COUTINHO, Manoel da Cruz Pereira - ELVENDA OU CONQUISTA DE COIMBRA POR FERNANDO MAGNO. Romance historico e moral elaborado sobre factos do seculo XI. Por... Coimbra, Imprensa da Universidade, 1858. In-8.º (19x12,5 cm) de XI, [1], 225, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Romance baseado num manuscrito gótico que narra a história de uma família coeva à conquista de Coimbra por Fernando Magno, em 1064, conforme explicação preambular do autor.
"Fernando Magno de Leão, poucos annos depois de ter conquistado aos mouros algumas cidades, e castellos importantes da provincia da Beira, desceu por conselho do conde D. Sesnando, com um poderoso exercito sobre Coimbra, n'esses tempos uma das mais fortes praças d'armas, que os Sarracenos occupavam em Portugal.
Posto o cêrco á cidade, em combates e assaltos sempre renovados, e sempre repellidos com valor, correram inutilmente rios de sangue christão e sarraceno.
Cançados de tanto porfiar, sem resultado, assim os christãos sitiantes, como os mouros sitiados, concordaram em dar alguns dias de descanço ás armas. Durante estas breves treguas, uma divisão do exercito de Fernando foi acantonar-se pelas povoações da margem direita do Mondego, abaixo de Coimbra."
(Excerto do Cap. I)
"Era n'um dia calmoso, do principio de Julho, proximo ao anoitecer, quando dois amigos se introduziam por uma silenciosa alameda perto das virentes e poeticas margens do pacifico Mondego; ambos mancebos de bella presença, de figura elegante e robusta; ambos sem dúvida cavalheiros, porém o mais novo, Arthur, mostrava (como depois se conhecerá) pertencer a uma classe mais elevada na sociedade do que o seu companheiro Gundezindo. Este ainda que mancebo parecia ensinado por todos os trabalhos da adversidade; não arriscava um juizo senão depois de madura reflexão; a experiencia do mundo, e o estudo do coração humano eram o fonte d'onde elle tirava todas as maximas, para se dirigir a si, e aos outros nos occasiões difficeis.
Arthur ao contrario era um joven, aliáas valente, audaz e destemido, mas sem moderação em seus desejos; qualquer opposição o enchia de furor; não affeito a soffrer trabalhos nem contradicções, não podia amoldar-se aos sabios conselhos do seu amigo, nem ao imperio das circumstancias."
(Excerto do Cap. II)
Manuel da Cruz Pereira Coutinho (1808-1880). Sacerdote, cronista e escritor português. "Nasceu na freguesia de Almagreira, concelho de Pombal, em 1808, e faleceu em Coimbra, a 24 de janeiro de 1880. De origens humildes, foi sucessivamente amanuense da Administração-Geral do Distrito de Coimbra (1837), Vice-Reitor do Colégio dos Órfãos e secretário particular do Reitor da Universidade, Conde de Terena (1841-1848). Na vida sacerdotal, foi prior das freguesias de S. Pedro e de S. Cristóvão e cónego da Sé de Coimbra. Reputado arqueólogo, paleógrafo, historiador e biobibliógrafo, foi associado provincial da Academia Real das Ciências e sócio efetivo do Instituto de Coimbra, onde desempenhou funções de vice-presidente da sua Secção de Arqueologia e foi o primeiro conservador do seu Museu de Antiguidades. Foi colaborador assíduo da revista O Instituto (fundada em 1853) e de outras publicações periódicas, como Crónica Literária da Nova Academia Dramática e O Prisma - Periódico da Academia Dramática de Coimbra (fundados por José Freire de Serpa Pimentel, em 1840 e em 1842, respetivamente), O Conimbricense (fundado por Joaquim Martins de Carvalho, em 1854) e O Zéphyro (fundado por António Augusto Gonçalves, em 1872)."
(Fonte: https://www.sitiodolivro.pt/epages/960741206.mobile/pt_PT/;ClassicView=1?ObjectPath=/Shops/960741206/Products/9789898867919)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com pequenos defeitos e falha de papel nos cantos. Lombada "reforçada".
Raro.
Com interesse histórico.
50€
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