COSTA, José Daniel Rodrigues da – BARCO DA CARREIRA DOS
TOLOS : obra crítica, moral, e divertida. FOLHETO = I. JANEIRO [a FOLHETO XII.
DEZEMBRO]. Nova Edição. LISBOA. Typographia de Elias José da Costa Sanches. 1850.
12 folhetos in-8º grd. (22,5cm) x 32 p.
Colecção de folhetos satíricos (completa).
“Para descarregar esta Cidade
Da multidão de Tôlos, que a povôa,
Com maré, vento em popa, e brevidade
Vem este Barco ao Porto de Lisboa:
Com maré, vento em popa, e brevidade
Vem este Barco ao Porto de Lisboa:
Leva Tôlos de toda a qualidade,
Mas tem sempre um lugar vago na prôa
Quem disser, ou fizer alguma asneira,
De mez, a mez, tem Barco de Carreira.”
“Amaveis, e curiosos Leitores, novamente me apresento á
vossa curiosidade, e continúo nas minhas pequenas, e vulgares composições, mais
fiado na vossa benevolencia, que no meu merecimento. Assim o confesso, porque
vive muito longe de mim o espirito da vaidade; e porque sei que os que tem este
vicio, são ás vezes como a frondosa arvore no Verão, a quem o tempo em breve
mudança abate as fôlhas e séca os fructos.
Agora me parece estar já ouvindo estes Senhores, que fallão
com muita elevação em tudo o que ha de telhas acima, a murmurarem de como eu
corto, e reprehendo o que vejo de telhas abaixo; mas então lhes respondo, que
em quanto com a minha Filosofia rasteira eu vou adquirindo o producto das
minhas observações para cómmodo da vida, eles com as suas erradas mathematicas
não pensão de andarem sempre vendo as estrellas ao meio dia.”
[…]
Esta Obra, a que me proponho, não leva o frontispicio pomposo,
nem indica, que trata de Chimica, Botanica, Fysica… Geografia, Viagens… e outras matérias, com que
muitas Obras se condecorão, cujas promessas mais parecem dicionários de
palavras, que desempenho dos assumptos. Nada, não, Senhores; na minha Obra,
pinta-se tão somente hum Barco da
Carreira dos Tôlos, com o seu Arrais.
Na invenção deste Papel periódico se cortão os vícios, se
exalta a virtude, e se provoca a riso naquellas matérias, que admittem huma decente jocosidade, guardando sempre os
limites da modéstia e respeito, com que se deve tratar o prudente Leitor.”
(excerto do prólogo)
José Daniel Rodrigues da Costa (1757-1832)
foi um poeta português. Sob o pseudónimo de Josino Leiriense, que usava
nas tertúlias da Arcádia
Lusitana, Rodrigues da Costa teve uma vida de notoriedade social e
intelectual, testemunhadas em várias obras literárias que publicou, quase
sempre sob a forma de folhetos que se vendiam como "livros de
cordel". Foi popular a sua rivalidade com Bocage.
Exemplar por encadernar em bom estado de conservação. Últimas
páginas apresentam manchas de humidade marginais, sem afectação do texto.
Muito invulgar.
Indisponível
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