OSÓRIO, D. Jerónimo – CARTA À RAINHA DA INGLATERRA.
Introdução de José V. de Pina Martins. Crítica e modernização do texto,
tradução e notas de Sebastião de Pinho. Lisboa, Biblioteca Nacional, 1981.
In-4º (24cm) de 249, [5] p. ; il. ; B. Colecção Autores Clássicos
1ª edição.
Capa de Fausto Rocha
Tiragem: 1000 exemplares.
Contém fac-símile da edição em latim.
Edição sob os auspícios do Comissariado para a XVII
Exposição Europeia de Arte, Ciência e Cultura do Conselho da Europa.
“A Epistola Hieronymi
Osorii ad Serenissimam Elisabetam Angliae reginam, publicada pela primeira
vez na bela e rara edição de 1562, que agora se reproduz anastaticamente e se
verte em português também pela primeira vez, circulou pela Europa em tradução
francesa desde 1563 e inglesa desde 1565, tendo tido, até ao século XVIII, 16
edições em latim, 7 em francês e 3 em inglês.
[…]
O valor deste livro situa-se, porém, num outro plano, o do
que significa o texto em relação aos propósitos do seu autor e o que ele é em
si mesmo, pelo que diz, pelo que se propõe e pelos juízos que suscitou através
da sua leitura. […] A respeito, ainda, da epístola, escreve o talentoso
prosador Luís de Almeida Braga: «Em carta à rainha Isabel de Inglaterra,
convidando-a a voltar à segurança da doutrina católica, sua fluida e
ciceroniana eloquência como uma espada de fogo brilha e atravessa o coração.»
Esta eloquência «fluida e ciceroniana», contudo, não foi de molde a convencer a
real personalidade a quem se dirigia, nem mesmo os seus conselheiros, que se
sentiram alvejados pelas alusões de Osório. Daí que o juízo formulado pelos
Ingleses, directamente empenhados ou não na Reforma anglicana, tenha sido
caracterizado pela falta de objectividade. Eles não podiam deixar de reconhecer
a superioridade estilística do humanista português, mas isso era-lhes pretexto
para diminuírem o valor da doutrina. […] Como quer que seja, o resultado da
diligência, ainda que a epístola tenha sido, no seu género, uma obra-prima até
de diplomacia, foi nulo. Isabel de Inglaterra levou ainda mais longe a Reforma
anglicana, tendo afastado irreparavelmente de Roma a Igreja britânica, já dela
antes separada, e acentuou mais profundamente, para nos servirmos de uma imagem
de Osório, o rasgão da túnica de Cristo.”
(excerto do prefácio)
D. Jerónimo Osório (Lisboa, 1506-Tavira, 1580). “Humanista e
teólogo português de projeção internacional. D. Jerónimo Osório foi um
humanista que soube associar a mundividência cristã ao seu interesse pelos
problemas sociopolíticos do tempo. Neste sentido, foi também um político e um
contra-reformista, como se vê pela suas obras de cariz histórico, pedagógico, e
de exegese bíblica. O grande domínio do latim, por parte do autor, facilitou o
conhecimento directo da sua obra que, compreendendo escritos filosóficos,
teológicos, políticos e mesmo históricos, se tornou um objecto de grande
interesse para um melhor conhecimento da época em que foi escrita. Os seus
livros foram publicados e apreciados em vários países, conhecendo edições
sucessivas ainda no século XVI.”
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas
levemente oxidadas.
Invulgar.
15€
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