1.ª edição.
Obra poética de forte matriz liberal, da autoria de Vicente Pedro Nolasco da Cunha.
"Dos povos desligando o soberano
Destruindo a união dos dous poderes
Elles correm sem tino a sepultar-se
No horror do Despotismo, ou da Anarquia,
E revoltando contra os paes os filhos,
E os irmaõs contra irmaõs, o faxo acendem
Da civil guerra, que as nações dessola
Oh vós nacionaes legisladores
Aquem dirijo agora estes accentos
Da celeste verdade á vóz dictados,
(Com profunda attenção vos cumpre ouvilos,)
Sabeim, que huma Nação não póde unir-se
Sem hum ponto central, que as leis lhe firme
Que lhe sustente o jus, os bens, e a gloria.
Este ponto central não jaz na força
De armas que sustentar as Leis só devem
Porem nunca dictalas. - Esse abuso
De internas convulsões he sempre origem
Este ponto central só jaz no throno
Que legitimo reina; e justo, e firme
No bem geral o poder summo exerce.
E não esse, que veste os atavios
De huma esteril, e frivola nobreza,
Titulos vãos de orgulho, e falso lustre. -
A nobreza não se herda, so se imita.
Não he como fortuna, que os paes deixão
Aos filhos por herança. - Mas d'aquella
Que o merito assignala, e que o proveito
Geral gradua. - A verdadeira gloria
Esta he do throno, que honra tal Nobreza."
(excerto do poema)
Vicente Pedro Nolasco da Cunha (1773-1844). “Licenciado em Medicina pela Universidade de Coimbra. Liberal, exilou-se em Inglaterra,
onde fundou e co-dirigiu o jornal político-literário mensal “O investigador português
em Inglaterra”, (1811-1819), de que foi o principal redactor, tornando-se a
partir de então figura proeminente do período do pré-romantismo. De facto, já
nessa altura e nesse período, é dos primeiros intelectuais portugueses a
analisar mais profundamente a obra de Rousseau, que considera, quer como
filósofo quer como escritor, “um génio”. Núcleo fundamental de formação do
romantismo português, nesse periódico são publicados, entre outros, textos de
José Anastácio da Cunha, Filinto Elísio e Bocage, traduzindo-se vários
pré-românticos ingleses e alemães e analisando-se já as obras de Schiller,
Walter Scott, Byron. Nolasco da Cunha traduziu Racine, Shakespeare, Erasmo,
Darwin e Schiller. Da sua obra poética, destacam-se as seguintes obras: O Jardim
Botânico de Darwin, ou a economia da vegetação : poema com notas filosóficas, traduzido
do inglês, Lisboa, 1803; O tempo da Glória, Lisboa, 1802; O Triunfo da natureza,
1809 (dedicado a Domingos de Sousa Coutinho); O Incêndio de Moscovo, ou a Queda
de Napoleão, Londres, 1812."
(fonte:pt-br.sis-medicos.wikia.com)
Exemplar brochado, aparado, em bom estado geral de conservação. Manchado na f. rosto.
Raro.
Indisponível
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