OS SUCCESSOS DE JUNHO OU O ULTIMO MOTIM DO PARÁ. Por um democrata. Pará, Imprensa de Tavares Cardoso & C.ª, 1891. In-8.º (21cm) de IX, [1], 218, [2] p. ; E.
Obra publicada sob anonimato (por um democrata). História da intentona ocorrida no Pará, de 10 para 11 de Junho de 1890, cujo objectivo passava por derrubar o recém-nomeado governador Justo Chermont, e impedir as eleições. O movimento revolucionário foi liderado por Francisco Xavier da Veiga Cabral, herói brasileiro mais conhecido por "Cabralzinho".
Contém reproduzida correspondência e depoimentos dos principais intervenientes.
"A mudança da fórma de governo foi recebida no Pará sem enthusiasmo, mas com geral acquiescencia, porquanto, se era limitadissimo o numero de republicanos, não era maior o dos monarchistas convictos, de sorte que, proclamada a Republica, a grande maioria, indifferente á forma de governo, mas sectaria dos principios democraticos, adherio sem hesitação á nova ordem de coisas..
Entretanto não deixara de impressionar o espirito dos homens pensadores e dos verdadeiros patriotas a circumstancia de não ter sido a revolução obra de um movimento popular.
Os factos posteriores encarregaram-se de mostrar que estas apprehensões não eram sem fundamento.
O antagonismo entre os dois elementos da ordem social, o civil e o militar, não tardou a manifestar-se, logo que finda a missão do governo provisorio do Estado, do qual faziam parte um official do exercito e outro da armada, foi o Dr. Justo Leite Chermont nomeado Governador pelo poder central.
Hostilisado pelo Club Militar, que vira com desgosto os dois membros do governo provisorio, representantes da classe, que deu a queda na monarchia, preteridos por um advogado sem importancia politica, trataou o Dr. Justo Chermont desfazer-se dos seus perigosos desaffectos, fazendo-os recolher ao Rio de Janeiro por ordem do Ministro da Guerra, a quem eram fornecidas informações falsas, como se deu com a imaginaria conspiração de 11 de Janeiro de 1890. [...]
Entretanto o governo parecia empenhado em provocar a desordem, mandando fazer cargas de cavallaria sobre o povo e disparar tiros de revolver, para dissolver as reuniões de cidadãos pacificos, desarmados, que cahiam esmagados pelas patas dos cavallos ou atravessados pelas balas.
Quando um povo sente a sua liberdade ameaçada, confiscados os seus direitos e o governo impondo-se pela violencia e pela fraude, appella instinctivamente para a inssurreição, como recurso extremo e inolvidavel direito dos cidadãos de um paiz live.
As coleras do povo são como as lavas do volcão, accumulam-se para irromper mais violentas no momento imprevisto.
Basta que um homem ousado colloque-se á frente das massas populares e brade - avante.
Um minuto de audacia decide muitas vezes da sorte de um povo."
(excerto da introdução)
Encadernação em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação, com excepção para as pastas que apresentam desgaste acentuado. Assinatura de posse datada na f. anterrosto.
Raro.
Com muito interesse para a História do Brasil.
85€
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