CANTOS, Paulo de - O HOMEM «MÁQUINA". Por... Recreio dos alunos : orgulho dos mestres : alegria dos pais!!! A rir, a brincar, sugere «riscos», dá moldes a construir por nossas próprias mãos. [Como somos por dentro]. [¡Donde vimos! : ¿Aonde vamos?]. [S.l.], [s.n. - Composto, Impresso e à venda na Soc. Gráfica da Póvoa, Póvoa de Varzim], [193-]. In-8.º (18,5 cm) de 82, [2] p. ; e 25, [2] p. ; il. (inc. 4 desdob.) ; B.
1.ª edição.
Obra curiosa, estranha e divertida (como todas as outras) de Paulo da Cantos, autor de culto, mas sobretudo criativa - quer em termos "filosóficos", quer em termos de concepção gráfica.
Livro magnificamente ilustrado ao longo do texto, e em folhas desdobráveis, com tabelas e desenhos esquemáticos sobre partes do corpo humano e as suas funções.
"Há quem tenha enguiço com as máquinas.
E apresentam-se argumentos justificativos:
«Que elas têm sido as inimigas n.º I da felicidade social, despojando os campos das suas riquezas e até da sua população em benefício das cidades - polvos tentaculares que atraem os pobres diabos da província.»
Que «a própria indústria definha porque elas atrofiam as faculdades do servo operário, quando o não batem e dispensam quási por completo.»
Mas, razões mais altas e ponderosas do que tôdas as superstições e conceitos negativos, fazem nas multiplicar e triunfar por tôda a parte. Crises de momento, passam breve. Digam lá ao sol que pare!
Já lá vai o tempo em que se fugia do automóvel simplesmente porque êle andava... por artes do mafarrico.
Hoje o homem está identificado com a máquina.
O homem é a máquina
A máquina é o homem.
Se lhe dá mau uso, a culpa é dêle.
Ao navegar nestas águas, os áses supra transcritos são unanimemente classificados de fortes-entre-os-mais-fortes, sejam quais forem as reservas ideológicas que lhe opunham.
O filósofo por um lado e o técnico hábil e brutal por outro, são concordes em afirmar alto e bom som que há indivíduos que têm muitíssimo, livro por livro, letra por letras, e no entanto seus cérebros não conseguem executar uma distribuição e um registo do material adquirido.
É que lhes falta a arte de separar, nos livros, o que lhes é valioso do que lhes é inútil, de separar o trigo do joio."
(Excerto do texto)
Paulo de Cantos (1892-1979). "Nasceu em Lisboa, estudou em Coimbra, onde foi
contemporâneo de Salazar. Foi professor no Liceu Pedro Nunes, reitor do
Liceu Eça de Queiroz, na Póvoa de Varzim, fez cursos de química,
belas-artes e até vitivinicultura. Regressou a Lisboa onde fundou o
Centro de Profilaxia da Velhice na sua casa, e criou a Bibliarte, um
alfarrabista por onde passaram Fernando Pessoa, Cesariny, entre outros.Não é fácil sintetizar quem foi Paulo de Cantos (1892-1979).
Professor, editor, gráfico, filantropo, filólogo. Foi tudo isto, mas
talvez a melhor forma de o descrever seja a expressão “o livr-o-mem” (o
livro-homem). O interesse em torno de Paulo de Cantos surge precisamente por causa
dos livros, manuais didácticos, opúsculos, que editou freneticamente
desde os anos 20 do século passado até morrer. São livros sobre os mais
diversos temas - linguística, geografia, anatomia, literatura,
matemática, folclore – e cuja particularidade é a forma como aproveitou a
composição tipográfica para criar esquemas, desenhos estilizados, mapas
antropomórficos. O resultado é um trabalho de vanguarda,
praticamente desconhecido, muito visual, com uma preocupação pedagógica.
Não é raro encontrar livros que podem ser lidos nos dois sentidos como Os reis do RISO…As leis do SISO (sem data) ou Sal-Azar/Sol!Az!!Ar!! (1961?). Ou ainda o Adágios (1946?), que compila um conjunto de adágios traduzidos em 10 línguas. De Cantos criou ainda uma língua própria. Depois de uma viagem ao
Brasil, por volta de 1965, o autor organizou em sua casa um Congresso
Luso-Brasileiro dedicado à língua portuguesa. Daí surgiu a ideia de
unificar a grafia das duas línguas, a que chamou PAK."
(Fonte: https://www.publico.pt/2013/03/23/culturaipsilon/noticia/paulo-de-cantos-um-editor-a-frente-do-seu-tempo-1588835)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Apresenta falha de papel importante numa das capas (cerca de 1/3), e pequenas falhas marginais. Miolo em bom estado, as páginas por abrir, com os desdobráveis. Deve ser encadernado.
Raro.
Indisponível
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