10 outubro, 2016

CASTRO, Augusto de - CAMPO DE RUÍNAS : impressões da guerra. [2.ª edição]. 6.º milhar. Lisboa, Emprêsa Literária Fluminense, Lda, 1922. In-8.º (19cm) de 205, [3] p. ; B.
Conjunto de crónicas da Grande Guerra redigidas pelo autor, jornalista, a partir de França.
"Campo de ruínas, campo da morte - horizonte das grandes batalhas, donde a vida se sumiu, sôbre êle passa, por vezes, afugentada pela tempestade da artilharia, uma revoada de aves que corta o espaço e foge, desaparece no céu crispado e trágico. [...] Os homens, nas grandes covas do lôdo e da traição, espiam-se da sombra. Só os aviões, pássaros sinistros do Ódio, se elevam no ar que o eco dos canhões agita com o marulhar do vento. A voz das coisas calou-se. Os próprios corvos debandaram. Nessa sepultura gigantesca, povoadas de vivos, a voz de Deus emmudeceu.
É neste lívido scenário, em que o sol nasce tinto de sangue, que se desenrola o grande Drama Humano."
(excerto do preâmbulo, Campo de ruínas)
"Eis-me equipado e armado para entrar nesse grande mar de lama das trincheiras: botas altas, até ao joelho, grande impermeável de militar, capacete para proteger a cabeça dos estilhaços das granadas e o grande saco com a máscara dos gases a tiracolo. Na antevéspera, a aprendizagem na escola dos gases fôra completa e já estou familiarizado com o escafandro horrível e indispensável para a dura travessia das linhas de fogo.
Felizmente não chove. O ruído dos motores dos aviões corta, com o seu vôo sinistro, o espaço e, à medida que a estrada nos aproxima das extremas posições da frente de batalha, êsse ruído sibilante, áspero, contínuo, mistura-se com o matraquear das metralhadoras e, de momento a momento, com o trovão da artilharia. É um dia calmo, êste."
(excerto do Cap. I, Soldados portugueses, Nas trincheiras)
Índice:
Dedicatória. Campo de ruínas. I - Soldados portugueses: - O sol de Portugal! - Uma parada militar na Flandres. - Nas trincheiras. - Nas ambulâncias e nas baterias. - O general Tamagnini. II - Ruínas e heróis: - Como se vive na guerra. - O Milagre. - A Catedral. - Nas linhas inglêsas. - A morte da águia. - A cidade morta. III - O eco das batalhas: As deusas brancas. - A ofensiva da paz. - Como a Alemanha será vencida. - Paisagens da guerra. - Venizellos e Lloyd George. - Uma falsa «alerte». - O que é preciso dizer a Portugal.
Augusto de Castro Sampaio Corte-Real (Porto, 11.01.1883-Estoril, 24.07.1971). Foi um escritor, jornalista, advogado, político e diplomata português.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
15€

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