31 maio, 2022

OLIVEIRA, Dr. Aguedo de - ESTADO NOVO.
Três discursos do... Lisboa, Edição da União Nacional, 1935. In-8.º (19x11,5 cm) de 62, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Lição sobre conceito e orgânica do "Estado Novo", sob a forma de discursos proferidos pelo autor, indefectível do regime e de Oliveira Salazar.
Discursos:
I - Teoria do Estado Novo: I. [Preâmbulo]; II. Constituição; Corporativismo; IV. União Nacional; V. [Conclusão]. II - Designação dos seus orgãos representativos primários: VI. [Preâmbulo]; VII. Representação; VIII. Significado do acto eleitoral; IX. [Futuro]. III - Dois anos de prática constitucional: X. [Preâmbulo]; XI. A velha prática; XII. A reforma dos costumes políticos.
Artur Águedo de Oliveira GOC • GCC • GOMAI (Torre de Moncorvo, 1894 - Setúbal, 1978). Foi Ministro das Finanças de Portugal entre 1950 e 1955. Licenciou-se em Direito, em 1917, realizando o seu Doutoramento em 1923, na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, sendo a sua tese arguida pelo Doutor António de Oliveira Salazar. Exerceu advocacia em Lisboa de 1925 a 1927.Foi Juiz Conselheiro, Vice-Presidente de 1930 a 1948 e 15.º Presidente do Tribunal de Contas, que tinha sido criado por Salazar, de 18 de Novembro de 1948 a 30 de Abril de 1964. A convite de Salazar, Águedo de Oliveira foi Subsecretário de Estado das Finanças (1931-1935), vindo a substituir João Pinto da Costa Leite, em 2 de Agosto de 1950, no cargo de Ministro das Finanças, até 8 de Julho de 1955. Morreu sem descendência directa. Por disposição testamentária, legou a sua valiosa biblioteca à Fundação Os Nossos Livros, criada em 1978, com sede em Bragança."
(Fonte: wikipédia)
Exemplar brochado em bom estado geral e conservação. Cansado, com pequenos defeitos.
Invulgar.
15€

28 maio, 2022

VALOJIE, Marilyn - PECADOS SENSUAIS.
[Leitura interdita a menores de 21 anos]
. Lisboa, [s.n.], Maio1975. In-8.º (20,5x14,5 cm) de 110, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Livro passado à máquina e policopiado - excelente exemplo da literatura "erótica" nacional do pós-25 de Abril.
Publicado em pleno 'Verão Quente de 75', estamos em crer que este volume de "pornochachada" será obra de um português, não obstante a utilização do nome "Marilyn Valojie", também ele pseudónimo, no caso, de Jack Coutela, escritor francês, que sendo um profícuo autor (menor) de diversos géneros literários, também publicou histórias eróticas, não chegando, julgamos, ao pobre e escabroso conteúdo do presente. A confirmar-se a paternidade "nativa" do livro, mais do que a utilização de um pseudónimo, configura a usurpação de um pseudónimo, o que, dadas as amplas liberdades da época, também não seria de admirar. Raro e muito curioso, dado o contexto histórico.
Escrito na 1.ª pessoa do plural, esta narrativa é desenvolvida pelo "outro eu" de Gary, o "herói" da história.
"... pertenço a um ser mil por cento sensual, se tal é possivel!... No entanto ELE é igualmente alguém - parecendo mentira -, incapaz de contar suas aventuras...
Eis-me assim, EU... O OUTRO ELE, a fazê-lo! Seria uma pena que tal não acontecesse!..."
Entrámos na gare. Todo o pessoal se encontrava numa das pontas do cais, manobrando o combóio de mercadorias que partiria daí por duas horas. A única pessoa que vimos foi a mulher do chefe da estação. Um vicioso sorriso apareceu sobre os lábios dela, assim que viu Gary - o OUTRO EU... -. Dirigindo-se para ele, convidou-o imediatamente a colocar seus embrulhos atrás do guichet e a segui-la, afim de preencher o talão de despacho... Perguntámos a NÓS MESMOS onde nos queria ela levar, visto que o caderno dos talões se encontrava sobre a mesa de despachos."
(Excerto do Cap. I)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
Com interesse histórico e bibliográfico.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
45€

27 maio, 2022

GUERRA, Pe. Dr. Luciano - A MENSAGEM DE FÁTIMA.
Por...(Desenvolvimento dos Esquemas publicados em Folha Lucista : 1960-1961)
. [S.l.], Direcção Geral da LUCF, 1960. In-4.º (24 cm) de 56 p. ; B.
1.ª edição.
Trabalho metódico sobre o Fenómeno das Aparições e sua mensagem divina. Importante subsídio histórico, elaborado na época em que o autor - recém-licenciado em Teologia - era capelão do Santuário de Fátima.
"Apesar do que possa parecer em contrário, o autor das linhas que seguem não teve a pretensão de fazer um estudo completo acerca da Mensagem de Fátima. Nem estudo, nem sequer ensaio. O melhor nome que se poderá dar a estes temas será o de apontamentos tirados à pressa.
Segue-se, naturalmente, que há neles muita coisa por desenvolver, aperfeiçoar e, até, com certa probabilidade, corrigir.
Entretanto, poderá observar-se que houve preocupação de seriedade, sobretudo ao fundar-e nos documentos de Fátima. Para maior brevidade, resolvemos citá-los por meio de siglas. Eis a sua interpretação:
IP = Inquérito paroquial.
IO = Interrogatórios [oficiais] jurados dos Pais dos Videntes e Conterâneos.
IL = Interrogatório oficial de Lúcia de Jesus...
IE, IIE, IIIE, IVE = Cada um dos quatro escritos da Irmã Lúcia, citados pela cópia dactilogrfada. A sua enumeração segue a ordem cronológica, por que foram escritos
Todos estes documentos vêm enumerados do 1.º tema.
O método que procurámos usar foi o que nos pareceu conduzir, mais fàcilmente, ao fim que nos propusemos: mostrar como a Mensagem de Fátima se insere no nosso tempo como a segurança e o esplendor da Revelação. Assim, tentámos, embora, por motivos que se entendem fàcilmente, sem citação de fontes, dar o pensamento da Teologia para inserir nele a Mensagem de Fátima.
O bem, que estas linhas poderão fazer, depende muito das disposição de cada um. Não esqueçamos, portanto, de rezar, e rezar pelo Imaculado Coração de Maria, já que é essa a grande recomendação de Fátima."
(Esclarecimento)
Matérias:
Esclarecimento. | I - Existência e finalidade da Mensagem de Fátima. II - A Mensagem de Fátima e a revelação pública. III - Os males do mundo actual. IV - Os males morai do mundo actual e seus castigos. V - Os bens do mundo actual. VI - A Paz no tempo e na Eternidade. VII - Contrição, Propósito e Emenda de Vida. VIII - Pelo sofrimento, à reparação e conversão dos pecadores. IX - Maternidade Espiritual e mediação de Maria, na Mensagem de Fátima. X - Oração.
Luciano Gomes Paulo Guerra (n. Calvaria de Cima em Porto de Mós, 31 de agosto de 1932). "É um professor e padre católico português. Filho de Joaquim Paulo Guerra e Maria do Rosário Gomes Louro, iniciou a sua formação religiosa no Seminário Diocesano de Leiria, fazendo uma temporada de estágio no Santuário de Fátima. Após concluir o curso foi estudar na Universidade Gregoriana de Roma, onde se graduou em Filosofia. Foi ordenado na Sé de Leiria em 21 de Setembro de 1957. Em 1959, graduou-se em Teologia na Universidade de Salamanca. Logo após, foi indicado capelão do Santuário de Fátima, ali permanecendo por dois anos, dirigindo ao mesmo tempo a Pia União dos Servitas de Fátima. Entre 1961 e 1964 foi director da Escola Preparatória Dr. Afonso Lopes Vieira, na Marinha Grande, fazendo posteriormente aperfeiçoamento em Filosofia no Instituto Católico de Paris, regressando à Escola Preparatória em 1968.
Em 1973, foi nomeado reitor do Santuário de Fátima, cargo que ocupou até 2008, notabilizando-se por uma gestão de grandes obras e uma completa reestruturação administrativa. Entre as principais realizações deste período estão a construção do Centro Pastoral Paulo VI, da Basílica da Santíssima Trindade, do alpendre que protege a Capelinha das Aparições e do monumento que incorpora um fragmento do Muro de Berlim. Também promoveu a ornamentação de espaços e edifícios com muitas obras de arte contemporânea e dotou a instituição de novos estatutos, que oficializaram a grande reestruturação organizacional que ele promoveu e definiram as relações do santuário com as instâncias eclesiásticas superiores. Em 1983 foi nomeado Capelão de Sua Santidade pelo papa João Paulo II e em 1988 nomeado cónego da Sé de Leiria. Em 2002 foi designado membro do Conselho Presbiteral da Diocese de Leiria-Fátima. Foi ainda conferencista em congressos e encontros, professor da Escola de Formação Teológica de Leigos, presidente do Serviço de Ambiente e Construções do santuário e diretor do jornal Voz da Fátima e do boletim internacional Fátima Luz e Paz. Depois de deixar a reitoria, assumiu a função de capelão do Convento da Visitação, na Batalha. Foi louvado pelo cardeal Tarcisio Bertone, então Secretário de Estado do Vaticano, como um incansável e benemérito promotor e defensor do santuário, e em 22 de setembro 2008, a Junta de Freguesia de Fátima outorgou-lhe a Medalha de Ouro da Cidade de Fátima pelo importante legado deixado ao santuário, à cidade e à comunidade católica. Na ocasião o presidente da Junta, Natálio Reis, louvou-o como "grande líder", a quem "o Santuário de Fátima fica a dever-lhe muito mas a Freguesia também". Hoje mantém os títulos de Monsenhor e Reitor Emérito do Santuário de Fátima."
(Fonte: Wikipédia)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Com alguns sublinhados a tinta no interior.
Raro.
Com interesse histórico e religioso.
Indisponível

26 maio, 2022

LOBATO, Gervasio - A COMEDIA DO THEATRO. Lisboa, Livraria de Antonio Maria Pereira, Editor, [188-]. In-8.º (18,5 cm) de 276 p. ; E.
1.ª edição.
Raríssima edição original de uma das mais invulgares obras do autor, publicada na década de 80 do século XIX. Trata-se de um conjunto de cartas satíricas sobre o mundo do teatro endereçadas por Simão Galhardim, personagem fictícia, a um seu amigo da "terra" - Queijadas, "mesquinha aldeia de Vianna".
"São seis horas e dez. A tabella marca o ensaio d'apuro dos Amores de D. Ignez, para as 6 1/2: com o quarto de hora d'espera, seis e tres quartos.
Os actores secundarios e os discipulos, começam a chegar, com terror das multas.
Um dos primeiros é o Fragiola, um rapaz de trinta e cinco annos, que desde os nove annos piza os palcos do theatro impellido por uma irresistivel vocação dramatica, e que vae já no seu vigesimo sexto anno de discipulo.
Fragiola accumula o amor da arte dramatica com um grande fraco pelas lides tauromachicas, e uma santa predilecção pelas irmandades religiosas.
Nunca falta a uma embolação, a um ensaio, e a uma procissão notavel.
Na sua vida artistica teve dois momentos de felicidade mas não os soube aproveitar. O emprezario do campo de Sant'Anna deixou-o um dia servir de homem de forcado, e quasi pelo mesmo tempo o emprezario das Novidades dramaticas, o theatro d'onde passou para o Colyseu das Artes, enfiou-lhe, a pedido da sua esposa, um papel de certa importancia, n'um drama novo.
Fez a pega, e fez o papel; mas não estava em sorte.
Na pega apanhou um trambulhão que o atirou pelos ares, no papel fez dar um trambulhão á peça nova, que a atirou pelo buraco do ponto abaixo.
Nas irmandades é que não conseguira  nunca o seu ambicioso desejo: - levar o pendão.
Os juizes, mais crueis que os emprezarios da praça dos touros, e o das Novidades dramaticas, nunca lhe confiaram esse nobre cargo de responsabilidade."
(Excerto de Antes do ensaio)
Gervásio Lobato (1850-1895). "Nasceu a 23 de Maio de 1850, em Lisboa. Autor, num curto espaço de tempo, de uma obra extensa e variada, foi jornalista, tradutor, comediógrafo e romancista, tendo sido comparado a Rafael Bordalo Pinheiro quanto ao humor e ao talento de caricaturista. Colaborou em vários periódicos da época, como o Diário de Notícias, o Diário da Manhã, o Jornal da Noite e O Ocidente, onde sucedeu a Guilherme de Azevedo na rubrica "Crónica dum ocidental". Os contornos realistas da sua crítica de costumes, exercitada nos romances e nas peças de teatro, são amenizados pelo tom displicente e pelo humor revisteiro. Foi condecorado, pelo rei D. Carlos I, com o Oficialato da Ordem de Sant’Iago da Espada, em 1892. Morreu a 26 de Maio de 1895, em Lisboa."

(Fonte: https://www.goodreads.com/book/show/40412828-a-comedia-de-lisboa)
Encadernação coeva em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em razoável estado geral de conservação. Manuseado. Pastas e lombada cansadas com defeitos. Assinatura de posse na f. rosto. Contém escritos a lápis na primeira parte do livro.
Raro.
Sem registo na BNP (possui exemplares da 2.ª e 3.ª edição).
Indisponível

25 maio, 2022

OLIVEIRA, Emygdio d' - VASSALOS DA INGLATERRA? NÓS!
Emenda á nota allemã em que se declara guerra a Portugal
. Porto, Editor Zacharias Rodrigues, [1916]. In-8.º (21,5x11 cm) de 16 p. ;: [1] encart. ; B. Paginas de Fé e de Revolta - II
1.ª edição.
Enérgica refutação do autor à acusação do embaixador germânico, aquando da declaração de guerra a Portugal, de que seríamos "vassalos" da Inglaterra.
Inclui um encartável impresso em rosa - Memorandum - que reúne um conjunto de datas/eventos relevantes para a participação de Portugal na Grande Guerra, com início de 7 de Agosto de 1914 - "O governo declara que não faltará aos deveres impostos pela alliança ingleza" - 21 de Março de 1916, com a apresentação do projecto de lei da censura em tempos de guerra, - terminando com uma informação: Noticia grave - La base militar de municionamiento de Galicia.
"O embaixador allemão não nos deixou irritados, nem medrosos, nem surprehendidos.
Deixou-nos humilhados.
O que, momentaneamente, nos prende ao solo e nos verga a fronte, não é, não foi jamais, a audacia dos grandes bandoleiros, nem a ameaça dos grandes generaes. E dos sabios nós temos uma noção nebulosa, sem nitidez, desde que elles nos pedem alta remuneração pelo seu talento e o sacrificio do nosso sangue pela sua virtude. Mas nós somos aquelle grande pequeno povo, que não sendo nada na industria, pouco no commercio e debil artifice na satisfação das curiosidades, vive, ha tres seculos, na piedade do seu passado, ajoelhado sobre a sepultura dos seus heroes e no degrau do altar de marmore dos seus santos."
(Excerto do texto)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa algo manchada.
Raro.
Com interesse para a bibliografia WW1.
Indisponível

24 maio, 2022

SILVA, Roberto - ALIMENTAÇÃO RACIONAL DO CAVALO DE GUERRA.
Thése apresentada em 1919
. Elvas, Typographia e Stereotypia Progresso, 1919. In-8.º (21,5 cm) de 59, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Tese de licenciatura apresentada à Escola Superior de Medicina Veterinária alguns meses após o final da Grande Guerra. No final do trabalho, o autor apresenta 3 "Observações", isto é, três casos práticos por si desenvolvidos onde relaciona a qualidade/quantidade de ração vs. trabalho pedido aos animais para apuramento de conclusões quanto à "alimentação racional" a ministrar aos solípedes.
Monografia rara e muito curiosa, impressa em Elvas, sobre a qual não existem referências bio-bibilográficas.
"Ao serviço militar desde que terminei o curso e, por consequencia, não podendo dispôr de mim sempre que o desejava; n'um meio falho dos recursos de que precisa lançar mão todo aquele que pensa - no caso presente, a quem fazem pensar - em elaborar um trabalho de tal natureza, resolvi ensaiar a aplicação dos princípios de higiene aos solípedes que me foram confiados, regulando a alimentação a fornecer-lhes pelo trabalho que d'eles é exigido sem desequilíbrio da sua integridade organica e funcional.
As experiencias que fiz e são o fêcho da minha obra, mais facilmente a desenharão no seu esquelêto.
Todas as acções fisiologicas, suas causas e efeitos, mais ou menos directamente ligadas ao acto nutritivo, bem como todas as que influenceiam a maquina animal de fórma a transformarem n'ela, a energia latente em trabalho, são apontadas n'este livro e englobadas em dois capítulos:
O primeiro estuda os alimentos na sua composição química e a digestão nas suas diferentes fases, mostrando quais os agentes que desdobram os princípios alimentares até á sua assimilação.
O segundo diz respeito ao estudo as relações em que a materia alimentar deve existir em toda a ração capaz de garantir, ao indivíduo, o seu equilibrio fisiologico, bem como ao estudo da transformação de energia sob a fórma de alimento em energia sob a fórma de trabalho, encerrando-o a série de experiencias em que assenta esta despretenciosa obra."
(Excerto do preâmbulo)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
25€

23 maio, 2022

GOUVEIA, Norberto - HISTÓRIA DO JARDIM ZOOLÓGICO DE LISBOA : 1971-1991.
História do Jardim
. [S.l.], [s.n.], [1991]. In-8.º (22,5 cm) de 88, [2] p. il. ; il. ; B.
1.ª edição.
Interessante monografia sobre o Zoo de Lisboa, pretende dar continuidade à obra de Fernando Emygdio da Silva (1886-1972), professor universitário e publicista, que esteve ligado à fundação do Jardim Zoológico, e que anteriormente publicou a História do Jardim Zoológico de Lisboa em 2 volumes, sendo o primeiro de 1965, abarcando o período 1884-1964, e o segundo, respeitando aos seis anos seguintes: 1965-1970.
Livrinho raro, com tiragem reduzida, por certo publicado a expensas do autor, notando-se o cuidado de, gráficamente, manter a coerência de linhas, "copiando" o layout da obra de Emygdio da Silva. Estranhamente, não existe qualquer referência a esta obra nem ao seu autor, incluindo a própria Biblioteca Nacional.
Livro ilustrado com inúmeros quadros no texto, e com duas estampas a cores em separado.
"A história de uma instituição como o Jardim Zoológico não e poderá esgotar num só livro. Por isso mesmo, este é o terceiro volume que surge na sequência do outros editados em 1965 (que resumiram os primeiro oitenta anos de existência do Zoo) e em 1971 (que sumariza mais seis anos de vida).
O actual volume pretende, pois, relatar o mais resumidamente possível, os últimos vinte anos do Jardim Zoológico.
Trata-se da actualização de uma história sempre em evolução, um trabalho de pesquisa e de recordações, que acaba por constituir mais um contributo para a vida de uma instituição que a todos pertence e que completou 108 anos de existência em Maio último.
Mais do que isso, é um conjunto de histórias de uma história. Daí a estruturação do livro onde recordamos, de uma forma sucinta, algumas datas que marcaram o Zoo, bem como nos debruçamos mais atentamente sobre as suas duas últimas décadas.
Quisemos também ter conhecimento de algumas histórias vividas nesta enorme Arca de Noé. Para tanto, fomos ouvintes atentos de um homem - a quem se presta homenagem -, cujos últimos 55 anos foram vividos intensamente no Jardim Zoológico. Referimo-nos a Eduardo Sena Ribeiro, uma memória, uma lenda viva deste Jardim.
São histórias simples, tão simples quanto este homem que dedicou toda a sua vida a esta instituição e que, ainda hoje, mesmo reformado, não falta ao serviço."
(Excerto do Preâmbulo)
Matérias:
Preâmbulo. | Datas da História. | Os últimos 20 anos. | Um homem, uma memória. | O futuro. | Apêndice - Quadros.
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
Sem registo na BNP.
35€

22 maio, 2022

LOUREIRO, Nicole Ballu - "O ANIMAL NA LOUÇA DAS CALDAS".
Exposição Itinerante da Cerâmica Caldense. Museu de Alberto Sampaio
. [S.l.], [s.n.], [1982?]. In-fólio (30x21,5 cm) de [26] f. ; B.
1.ª edição.
Capa assinada: "EL-82".
Trabalho em dactilotexto. Interessante subsídio para a indústria de Cerâmica das Caldas. Trata-se de um inventário de peças decoradas com motivos animais, elaborado a partir de um cuidadoso levantamento artístico, recorrendo a colecções privadas e instituições públicas.
"A escolha do tema "O Animal" foi decidida para cativar o interesse do público pela beleza do património tradicional que os rodeia muitas vezes nas suas próprias casas, sem que se apercebam do valor artístico que podem atingir os objectos mais humildes, e por representar a fonte de inspiração mais antiga dos oleiros caldenses. [...]
Em meados do sec. XIX a chegada Às Caldas da Rainha de Manuel Cipriano Gomes, barrista mafrense - que ficou rapidamente conhecido como "O Mafra", deu origem a um novo estilo de fabricação, pois este ceramista, em contacto com a Corte e os artistas estrangeiros que a rodeavam, descobriu e adoptou uma técnica renascentista muito apreciada e reproduzida naquela época na França e na Alemanha, mas transformando-a de maneira a torná-la genuinamente caldense, inconfundível, recolendo enfim os frutos deste esforço com importantes exportações de louça para o estrangeiro. [...]
A chegada de Rafael Bordalo Pinheiro em 1884 e o início da sua carreira barrista nos ateliers de Gomes d'Avelar - outro ceramista de grande evidência - coincidiu com o desaparecimento de Manuel Mafra, desencadeando assim a última viragem da evolução artística caldense."
(Excerto do preâmbulo)
Segue-se a lista de 250 peças "das mais importantes colecções habitualmente fora do alcance do público", com a respectiva descrição técnica, data e proveniência.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Cansado, com pequenos defeitos.
Raro.
Com interesse histórico e regional.
35€

21 maio, 2022

RAMOS, Gomes - FAROL DAS FORMIGAS.
[Por]... Capitão tenente
. Lisboa, Composto e impresso na Tipografia da L. C. G. G., 1953. In-4.º (23 cm) de 71, [1] p. ; [11] f. il. ; B.
1.ª edição.
Separata dos Anais do Club Militar Naval. Interessante trabalho sobre o Farol das Formigas, estrutura de sinalização marítima localizada nos ilhéus das Formigas, a norte da ilha de Santa Maria, no arquipélago dos Açores.
Monografia com interesse histórico e regional. Trata-se da descrição técnica do Farol e das rochas que o suportam, assim como o processo que conduziu à autorização, licenciamento e trabalho de construção do mesmo.
Livro ilustrado com 11 folhas separadas do texto, reproduzindo inúmeras fotografias, sendo uma delas dedicada em exclusivo à «Planta da rocha onde foi construída a tôrre para o Farol das Formigas : 1942» - Escala 1 : 500.
Exemplar muito valorizado pela extensa dedicatória autógrafa do autor.
"O Farol das Formigas localiza-se em pleno Oceano Atlântico, nos ilhéus das Formigas, a norte da ilha de Santa Maria, no arquipélago dos Açores. Está erguido a cerca de 500 metros a sul do Formigão (o ilhéu mais elevado). Constitui-se num dos "ex libris" da farolagem açoriana, marcando com o seu perfil característico a paisagem oceânica das Formigas.
Em pleno oceano Atlântico, a pequena dimensão e altura dos ilhéus das Formigas e a presença do recife de Dollabarat, tornam o conjunto um verdadeiro perigo à navegação marítima, particularmente à noite, em condições de má visibilidade ou quando a ondulação provoque ecos de mareta que não permitem a sua fácil interpretação por radar.
As dificuldades técnicas e logísticas para a construção de um farol num local tão inóspito como as Formigas, levaram ao sucessivo adiamento da sua concretização. Apenas no verão de 1948, numa operação de grande complexidade que envolveu a construção do atual cais de desembarque e a quebra de rochas submersas para permitir a aproximação das embarcações com pessoal, equipamentos e materiais de construção, foi erguido um farolim. Embora interrompido em diversos momentos, por conta das condições do mar, os trabalhos foram concluídos em apenas 36 dias.
Mais tarde, em 1962, com a utilização do navio balizador NRP Almirante Schultz, o farol foi modernizado."
(Fonte: wikipédia)
"O Farol das Formigas caminha para o terceiro ano de efectivo serviço de assistência à navegação, sinalizando os escolhos conhecidos por Ilhéus Formigas.
Não é demais que seja dada à publicidade com desenvolvimento a resenha histórica, bases para a escolha do equipamento e o relato da notabilíssima obra e construção da Torre do Farol, obra levada a efeito pela perseverança e notáveis qualidades de organizador de um distinto oficial de marinha.
Os Ilhéus Formigas resumem-se a simples rochedos aflorando a NW de um banco que corre de NW a SE com cerca de 7 por 3 milhas e distanciado 23 milhas da costa E de Sta Maria.
O banco mantém uma profundidade média e 30 metros, excepto numa pequena região a SE conhecida pelo Dollabart, com sondas de 3 metros.
Destaca-se no extremo norte o mais pequeno mas também o mais alto rochedo (cerca de 10 metros de altura por 20 de diâmetro) conhecido pelo Formigão. Segue-se um outro mais baixo (5 metros de cota) com cerca de 60 m. de comprimento por 35 de máxima largura, recortado por fendas alagadas que em todos os sentidos o atravessam.
Foi este último o ilhéu escolhido para implantação do Farol; em virtude da natureza do terreno algumas fendas houve que eliminar para o assentamento da base da Torre."
(Excerto do Cap. I - História, Planeamento e Organização da Expedição)
Matérias:
I - História, Planeamento e Organização da Expedição. II - Construção da Torre. III - Montagem do equipamento e acendimento. | Conclusão.
Exemplar em brochura, bem conservado. Com alguns (poucos) sublinhados a caneta ao longo do livro.
Muito invulgar.
30€

20 maio, 2022

MENDONÇA, A. P. Lopes de - MEMORIAS D'UM DOIDO : romance contemporaneo.
Por..., Socio Effectivo da Academia Real das Sciencias de Lisboa. Segunda edição correcta e augmentada pelo auctor
. Lisboa, Typographia de Costa Sanches, 1859. In-8.º (20 cm) de 166, [2] p. ; E.
Obra interessantíssima e multiplamente reeditada, cuja acção decorre em Lisboa, Memorias d'um doido é, num primeiro momento, o exemplo clássico de novela romântica, e, dez anos depois, aquando da publicação de segunda edição - a presente - muito aumentada e corrigida pelo autor -, revestida de evidente crítica social.
Não obstante tratar-se de uma segunda edição declarada, tantas são as diferenças, que talvez merecesse ser considerada uma variante da primeira edição. Ambas são muito raras.
"Memórias de um Doido conta a história que ao mesmo tempo renega: o compromisso lírico de certas páginas é a todo o momento contrariado pela análise implacável das possibilidades desse mesmo lirismo. A ação preparada não se desenvolve, por falta dum programa ou de substancia para programar. Dos três amores (da história) , comandados pelas carnes, a ambição (ou o snobismo: é um «amor de cabeça») e o ideal. Maurício não tira mais do que uma experiência psicológica. Ele é , em suma, «um herói em perspetiva» (…) Herói falhado pela frustração social dos seus desejos, mas também, e sobretudo, pela ausência de coerência interna da sua personalidade ou pela sua recusa lírica em cumprir-se. Maurício apresentando-se como o verdadeiro herói do primeiro romantismo português (…). Na verdade, Maurício (que tem a idade dos « trovadores » e dos dramaturgos de 1840) pertence a uma «geração pálida e nervosa» que Portugal também teve de conhecer (…). A este título, Memórias de um Doido são verdadeiramente memórias para não dizer « confissões dum filho do século» possíveis num (aprendiz) de romancista português que escrevia catorze anos depois de Musset e sem George Sand ao lado…Há duas Memórias de um Doido: o romance de 1849 e o de 1859. Ainda que a história não mude, ainda que não faça mais do que se aperfeiçoar entre as duas edições, ela é vivida em relação a dois presentes diferentes. A crítica social que aí se encontra desenvolvida tem, portanto, dois alvos sucessivos: o mundo cabralista e o mundo fontista - e ela passa de um a outro através duma evolução formal, sem alterar as suas próprias estruturas. O que não é certamente desprovido de significação: a «permanência» de Memórias de um Doido é um dado importante para o conhecimento da realidade portuguesa entre o fim dos anos 40 e o fim da década seguinte."
(Fonte: Edição da Imprensa Nacional - Casa da Moeda (1982) - sinopse)
"Mauricio (o doido) é um mancebo da provincia, que aos catorze annos se acha lançado no tumulto da capital. Orphão de pae e fortuna, vive do trabalho machinal de copista. Nas horas vagas, estuda. Seguindo, sem mestre nem protectores, a vocação do seu talento, aos dezoito annos já escrevia folhetos politicos; - e incisivos, energicos, cheios de vivacidade pictoresca os escreve elle. Em 1835 alistou-se, soldado ardente, nas fileiras da opposição.
Mauricio começa o seu curso de loucuras - verdores da mocidade - pelo amor de uma filha do povo. O amor desconhece classes: não é plebeu nem aristocrata. No seu diccionario, aristocrata é synonymo de bellesa. Paulina, a filha do povo, é formosa. Não era de esperar que um mancebo admittisse o typo do feio na sua esthetica experimental.
Mas este amor vae no seu occaso: outro desponta já no coração de Mauricio. Com este novo amor, com muito talento, muita ambição, muito orgulho, muito poucos annos, e altas esperanças, burladas pelo estino, gera-se no mancebo um despeito, que degenera em melancolia.
Mauricio vae distrahir-se em uma casa de jogo. Joga; perde; e recolhe-se a casa de Paulina com algum dinheiro que o banqueiro, com uma officiosidade estranha n'este especie de animaes, lhe empresta.
Em casa reflecte o poeta com amargura na sua situação triste - barreira aos affectos que lhe tresbordam do coração, aos desejos que se lhe comprimem na alma, aos planos de engrandecimento e regeneração social que lhe fervem na cabeça. [...]
Sem uma lagrima de despedida, descarta-se Mauricio d'este primeiro amor.
Dentro de pouco, eil-o rosto a rosto com uma viscondessa. É o seu segundo amor.
A viscondessa, Esmeralda por fóra e Quasimodo por dentro, é tão hedionda moralmente, como physicamente é horrendo o sineiro de Notre Dame."
(Excerto de Juizo critico, por Antonio d'Oliveira Marreca)
Indice dos capitulos:
Juizo critico. | Prologo da segunda edição. | I - A procissão de Corpus-Christi. II - Lasciate ogni speranza, ó voi che entrate. III - O amor n'uma agua-furtada. IV - Sorrisos e lagrimas. V - Desenganos. VI - Para que serve uma camelia? VII - Anjo, mulher e demonio. VIII - NoiteS de abril. IX - Scepticismo. X - A politica do toucador. XI - | XII - Othello. XIII - A rosa ensanguentada. XIV - A arte e o coração. XV - Ultimas confissões d'um doido. XVI - Capitulo ultimo.
António Pedro Lopes de Mendonça (1826-1865). "Romancista, dramaturgo e folhetinista português, António Pedro Lopes de Mendonça nasceu a 14 de novembro de 1826, em Lisboa, e morreu, também nessa cidade, a 8 de outubro de 1865. Representante de um socialismo utópico e romântico, é sobretudo como crítico literário que Lopes de Mendonça fica na história da literatura portuguesa. Nascido no seio de uma família burguesa, [com raízes nos Açores], após uma efémera passagem pela Marinha e participação no movimento setembrista, dedica-se por inteiro às letras. Em 1843, publica as Cenas da Vida Contemporânea, muito influenciadas por Balzac. Três anos depois, ingressa no jornalismo a convite de José Estêvão, como articulista no jornal A Revolução de setembro. Além deste, deixará ao longo da sua vida uma extensa colaboração dispersa por periódicos como O Eco dos Operários, A Semana, Revista Peninsular e Anais das Ciências e das Letras da Academia Real das Ciências. Em 1849, publica o romance Memórias d'um Doido, inicialmente surgido em folhetim na Revista Universal Lisbonense, no qual, também influenciado por Balzac, se reflete a modernidade da época, combinando o idealismo romântico com uma intenção de análise e denúncia de uma sociedade injusta e corrompida. Ainda por essa altura, colige no volume dos Ensaios de Crítica e de Literatura uma série de artigos de crítica literária anteriormente publicados no jornal A Revolução de setembro, onde toma como referência o grande modelo literário da sua geração, Lamartine, e chama a atenção para a necessidade do estudo das relações entre as literaturas nacionais. Em 1850, funda, juntamente com Sousa Brandão e Vieira da Silva, o jornal socialista Eco dos Operários, onde divulga o socialismo utópico de Proudhon. Um ano depois, viaja pela Itália. Em 1855, é eleito deputado. Em 1859, publica as Memórias da Literatura Contemporânea, refundição dos Ensaios de crítica publicados dez anos antes, [bem como o romance Memórias de um Doido, também refundido]. Em 1860, é-lhe atribuída a cátedra de Literatura Moderna no Curso Superior de Letras, mas o excesso de trabalho mental depressa o conduz à loucura, sem que chegue a lecionar. Morre louco em 1865."
(Fonte: infopedia)
Encadernação em pele com lombada de percalina, ostentando rótulo com títulos a ouro.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Folha de índice (não numerada) apresenta falha de papel à cabeça, sem prejuízo do texto; trabalho de traça de pouca monta, à cabeça, visível nas duas últimas folhas do livro - a página final do romance e a já referida folha do índice.
Raro.
Indisponível

19 maio, 2022

ALBUQUERQUE, Mecia Mouzinho de - LA SOMNAMBULE. [Préface de Jean du Sault, Ambassadeur de France. Portique de Charlos Oulmont, Président de la Critique Etrangère en France]. [S.l.], La Compagnie du Livre, [1951]. In-8.º (19x14 cm) de 77, [3] p. ; [1] f. il. ; B.
1.ª edição.
Edição francesa desta colectânea de nove pequenos contos, por certo com tiragem diminuta, cuja edição original - em português - foi publicada em 1918. Conheceu igualmente tradução para castelhano (1919). La Somnambule é a primeira novela do livro, e a que dá o título à obra.
Livro ilustrado em separado com um retrato da autora de corpo inteiro.
"Nous étions, toutes trois, nerveuses, hystériques et prodigieusement imaginatives.
Laura, la cadette, était sijette à des attaques de somnambulisme, lui enlevant tout possibilité de repos, ce qui finit par la rendre malade.
Il était peu de nuits sans qu'elle se levàt, répétant comme une automate ce qu'elle avait fait pendant de jour. Elle s'asseyait au piano, chantait, brodait au métier, peignait. Et jamais ses tableaux n'étaient plus artistiques, ni ses broderies plus parfaites, ni sa voix tant mélodieuse, que dans ces heures de mystère où elle errait parmi les pièces de la maison, dans la pénombre des veilleuses, solitaire et fantastique comme une àme en peine."
(Excerto de La Somnambule)
Índice:
Préface. | La Somnanbule. | Le Loyer. | Lisboetes et Provinciaux. | Mara. | Lita. | Inexorable Loi. | La confession de Blanche. | Si jeunesse savait. | Une preuve d'amour.
Mécia Mouzinho de Albuquerque (Leiria, 1870 - Lisboa, 1961). "Natural de Leiria, cidade na qual, segundo Agostinho Gomes Tinoco, nasceu a 2 de Dezembro de 1870, veio a falecer em Lisboa a 10 de Fevereiro de 1961. É nesta última cidade que parece ter desenvolvido grande parte da sua actividade no âmbito das Letras, já que não se conhece informação precisa acerca da sua participação na vida cultural da cidade de Leiria. Com textos que por vezes assina com o nome de Mência ou o pseudónimo de Zoleica, teve vasta participação na imprensa da época, na qual divulgou alguns dos seus textos poéticos e contos, nomeadamente na Mala da Europa, Ocidente, Jornal das Senhoras, Tarde e Novidades. Com uma produção literária que inclui os livros de contos A Sonâmbula (1918), no ano seguinte publicado em Madrid e mais tarde traduzido para o francês, e Aventura de Tomyris (1943), foi ao género poético que Mécia Mouzinho de Albuquerque mais se dedicou, publicando A Tecedeira (1914), Fragmentos Históricos (1917), Rainha e mártir (1920), Pela vida fora (1930), À guitarra (1932), Quinze anos depois (1937) e À luz do sol poente (1949). A esta autora são também atribuídas várias obras que ficaram inéditas, possivelmente produzidas nos últimos anos da sua vida, como Ao fim da estrada, Musa das prisões e Versos e Farpinhas, ou ainda Aventuras de Rudeguna.
Além dessa actividade literária, que inclui a tradução de obras do romancista Charles Oulmont, assim como do contista Edgar Allan Poe, e pela qual foi medalhada pelas sociedades “Gens de Lettres de France” e “Arts, Sciences et Lettres”, Mécia Mouzinho de Albuquerque destacou-se ainda pela sua ligação a obras de carácter social, como fundadora da Comissão Central de Subsídios e Rendas de Casa a Prisioneiros e Emigrados Monárquicos, em 1915, e da Iniciativa Particular da Luta contra o Cancro, em 1931."
(Fonte: http://vcp.ul.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=40&Itemid=122)

Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas algo oxidadas.
Muito invulgar.
Indisponível

18 maio, 2022

BRINDE AOS SENHORES ASSIGNANTES DO DIARIO DE NOTICIAS EM 1889
. Lisboa, Typographia Universal (Imprensa da Casa Real), 1889. In-8.º (18 cm) de 153, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Livrinho da apreciada colecção Brinde do "Diário de Notícias". Composto por 7 pequenas histórias amenas - crónicas mundanas e novelas ficcionadas - da autoria de algumas das mais destacadas personalidades do panorama literário da época.
"Já lá vão cento e vinte annos, e ainda hoje vive na tradição da formosa villa de Almada a fama de umas mulheres, que davam pela alcunha de Espingardeiras, e que figuraram n'um processo celebre, de que tenho presente o summario.
Pelo depoimento das testemunhas, que no summario foram inquiridas, podemos reconstituir um pequeno capitulo, se não edificante, pelo menos muito elucidativo para os que prégam contra contra a desmoralisação dos tempos de agora.
Fraquezas humanas, houve-as sempre, e d'ellas se não isentam os que mais inaccessiveis se julgam ás paixões e ás culpas. Não se estranhe, pois, que na historia das Espingardeiras figurarassem com escandalo varios frades, e frades dos mais graduados. Narremos.
Em 1769, Maria da Paz, uma mulheraça de 35 annos, robusta, bem parecida e foliona, habitava em Almada, com suas sobrinhas - Hilaria, de 18 annos, Theresa, de 20, e Francisca, de 23.
Estas quatro fémeas, conhecidas pela alcunha de Espingardeiras, escandalisavam pelo seu proceder aquella boa e pacifica villa, recebendo em sua casa a toda a hora os tunantes de todos os matizes, e especialmente a fradalhada, que dos conventos de Lisboa se comprazia em passeios  á Outra Banda."
(Excerto de As Espingardeiras)
"Estamos em plena Serra da Estrella; no Poio Negro.
É o coração do sanatorio que o simples esforço particular ali tem improvisado nos ultimos annos. Original scenario! magestoso e triste a um tempo! grande e severo! bello! oppressivo não sei de que melancolia insinuante que nos invade a alma... [...]
No Poio Negro a verdadeira nota de destaque é a já lendaria Casa da Fraga, habitação improvisada, de um curioso agrupamento de poios graniticos, pelo primeiro doente da Serra, o sr. A. Cesar Henriques. Doente - escrevi, referindo-me a um passado de que nem ha vestigio. Se s. ex.ª hoje não vende saúde, não é, de certo, porque lhe não sobra a que tem. Mas não é ella propriedade com que vá mercadejar quem, em dolorosos annos de morbido sobresalto, aprendeu a aquilatar-lhe o valor.
É originalissima esta Casa da Fraga, nos ultimos tempos residencia da familia do sr. Telles de Menezes, outro doente... victorioso. Originalissima mas fundamentalmente mealancolica! Os poios escuros que servem de tectos apertam o coração.
De manhã é uma alegria sair d'ali e subir á Esplanada dos Instrumentos. Avistam-se então os carpinteiros afanosos, concluindo os dois bonitos predios do sr. Cruz, um dos mais importantes industriaes de Manteigas. Aqui já, em absoluto, podemos dizer que ha boa accomodação para quatro familias.
E além, - nota mais alegre de todas - ao lado do elegante Fragão do Corvo, apoiada phantasticamente na orla de um fraga, e como a desafiar, desdenhosa, a furia das travessias, a linda casita-chalet do sr. Telles de Menezes.
Em frente da immensidade, escalvada, essas representações do conforto civilisado acalentam-nos como uma caricia.
Passa-nos então no espirito uma especie de deslumbramento. Mostram-se menos asperas as ravinas; Manteigas, lá em baixo, é menos funebre; o fio sinuoso do Zezere tem lucilações mais intensas; viçam, mais frescas, as féteiras que o Alva sustenta; o abitoiro, o sargaço, os cachos vermelhos nas tramaseiras do Covão do Jorge, como que se embeberam em nova seiva; no viveiro, as futuras arvores parecem menos rachiticas; a propria Cabeça do Preto se nos figura menos hirta; a Carvalheira, distante, apparecce, revestida de um verde cendrado que a luz crua do sol egualou; e até as aguias, esvoaçando serenas, enfileiras, trazem á mente, não a idéa da destruição e da morte, mas uma idéa genial de força, suprema razão de todo o sensivel bem-estar.
É fugitiva miragem que, após uma permanencia como a que fizemos na Serra durante os mezes de agosto e setembro, acaba por nos communicar uma intima impressão dolorosa, funda, pungitiva - a nostalgia do povoado, a saudade da planicie, a grande attracção das creaturas, e das cousas, essa amalgama incomprehensivel que constitue a vida intensa cá de baixo.
É então que, com dobrada melancolia e dobrado interesse, olhamos estes bravos lutadores que, de diversos pontos do reino, é medida que se vão levantando as casas, chegam para aqui passar o inverno.
São agora vinte e tantos. Bem hajam! não só pelo heroico esforço que praticam para conservar a vida, como pelo indirecto beneficio que fazem, cooperando na confirmação de uma theoria scientifica de enorme alcance, destinada talvez á regeneração physica de numerosa parte da sociedade portugueza. Oxalá a coragem cresça a todos na razão em que ha de crescer o sacrificio! 
Porque é, por em quanto, bastante sacrificio, para o corpo e sobretudo para o espirito, passar um inverno na Serra da Estrella."
(Excerto de A 1441 m. de altitude)
Indice:
Revolvendo as cinzas, por Maria Amalia Vaz de Carvalho. | O baptisado de D. Affonso VI, por Zephyrino Brandão. | As Espingardeiras, por Cândido e Figueiredo, | A 14441 metros de altitude, por Caïel. | Um mysterio, por Christovam Ayres. | A avó, por Guiomar Torrezão. | O baluarte de Diu, por Pinheiro Chagas.
Exemplar brochado, por aparar, em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com defeitos e pequenas falhas de papel, que se entendem à lombada.
Raro.
Indisponível

17 maio, 2022

RODRIGUES, Manuel L. - OS JUDEUS NA PALESTINA
. Lisboa, Edição da Emprêsa Nacional de Publicidade, 1947. In-4.º (23x16 cm) de 223, [1] p. ; [
1.ª edição.
Capa de Stuat Carvalhais.
O agudizar do conflito israelo-palestiniao visto por um jornalista português presente na zona de confronto, ainda antes da declaração unilateral da independência do Estado de Israel, em 1948.
Livro impresso em papel encorpado, ilustrado com 9 estampas extra-texto, sendo uma delas um mapa da Palestina.
"Há um quarto de século que a questão da Palestina atrai a atenção do Mundo e constitui motivo de graves inquietações. Relatos de motins, assaltos e atentados com avultadas perdas de vida preenchem o noticiário quotidiano que nos chega da Terra Santa. Sucessivas comissões de inquérito têm visitado aquele país com o fim de determinarem as causas do conflito e de lhe encontrarem solução que tenha sido discutido. Pode dizer-se que não há problema internacional que tenha sido discutido com mais minúcia. Provam-no os relatórios, memorandos, livros brancos, boletins estatísticos, inquéritos económicos e dissertações políticas que a esse respeito têm sido publicados - bibliografia tão extensa e variada que poucos especialistas poderão ter a pretensão de a conhecer integralmente.
No meio dessa agitação, prossegue, silenciosa e infatigável, uma obra construtiva de grande envergadura que é o esforço tenaz e inteligente de uma raça resolvida a edificar nessa terra a pátria que lhe falta.
Esse aspecto da questão é, seguramente, o menos conhecido em Portugal e constitui o principal objecto da presente obra, baseada em observações colhidas pelo autor no desempenho duma missão jornalística como enviado especial do «Diário de Notícias» ao Médio Oriente. A pela compreensão do assunto exigia porém que ele fosse antecedido de um estudo das circunstâncias políticas e históricas que determinaram a actual situação. É esse o assunto da primeira parte deste livros. Na segunda procurou o autor, sobretudo, analisar as condições sociais e económicas que teve ocasião de conhecer na Palestina, resultantes da vasta acção ali desenvolvida pelos judeus."
(Introdução)
Índice dos capítulos:
Introdução. | Primeira Parte - O conflito e as suas origens: I. O nacionalismo árabe e a Declaração Balfour; II. Árabes e Judeus; III. A política britânica; IV. Terrorismo e emigração clandestina; V. A América do Norte e os Estados Árabes. Segunda Parte - A obra do sionismo: VI. A regeneração da terra; VII. A conquista do deserto; VIII. Uma nova estrutura económica e social; IX. Indústria e capacidade de absorção; X. A cultura hebráica; XI. Efeitos da colonização judaica. | Conclusão. | Apêndices - Texto do Mandato da Palestina. Recomendações da Comissão de Inquérito Anglo-Americana. Capítulos a Carta das Nações relativos ao regime de tutela. | Índices - Alfabético dos nomes próprios. De gravuras. Dos capítulos.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Livro sublinhado a lápis. Sem f. ante-rosto.
Invulgar.
Com interesse histórico.
25€

16 maio, 2022

LOPES-VIEIRA, Affonso - AUTO DA "SEBENTA".
Farça em verso em um prologo e dois quadros. Peça Commemorativa do Centenario da "Sebenta"
. Coimbra, Edição da Commissão Academica do Centenario, 1899. In-8.º (18 cm) de 40 p. ; B.
1.ª edição.
Peça comemorativa do Auto da "Sebenta", representada na cidade de Coimbra em 29 de Abril de 1899.
Obra rara e muito interessante. Trata-se de uma as primeiras publicações de ALV, quando o poeta - estudante universitário - contava apenas 21 anos.
"O Auto que vamos ter a honra de representar na vossa presença, diz apenas uma homenagem áquella instituição coimbrã que vós conheceis, que é já quasi uma instituição nacional, e que se chama - a Sebenta. Escada de mil degráos que cada um tem de subir para chegar a Bacharel, ella representa o passado, porque massou os nossos avós, representa o presente, porque nos massa agora, e representa o futuro - por que ha de massar os nossos filhos. A Sebenta tem a poesia das coisas velhas, o encanto da legenda. Duvidam os sabios sobre se ella nasceu no Largo da Feira, ou se veio ao mundo por geração espontanea; mas se agora vos massasse com suas fontes, origens e importancia, eu deixava de ser o prologo da peça para me tornar n'aquillo de que vos fallo..."
(Excerto do Prologo)
Afonso Lopes Vieira (1875-1946). "Poeta e ficcionista português, nasceu a 26 de janeiro de 1878, em Leiria, e morreu a 25 de janeiro de 1946, em Lisboa. Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, chegou a praticar a advocacia. Foi, entre 1900 e 1919, redator da Câmara dos Deputados, e, a partir de 1916, dedicou-se exclusivamente à literatura e à ação cultural. Retirou-se na sua casa de São Pedro de Muel onde recebia vários amigos, também escritores, e viajou por Espanha, França, Itália, Bélgica, Norte de África e Brasil, tendo decidido "reaportuguesar Portugal, tornando-se europeu".
Levou a cabo inúmeras tentativas de reabilitação junto do grande público (inclusivamente infantil) de um património nacional, nomeadamente clássico e medieval, esquecido, seja pela tradução (Romance de Amadis) ou divulgação de obras de autores basilares da cultura nacional (edição de Os Lusíadas; a promoção de uma Campanha Vicentina). Integrado no grupo da "Renascença Portuguesa", colaborou em publicações como A Águia, Nação Portuguesa ou Contemporânea. A sua poesia, próxima do saudosismo, inscreve-se num filão tradicional que, fazendo a transição entre a poesia neorromântica de fim-de-século e correntes nacionalistas e sebastianistas do início do século XX, recuperam métricas, formas e temas tanto inspirados na literatura clássica como nos romanceiros ou na literatura popular. Com uma faceta de anarquista, que inspirará, por exemplo, a obra ficcional Marques (História de um Perseguido), as inúmeras ações de renascimento cultural de Portugal que promoveu mantiveram-se num plano da consciência individual, sem aderirem a programas com ideais em parte coincidentes, como o integralismo, representando, antes, no início do século, a persistência de um neorromantismo que fora encetado com o neogarrettismo de Alberto de Oliveira. Destacam-se na sua produção: Para quê, Náufragos: Versos Lusitanos, O Encoberto, Bartolomeu Marinheiro, Arte Portuguesa, Ilhas de Bruma e Onde a Terra Acaba e o Mar Começa."
(Porto Editora – Afonso Lopes Vieira na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2021-10-13 14:50:11]. Disponível em https://www.infopedia.pt/$afonso-lopes-vieira)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis, levemente oxidadas, com defeitos e pequenas falhas de papel. Dedicatória coeva na f. ante-rosto, não do autor.
Raro.
Indisponível

15 maio, 2022

MARQUES, José - DESCONHECIDAS INSTITUIÇÕES CULTURAIS PORTUGUESAS. Alguns scriptoria cistercienses. Braga, [s.n. - Composição e Impressão Ofic. Gráficas da Editora «Correio do Minho» - Braga], 1986. In-4.º (23,5 cm) de 24, [2] p. ; [1] f. il. ; il. ; B.
1.ª edição independente.
Separata da Revista «Bracara Augusta» : Braga, vol. 39, 1985
Interessante monografia sobre os "copistas" da Ordem de Cister. Inclui lista das obras produzidas nos mosteiros da Ordem em Portugal.
Opúsculo ilustrado com uma estampa em separado, impressa sobre papel couché, - "Reprodução a preto e branco, da inicial miniada das Homiliae Originis super Leviticum", e com um quadro-síntese no texto sobre os mosteiros da Ordem e a sua produção literária.
"O estudos das bibliotecas e códices medievais, nos seus mais variados aspecto, ocupa, actualmente, um lugar de relevo e constitui um dos objectivos de muitas instituições e centros culturais, além fronteiras.
Entre os múltiplos aspectos a abordar no estudo das bibliotecas avultam o da existência e respectiva inventariação, a determinação das instituições a que pertenciam, como se constituíram e se foram enriquecendo, a identificação dos seus doadores ou simples benfeitores, a especificação das obras que as integravam, sem omitir o seu tratamento mediante o recurso a métodos quantitativos, sempre que o seu volume o permita ou mesmo recomende, apurando, assim, as principais tendências e motivações culturais vigentes nas instituições a que pertenciam, etc. [...]
Não se pense, contudo, que os nossos tempos são inteiramente pioneiros no desbravar destas sendas do espírito. De século XVIII chegam-nos provas do manifesto interesse que então havia por muitas destas questões, no claro intuito de salvar para o futuro a memória das instituições e de quantas as serviram.
É precisamente de uma dessas fontes que nos propomos falar e utilizá-la convenientemente, pois nos fornece uma larga informação sobre problemas desta natureza na Ordem de Cister, de que o Mosteiro de Alcobaça, no século XVI, passou a ser cabeça ou casa-mãe. [...]
Na Ordem de Cister, com as notícias recolhidas acerca dos monges-copistas de cada um dos mosteiros e das obras por eles copiadas (ou «escritas» para utilizar a linguagem do tempo) foi elaborado um índice alfabético ou, se quisermos, um dicionário dos «escritores» da Ordem."
(Excerto de 1 - Introdução; 2 - A fonte utilizada)
Índice:
1 - Introdução. 2 - A fonte utilizada. 3 - Alguns sciptoria cistercienses desconhecidos. 4 - Conclusão. | Apêndice documental: 1. Mosteiro de Santa Maria de Aguiar; 2. Mosteiro de Bouro; 3. Mosteiro de Ermelo; 4. Mosteiro da Estrela; 5. Mosteiro de S. Cristóvão de Lafões; 6. Mosteiro de Maceiradão; 7. Mosteiro de Salzedas; 8. Mosteiro de S. Paulo de Frade; 9. Mosteiro de Seiça; 10. Mosteiro de Tomarães; 11. Mosteiro de S. João de Tarouca.
Exemplar em brochura, bem conservado.
Com interesse histórico e bibliográfico.
Muito invulgar.
Indisponível

14 maio, 2022

LIMA, Jaime de Magalhães - OS POVOS DO BAIXO VOUGA.
[Prefácio de Fernando Magano]
. [S.l.], Edição das Câmaras Municipais de Ílhavo e Murtosa e da Comissão de Turismo da Torreira, 1968. In-8.º (18 cm) de 94, [2] p. ; [10] f. il ; B.
1.ª edição independente.
Capa de David Cristo.
Interessante estudo etnográfico, antes publicado em «Trabalhos da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia», Porto, 1926.
Livro muito valorizado pelas belíssimas estampas - impressas sobre papel couché - intercaladas no texto.
"Ao norte de Portugal, sobre o Atlântico, a linha de costa afrouxa e decai para o lado da terra, fechando pelo poente uma extensa meia-lua de planuras vastas, cortadas de canais e lagos, e na linha interior demarcada pelas primeiras elevações dos contrafortes das serras de Arouca, Talhadas, Caramulo e Buçaco.
Descendo do Caramulo para o litoral em um dia tempestuoso e negro, cerrado de nuvens rasteiras, impedindo a difusão vertical da luz, tive ensejo de ver na sua maior extensão aquelas terras, iluminadas de modo que todos os acidentes de relevo se confundiam e nivelavam, formando de lés-a-lés como um mar profundo e negro, do qual o Cabo Mondego, ao sul, e os montes da margem esquerda do Douro, ao norte, seriam os redentes da entrada de uma baía. [...] Ainda agora, sem maior esforço de imaginação se suspeitam e ressurgem os dias em que as águas do Cértima, do Águeda, do Vouga e do Caima viriam directamente àquela baía e de lá ao mar, pouco a pouco minguando para dar lugar à elevação gradual do chão arável, formado pelos assoreamentos fustigados pelo vento e pelas ondas do mar... [...]
Assim se teria traçado e efectuado o actual e complicadíssimo sistema de ilhas, canais, baixios, restingas e cales, enredado já pela vastidão de superfície em que estes movimentos se cruzavam... [...]
Foi com estes elementos que se formou a região do Baixo Vouga, tal qual hoje a vemos, toda cortada de lagos e canais em suas formas tentaculares, tão depressa deixando erguer a terra como logo lhe abrindo uma tortuosa estrada fluida. E digo região do Baixo Vouga do que outros usam chamar a ria de Aveiro. [...]
Que gente mora nestas terras? Donde veio e que caracteres as distinguem? Que condição etnográfica foi sua no passado, o que é no presente, e que probabilidades tem de ser no futuro?"
(Excerto do texto)
Índice:
Nota explicativa. | Prefácio. | A região do Baixo Vouga. | Origem dos povos do Baixo Vouga. | Tipos étnicos. | A gente de Ílhavo. | A gente da Murtosa. | Diferenças na voz. | Distinção de profissões.| As feiras. | A cultura. | Conclusões.
Exemplar em brochura, bem conservado.
Invulgar.
Indisponível

13 maio, 2022

ROQUETTE, J. - I. - MANUAL DA MISSA E DA CONFISSÃO, quarta edição, augmentada com varias devoções; pelo Presbytero... Pariz, Vª J. - P. Aillaud, Monlon e Cª, Livreriros de Suas Magestades o Imperador do Brasil e El-Rei de Portugal, 1856. In-16.º (12,5x7,5 cm) de
Obra clássica da literatura religiosa nacional que conheceu múltiplas reedições ao longo do século XIX, sendo o presente um exemplar da 4.ª edição.
Livro bonito, ilustrado com 6 belíssimas estampas intercaladas no texto, e com dois frontispícios - um a cores - o outro, a p.b.
"Ha um Deos, que é um ser infinito e eterno. Deos não tem corpo, porque é espirito, e não póde ser percebido por nossos sentidos. Subsiste em três pessoas distinctas, que são Padre, Filho e Espirito Santo. O Padre é Deos, o Filho é Deos, o Espirito Santo é Deos. Sem embargo, estas três pessoas distinctas não são senão um só Deos; e é impossivel que haja mais que um só Deos. O mysterio d'um só Deos, que subsiste em três pessoas, se chama o Mysterio da Santissima Trindade."
(Excerto de Compendio da Fé, que convém se leia antes da missa ao menos metade em cada dia)
José Inácio Roquete (Alcabideche, 1800 - Santarém, 1870). "Natural da freguezia de Alcabideche, no concelho de Cascaes, professando em 1821 a regra de S. Francisco no convento de Sancto Antonio do Estoril, da provincia dos Algarves, situado proximo da villa de Cascaes, tomando então o nome de Fr. José de Nossa Senhora do Cabo Roquette. Aos 29 annos d’edade foi tambem nomeado prégador regio da Sancta Egreja Patriarchal, por carta do cardeal patriarcha D. Patricio I em 1830. As demonstrações que dera no periodo decorrido de 1828 em diante de «sincera affeição ao governo do Sr. D. Miguel chegaram todavia a concitar contra elle o odio de alguns, resultando-lhe ser preso tumultuariamente no dia 24 de Julho de 1833, e conduzido para o castello de S. Jorge, d’onde sahiu restituido á liberdade passados poucos dias, por se mostrar sem crime. Decorridas algumas semanas depois da convenção d’Evora-Monte, veiu embarcar no Tejo a bordo de um paquete inglez, seguindo viagem para Londres. Ahi se apresentou ao ministro portuguez n’aquella côrte, juntamente com os Duques de Cadaval e Lafões, o bispo de Viseu, e outros portuguezes como elle emigrados, assignando a pedido do mesmo ministro uma declaração de que não pegaria em armas, nem conspiraria de modo algum contra o governo de Sua Magestade a Senhora D. Maria II. Sahindo de Londres para França com passaporte da legação portugueza, obteve mui bom acolhimento do arcebispo de París. Deu-se então á traducção e composição de varias obras, com o fim de tornar-se prestavel aos seus compatriotas, e tambem de recolher para si maiores recursos do que podiam provir-lhe dos escassos proventos do ministerio ecclesiastico. Pelo mesmo tempo, e nos annos seguintes coadjuvou efficazmente o Visconde de Santarem nos trabalhos da commissão litteraria de que estava encarregado, sem que todavia recebesse por isso alguma retribuição pecuniaria do governo. Voltou portanto para Portugal, e chegou a Lisboa pelo meiado de Agosto de 1858. Cavalleiro da Ordem Imperial da Rosa, conferida por S. M. o Imperador do Brasil em 1847, cavalleiro da ordem de N. S. da Conceição de Villa-Viçosa, socio correspondente da Academia Real das Sciencias de Lisboa, etc."
(Inocêncio, Vol. IV, 373-375 pp.) Encadernação inteira de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Corte das folhas em dourado.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Páginas algo oxidadas. Vestígios de humidade nas derradeiras páginas do livro.
Invulgar.
Peça de colecção.
25€