14 outubro, 2016

BURITY, Braz - ÍDOLOS, HOMENS E & BÊSTAS. Depoimentos e impressões sôbre as gentes e as coisas da Terra Portuguesa. I. FIALHO DE ALMEIDA [ e II. COLUMBANO - FIGUEIREDO & C.ª, L.da. Sociedade exploradora de Malas-Artes e peores ofícios. Seus sócios, seus feitos e seus processos ou os excessos duma consagração nacional e os cordelinhos duma exposição em Paris]. Texto de... Ilustrações de Abel Salazar. Pôrto, Edição de Maranus, 1931. 2 vols in-4.º (25cm) de 1-68 p. (I) e 69-132 p. (II) ; il. ; B.
1.ª edição.
Obra em dois volumes (é tudo quanto foi publicado). O 1.º é dedicado a Fialho de Almeida, e o 2.º, a Columbano Bordalo Pinheiro.
Ilustrada nas páginas do texto com a reprodução de retratos, desenhos e pinturas a p.b.
"Sem prazo fixo, sem poiso certo, sem assunto definido, em calhanços de oportunidade, no bambúrrio dos acontecimentos, no imprevisto das situações, fazendo gôsto ao dedo, desenferrujando a língua, dando ao Demo tristezas, que não pagam dívidas, Ídolos, Homens & Bêstas procurarão, pelo tempo fora, fixar depoimentos, grifar notas, focar aspectos, exprimir impressões sôbre as gentes, os factos e as coisas da terra portuguesa...
Com a pena sôlta de Bráz Burity e o lápis ligeiro de Abel Salazar, Ídolos, Homens & Bêstas não se propôem reformar costumes, derrubar instituïções, defender princípios, queimar preconceitos, organizar partidos, engordar porcos, intelectualizar burros, matar pulgas - arrumar ou desarrumar a casa, que, com a dispensa vazia e cheia de trastes, do subterrâneo ao sótão, em casa de Orates, onde todos ralham e ninguém tem razão, já não arrumo ou desarrumo que valha o pau e corda da muda - e, menos ainda, as tábuas do esquife e a cêra ruim dos ruins defuntos...
No meio da barafunda em que todos nos agitamos, a chafurdar no charco em que nos atolamos todos, Ídolos, Homens & Bêstas tentarão, apenas,  ver claro e falar alto e direito, fazendo da Verdade um dogma, e rendendo à verdade um culto, que, fora dos cânones das Conveniências, ao avêsso da tôdas as liturgias do Arrivismo, desagradando a todos, não poupando ninguém, há de chocar muita gente boa..."
(Vol. I, excerto da introdução, Saibam quantos)
Joaquim Madureira (Braz Burity) (1874-1954). "Nasceu em Lisboa e faleceu no Porto. Juiz português. Escritor, panfletista, articulista, personalidade polémica e impulsiva, adotou o pseudónimo literário de «Braz Burity». Entre as suas principais publicações, destacam-se os seguintes (e sugestivos) títulos: Insolências (1894); Um Processo de Imprensa (apreendido pela polícia); Impressões de Teatro (1905); Caras Amigas (1909) e Na "Fermosa Estrivaria" (1912). Crítico de arte, comentado e apreciado no seu tempo pela firmeza que imprimia às suas prosas, fez acalentado furor com uma crónica publicada no Diário do Povo, aquando da morte de Basílio Teles, em Matosinhos. Foi ainda diretor de O Diabo - Semanário de Literatura e Crítica, sendo depois substituído por Adolfo Barbosa. Tendo residido durante largos anos em Leça da palmeira, aí privou com artistas e intelectuais de primeiro plano da cena nacional."
Abel Salazar (1889-1946). Médico, cientista, professor, artista plástico, crítico de Arte, prosador e pensador. "Pintor e professor universitário, nasceu em Guimarães em 1889 e morreu em Lisboa em 1946. Médico de profissão e professor catedrático de Histologia e Embriologia na Universidade do Porto, notabilizou-se sobretudo como artista amador, além de ensaísta, historiador e crítico de arte. No campo da ciência criou novos métodos de técnica histológica, entre eles o método tano-férrico que o irá tornar mundialmente conhecido. A sua pintura, de temática urbana e rural, saída do naturalismo, vai fixar-se numa iconografia de crítica social, com especial incidência na problemática da mulher trabalhadora. Em 1935, começou a ser perseguido por razões de ordem política e foi afastado da sua cátedra. Apesar de expulso da Faculdade e das múltiplas dificuldades que lhe foram levantadas, continuou a publicar importantes trabalhos de índole científica. Abel Salazar foi também pedagogo ousado, prosador de excepcionais recursos, crítico agudíssimo, filósofo criador e sistematizador, divulgador de doutrinas e ideais progressistas, e acima de tudo, homem de honra e homem de coração."
(Fonte: paginas.fe.up.pt/porto-ol/fr/biograf.html)
Exemplares brochado em bom estado de conservação.
Invulgar e muito curioso.
Indisponível

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