DIAS, Manuel - MILAGRES E CRENDICES POPULARES : visões - aparições -
revelações. Porto, Brasília Editora, 1985. In-8.º (20 cm) de 192, [2] p. ;
il. ; B.
1.ª edição.
Capa
de Armando Alves. Fotografias de Américo Diegues, Armando Moreira
(Marco), Henrique Moreira e Pereira de Sousa, da equipa de Reportagem
Fotográfica do "Jornal de Notícias".
Curioso
estudo-reportagem do autor sobre as crenças religiosas em Portugal, e a
forma como este fenómeno popular é aproveitado por "actores" menos
escrupulosos. "Ilustrada com
muitas fotografias [em página inteira], esta obra é, em si mesmo, o
testemunho verdadeiro de uma realidade dos nossos dias, do nosso tempo."
"País proclamado
"essencialmente católico", Portugal tem sido cenário, ao longo dos
séculos, das mais primárias manifestações de religiosidade popular.
Desde corpos incorruptos de pessoas que se diz terem morrido "em cheiro
de santidade", a homens e mulheres, com algumas crianças à mistura, que
apregoam visões celestiais e "revelam" dons sobrenaturais mercê das
aparições que seus olhos (e os de mais ninguém...) contemplam, é um
desfile imenso de "escolhidos" a que se assiste, de Norte a Sul, com
amplas faixas de um povo entregando-se por inteiro, ou ingenuamente
confiando-se aos exploradores da crendice.
Ante
os rumores que em determinado local alguém viu uma "senhora muito
linda", regra geral, "a sair de uma nuvem"; de que em certa localidade
uma jovem, normalmente doente e presa ao leito, é acometida de êxtases e
dialoga com Nossa Senhora; de que naquele cemitério foi posta a
descoberto um cadáver em "perfeito estado de conservação, apesar de já
estar enterrado há dezenas de anos - ante tais rumores acaba por
consolidar-se a história imediatamente posta a correr pelos arautos dos
milagres, de que o sobrenatural montou "ali" arraiais e está ao alcance
de todos...
Como testemunhos mudos, mas convincentes, das maravilhas operadas pelas novas santas (ou santos),
são exibidas dádivas dos crentes e, até, "miraculados". Algum dinheiro
sobre bandejas (as grossas maquias vão sendo postas a bom recato...) e,
para impressionar ou arrebanhar os candidatos a devotos, bonecos ou
cabeças, troncos e membros, em cera, fazem parte do mostruário
organizado em função das contribuições dos "pagadores de promessas".
[...]
Não foi por acaso que Portugal se transformou num viveiro de "santas" reconhecidas por
"legiões de fiéis". De modo mais sensível nas zonas do Centro e Norte,
surgem, periodicamente, "casos" que dão que falar e que, ao mobilizarem
as atenções da opinião pública, provocam o nascimento de novos
"santuários".
(Excerto da introdução, Porta aberta à crendice)
Índice:
[Introdução]. Porta
aberta à crendice. | Corpos incorruptos. | O "Santo" de Beire. | A
"Princezinha da Calçada". | "Santa" Maria Adelaide. | Cristina de
Bragança. | "Santa de Anreade". | Dois pastorinhos "videntes" em Vila
Nova à Coelheira. | O "Salve Rainha" sonhou e a capelinha nasceu. |
Guilhermina - a leiteira "vidente". | "Santos Mártires". | "Industriais
de Milagres". | "Estigmatizada" de Lamego: no reino do masoquismo. |
"Estigmatizada" de Vilar Chão - até onde vai o engenho e a arte... |
"Santa da Ladeira do Pinheiro" - um mundo alucinante... | "Santinha de
Tropeço" - uma história exemplar... | Na peugada de Balazar. |
Testemunho de uma parapsicóloga. | O tribunal foi apenas um acidente de
percurso. | Cansou-se de ser "Santa" e fez a si própria um "milagre".
Manuel Dias.
É natural do Porto. Em 1953, começou a colaborar no vespertino «Diário
do Norte», em cujo quadro redactorial depois ingressou. Transferiu-se de
seguida para «O Comércio do Porto», de onde saiu em 1974 a fim de
passar para o «Jornal de Notícias». Também é colaborador do «Diário
Popular». Como jornalista, deslocou-se a vários países da Europa e da
África, assim como ao Brasil.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
25€
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