LIVRO DO PRIMEIRO CONGRESSO AÇOREANO que se reuniu em Lisboa de 8 a 15 de Maio de 1938. Publicado no ano das comemorações centenárias da Independência e Restauração de Portugal - GRÉMIO DOS AÇÔRES. Lisboa, Edição da Casa dos Açôres, 1940. In-4.º (26,5 cm) de [4]. 723 p. ; [21] p. pub. ; B. 1.ª edição.
Congresso histórico. O Primeiro Congresso Açoriano, que reuniu em Lisboa, de 8 a 15 de Maio
de 1938, a nata da intelectualidade açoriana da época, foi um evento de
carácter político-cultural visando repensar a autonomia açoriana e dar
visibilidade, em Lisboa, aos problemas com que o arquipélago se
defrontava." (pt.unionpedia.org)
"Só agora, passados dois anos sôbre a reünião do Primeiro Congresso Açoreano, se torna possível publicar êste livro, onde estão arquivados todos os trabalhos e noticiadas tôdas as manifestações do mesmo Congresso. [...]
O Primeiro Congresso Açoreano foi obra do Grémio dos Açôres, hoje Casa dos Açôres, e quem com verdade e de boa fé poderá negar o valor dêste Congresso, que tão nobremente defendeu os interêsses insulares e levantou o nome da Terra Açoreana? Nêle se enalteceu o Arquipélago e os seus habitantes, nêle se estudaram os mais importantes e instantes problemas de interêsse regional e local. Nunca os Açôres tinham sido aqui o assunto do dia, de muitos dias, como o foram durante as manifestações do Primeiro Congresso Açoreano. Nunca uma outra província de Portugal europeu foi tão enaltecida, aqui na Capital, como foi, nesses dias, a Terra Açoreana.
Os benefícios dêste congresso não e limitaram a essa grande homenagem dos dos portugueses do Continente aos portugueses dos Açôres. O Primeiro Congresso Açoreano chamou a atenção dos Poderes Públicos para os problemas insulares e não o fêz sem proveito nosso. Muitos dos votos dêste Congresso já foram satisfeitos por quem de direito e os restantes terão também resolução satisfatória, quando chegar o momento oportuno. A transcrição de muitos dêstes votos no Diploma das Juntas Autónomas, mostra como os trabalhos dêste congresso foram tomados em consideração. A escolha dos novos Governadores distritais mostra bem a atenção que o Govêrno está dedicando às nossas Ilhas."
(Excerto do Prefácio)
"Bem precisa era tamanha propaganda a favor da realização do I Congresso Açoreano que outra finalidade não tinha senão a de reunir uma assembleia onde os problemas açoreanos fôssem ventilados e estudados com criteriosa atenção.
Basilares eram as questões de Geografia física, política e humana que andavam intimamente ligadas à vida do arquipelago, sendo ainda de notar que a Meteorologia e o clima dos Açôres contituiam problemas do mais alto valor não apenas para a vida insular, mas tambem para as comunicações entre os continentes.
Situados num ponto do Atlantico bastante estratégico, os Açôres gosavam o previlégio de ser informadores do tempo que havia de regular aquelas comunicações. Daqui a necessidade dum solido conhecimento da meteorologia açoreana.
A fauna e a flora insulares seriam outro aspecto a considerar no Congresso, çois dada a originalidade do clima açórico, os Açôres eram campo aberto a todas as especies animais e vegetais, oriundas das mais variadas ambiências climáticas.
Alem disso, os Açôres andavam há quinhentos anos vivendo uma história que se perfuma de lendas, que se recheia de factos heróicos e que no fundo se identifica com a história da Mãi-Pátria. O Clamor épico das descobertas e das conquistas viviam ainda ecoando nas praias a nas fortificações açoreanas e as odes sonorosas dêsse passado glorioso ocultavam-se ainda nos inéditos, cheios de pó, das bibliotecas onde muito havia que investigar e conhecer.
A etnografia e o folclore no todo que representavam da tradição popular açoreana eram manancial inesgotável para estudos dos mais diversos e copiosos e a arte regional bem como a musica popular contituiam fonte de inspiração ainda pouco explorada, não falando já da literatura e da imprensa regionais que uma vez integradas nos respectivos quadros de cultura muito teriam de fornecer para a formação dum índice de valores intelectuais relativos ao arquipelago açoreano.
Sob o aspecto administrativo, a organização dos Açores tinha que se definir pois êstes se encontravam «numa condição muito especial, numa situação intermediaria entre as provincias continentais e as provincias ultramarinas.. Daqui, carecerem uma orgânica especial, pois precisavam duma certa autonomia administrativa, há já muito reconhecida pelos poderes centrais, mas que nunca chegou a adquirir o verdadeiro e justo equilíbrio.
O problema das obras publicas, mormente o das obras e fomento seria outro capítulo importante a ser tratado no Congresso, bem como o da agricultura e pecuária - fontes de riqueza verdadeiramente notáveis para a economia insular - economia insular essa a que não tem sido indiferentes o comercio e a industria, inclusivamente a industria do Turismo que tem nos Açôres campo de acção bastante rico e extenso pelas excepcionais belezas naturais e riqueza hidrologica havida nas ilhas que os constituem.
Finalmente a questão das comunicações, dos transportes maritimos, da assistencia (assistencia social, corporativa, religiosa, medica, judiciária, de educação e de ensino) seriam outros tantos aspectos a ser considerados nos trabalhos do Congresso Açoreano."
(Excerto de Como nasceu o I Congresso Açoreano)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Alvo de alguns (poucos) restauros, incluindo a lombada que apresenta fita gomada.
Raro.
Com interesse histórico e regional.
35€