrado com o retrato do autor em extratexto no vol. II (A Lanterna Magica).
Curiosa colecção de crónicas sobre o dia-a-dia do Tribunal da Boa Hora que inclui numerosos episódios passados neste conhecido tribunal lisboeta, alguns burlescos e hilariantes (a maioria), outros, nem tanto...
"O primeiro livro de crónicas judiciais no nosso país, segundo as palavras do próprio autor, Alfredo Pinto, tem por título A Nota Alegre dos Tribunais e é de 1892. O estilo é picaresco e a crónica Rude Sinceridade reza assim: "O réu é um homem do povo, de meia-idade, forte, trigueiro, de olhar franco e alegre. Vem pela primeira vez ao tribunal por haver maltratado a sua mulher, que gritou por socorro, mas que logo depois tentou por todos os meios subtrair seu marido à acção da justiça, chegando até a confessar que ele lhe batera com carradas de razão por ela estar de palestra com as vizinhas em vez de cuidar dos arranjos domésticos.
Juiz - para o réu - "É verdade que maltratou a sua mulher?" Ele - "É sim senhor. Para que serve negá-lo se isso é verdade e eu não preciso faltar a ela para mostrar que tive razão?". Juiz - "Não teve vergonha, o senhor, que me parece um homem sério e um trabalhador honesto, de bater em sua mulher?" Ele - sorrindo - "Então que dúvida? Havia talvez de bater nas dos vizinhos! Não, que essas têm lá os seus maridos para as castigarem, se forem homens como eu e não quiserem que nas suas casas governe mais a galinha que o galo". E, no final, conta o cronista, este caso terminou com "uma pequena multa aplicada ao delinquente e que também serviu de castigo à mulher que pelo seu desleixo deu lugar ao conflito"..."
(MOTA, Francisco Teixeira da, in Público, 11/05/2012)
"Na publicação d'este livro miramos apenas ao desejo de iniciar entre nós um genero ha muito explorado n'outros paizes, sobretudo em França, mas ainda desconhecido em Portugal, onde ninguem se déra ao trabalho de reproduzir, com singeleza e fidelidade, as scenas devéras curiosas que se passam nos nossos tribunaes e que constituem como que um estudo de typos, de costumes e do modo de viver de certas camadas sociaes.
Foi n'esse proposito que escolhemos, d'entre muitas outras, as chronicas que nos pareceram mais dignas de interesse, quer pelo lado comico, quer pelo lado triste e pungente, e formámos esta primeira serie, a que outras se seguirão caso o publico, esse grande Galeoto de que depende o bom exito de todas as emprezas, nos acolher com agrado..."
(Excerto da introdução, Duas palavras aos leitores)
Exemplares brochados em bom estado de conservação. O vol. II encontra-se por abrir. Livros manuseados, com defeitos nas capas. O vol. II apresenta na contracapa falha de papel no canto inferior esquerdo.
Raro e muito interessante.
Indisponível
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