13 fevereiro, 2022

COLLECCÇÃO DAS CARTAS DO SOLDADO PORTUGUEZ
. Lisboa, Na Tipografia do Largo do Contador Mór, n.º 1. 1838. In-8.º (20,5 cm) de 47, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Interessante subsídio para o conhecimento da organização do exército português nas campanhas peninsulares sob o ponto de vista militar e administrativo. Folheto desencadernado, sem capas, conforme saiu dos prelos.
"Um soldado para entrar em uma campanha regular não se faz em menos de 6 mezes, e precisa pelo menos dois annos de exercicio para adquirir aquella mobilidade que constitue o verdadeiro soldado, e sem a qual não apresentariamos por uma marcha rapida 33$ homens na batalha de Victoria sem ficar á rectaguarda um só soldado! Um soldado podesse aguerrir  tornar intrepido dentro de um anno, mas bem disciplinado só depois de muitos de oddiencia, porque a obdiencia é um habito que só se adquire pelo tempo! Assim para se emprehender uma campanha aberta é preciso que o Exercito esteja predisposto com antecipação e conheça os seus officiaes para saber o que tem a esperar delles. O systema de levntar corpos em massa não produz bom resultado se não em guerras intestinas quando a força moral os precede como uma vanguarda, de outra sorte não servem para nada, a não ser para augmentar a desordem e anarchia; levar o máo exemplo aos corpos de linhas e insubordina-los, como succedeu no Porto em 1809, pela entrada do Marechal Soult, com as legiões, posto que bem fardadas e disciplinadas, que foram a causa principal dos Francezes em menos de tres horas, tomarem uma formidavel linha de reductos e passar a Villa Nova só com a sua primeira linha de atiradores pela desordem, e anarchia em que a cidade se pôs! [...]
Se queremos ser Nação livre, e independente é preciso ter um Exercito com o qual em ponhamos respeito na paz para evitarmos a guerra, mostrando ás Nações da Europa que podemos defender-nos de um momento para o outro; e mandando ás Nações beligerantes officiaes habeis para ter-mos a final bons Generaes que nos commandem com acerto, porque diz o nosso imortal Camões, o Principe dos nossos Poetas, que
A disciplina militar prestante,
Não se aprende, senhor, na fantazia
Sonhando, imaginando, ou estudando,
Senão vendo, tratando, pelejando."
(Excerto da 5.ª Carta)
António Duarte Pimenta (1783-1843/1844?). "Cav. da Ord. de S. Bento de Avis, condecorado com a Cruz de ouro de todas as campanhas da guerra peninsular, e com a Estrella d’ouro da guerra de Montevideu, Major do Exercito, tendo feito a primeira das referidas guerras no posto de Tenente do regimento de infanteria então n.º 18. – N. na cidade do Porto em 1783, e m. em Lisboa pelos annos, credo, de 1843 a 1844.
Escreveu:
Collecção das Cartas do Soldado Portuguez. Lisboa, na Typ. do Largo do contador mór 1838. 8.º gr. de 47 pag. - foram primeiramente insertas em varios numeros do Correio de Lisboa, jornal politico. Contem algumas noticias curiosas e interessantes para a historia do nosso exército no periodo decorrido de 1808 a 1814. Sahiram sem o nome do auctor;
Emilia ou o merito exaltado: poema. Ibi, na Off. de J. N. Esteves. 183…? 16.º - Tambem anonymo. - Nada vale.
Golpe de vista sobre alguns movimentos e acções do regimento n.º 18 na guerra peninsular. Ibi, 1814. 8.º - É um pequeno folheto.
Diferentes periodos da vida do Major Pimenta extrahidos de um manuscripto que appareceu no Rio de Janeiro em 1838. Bruxellas (alias Lisboa) Imprensa Portugueza 1842. 16.º de 32 pag. - Se é verdade o que ahi se diz, foi elle o que mais efficazmente promoveu a revolução do Rio de Janeiro em 26 de Fevereiro de 1821 a favor da Constituição proclamada em Portugal a 24 de Agosto do anno antecedente, e deveu‑se‑lhe todo o resultado dos successos d’aquelle dia."
(Fonte: https://escritoreslusofonos.net/2019/03/10/antonio-duarte-pimenta/)
Exemplar em brochura, preso por atilhos, em bom estado geral de conservação. Capa/f. rosto manchada.
Raro.
Com interesse histórico e militar.
35€

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