30 novembro, 2014

O ARISTARCO PORTUGUEZ. REVISTA ANNUAL DE CRITICA LITTERARIA. 1.º ANNO - 1868. Coimbra, Imprensa da Universidade, 1868. In-8º (20,5cm) de [6], 205, [1] p. ; B.
Revista de crítica literária. Publicada sob anonimato, inicialmente a sua redacção foi atribuída a Francisco António Rodrigues de Gusmão; estudos posteriores, apontam José Simões Dias como seu autor. Só se publicou este número.
Autores das obras criticadas:
- A. da Silva Gaio. - Alberto Pimentel. - Camilo Castelo Branco. - Cândido de Figueiredo. - Carlos Borges. - Clímaco dos Reis. - Eduardo A. Vidal. - Ernesto P. de Almeida. - Eugénio de Castilho. - F. Adolfo Coelho. - Guerra Junqueiro. - Guilherme Braga. - Júlio Dinis. - Latino de Faria. - Lemos de Nápoles. - Lopes Praça. - Martins de Carvalho. - Ramalho Ortigão. - Simões Dias. - Teófilo Braga. - Tomás Ribeiro. - Etc.
"Lançámos uma vista de olhos pela nossa litteratura de hoje; e, se motivos houve por que nos congratulassemos, não vimos sem mágua o como em Portugal se aquilatavam as nossas letras.
Por mais que a vista se nos entranhasse por todos os recantos da nossa republicasinha litteraria, não nos appareceu um crítico de lei, que tivesse ânimo para dizer sem rebuço toda a verdade ao povo que, no procurar alimentos para o espirito, poucas vezes pode por si escolher, d'entre os insossos e os deleterios, aquelles que lhe apurem o gosto e nutram a intelligencia.
Por força de consequencia, o merito de escriptor dependia do favor das circumstancias, e, por muitas vezes, o merecimento real ficava na sombra, emquanto a fama revestia de luz e gloria entidades que a justiça nunca devia de salvar da obscuridade.
E não é porque em Portugal faltassem homens, que do seu levantado ingenho tirassem luz, para mostrar a verdade ao povo: impecia-os talvez a consideração de que poucos dos que escrevem escutam a sangue-frio as verdades da crítica, malquistando-se de prompto com os que se aventuram a prégal-as em público.
Não nos deteve tão balofa e pueril consideração: tomámos o caminho da verdade e da justiça, e não trepidaremos diante de susceptibilidades feridas.
A nossa missão especial é notar e louvar o bom, e apontar e censurar o mau."
(excerto da introdução)
De destacar a crítica dirigida a Camilo, a quem o autor chama "o homem dos setenta e tantos livros, o estylista admiravel, o dramaturgo, o poeta, o theologo, o politico, o romancista e o fazedor de satyras". Na primeira parte, o autor  tece considerações sobre a carreira literária de Camilo e o seu perfil psicológico. Na segunda parte, faz a crítica do romance A Bruxa de Monte-Córdova, e de três outras obras: O Sangue, O Mosaico e as Virtudes Antigas. Esta última é alvo de alguma ironia, pela fraca qualidade das 3 novelas que a compunham, sobretudo, a terceira - Um poeta portuguez... rico, trabalho enviado por Camilo a pedido do editor Campos Júnior, apenas para preencher o n.º de páginas "aceitável" para a sua publicação.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas com defeitos, apresentando-se sujas, com pequenos orifícios e falhas de papel.
Invulgar.
Com interesse camiliano.
25€

Sem comentários:

Enviar um comentário