29 janeiro, 2022

RELATORIO DA ASSOCIAÇÃO DO ASYLO PARA EDUCAÇÃO DE COSTUREIRAS E CREADAS DE SERVIR.
Apresentado pela direcção em 27 de janeiro de 1889. Lisboa, Typ. do Commercio de Portugal, 1889. In-8.º (21,5 cm) de 19, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Relatório da Associação do Asilo para a Educação de Costureiras e Criadas de Servir. Trata-se de um importante subsídio para o conhecimento desta associação de protecção a mulheres desvalidas da cidade de Lisboa criada no final do século XIX, que recolhia e ensinava ofícios básicos para o seu sustento.
"A Associação do Asilo para Educação de Costureiras e Criadas de Servir estava situada na Rua das Trinas, onde no século XVI um comerciante flamengo, Cornélio Vandali, e a sua mulher, Marta de Boz, possuíam propriedades, incluindo uma ermida dedicada a Nossa Senhora da Soledade. Aí foi fundado o Convento das Trinas Recoletas do Mocambo. Como os proprietários não tivessem descendência legaram os seus bens para a edificação de um mosteiro.
Em 1885, em Fevereiro, a madre abadessa do Convento das Francesinhas cedeu grande parte da cerca do seu convento, para recreio das asiladas. A Associação tomou posse no dia 26 do mesmo mês. Iniciaram-se obras e abriu-se um portão para o Caminho Novo, fazendo-se outros concertos. Nessa época, o asilo era pouco conhecido pela população que não raras vezes perguntava para que servia. Só em 1885, a 30 de Novembro, ficaram concluídas as obras do Convento das Francesinhas, fez-se então a mudança do asilo desde as intalações do Recolhimento das Irmãs da Caridade das Trinas de Mocambo,
As Irmãs Hospitaleiras mantiveram-se na administração interna do asilo, e emprestavam a sua Casa, em Santa Cruz, para as meninas irem apanhar ares."
(Fonte: https://digitarq.arquivos.pt/details?id=1218941) 
"São passados 4 annos desde a fundação d'esta Associação, e vimos novamente pedir-vos que ouçaes com benevolencia as contas que vos vamos dar da nossa gerencia administrativa durante o anno que findou.
A 31 de dezembro de 1887, existiam n'este asylo 43 asyladas; hoje existem 64. Cremos, ser esta a noticia mais consoladora que vos podemos dar, não querendo, senhoras, entristecer-vos com a cifra das infelizes que esperam se lhes abra a porta d'esta casa, que para a maior parte é um refugio contra a desgraça certa que as espera.
Temos a grande satisfação de vos dizer que mais duas das nossas asyladas sahiram para servir; Izabel e Barbara, ambas nos teem dado muita satisfação pela maneira como se teem comportado e pela affeição com que ficaram ao asylo, aonde veem aos domingos cada vez que as suas amas lh'o permittem. Esperamos que alguns incredulos que julgam esta instituição uma utopia, verão que tem probabilidades de ter uma utilidade pratica, quando passem mais alguns annos, e que as creanças de hoje possam crescer e para suas proprias casas levar o socego e arranjo das boas creadas.
Ao lado d'estas duas raparigas que nos enchem de consolação tivemos o desgosto de despedir duas por incorrigiveis; uma sahiu para um asylo de correcção, a outra foi a muito custo entregue entregue á familia que a não queria receber.
Todas as outras ayladas se teem comportado muito bem e as mestras nos dizem que a sua docilidade é tal que as governam sem custo.
Na epoca propria foram as doentes tomar banhos para a praia de Santa Cruz, sentindo que os nossos pacos recursos não nos deixassem alargar este beneficio a mais algumas asyladas, pois quasi todas são de constituição fraca e lymphatica."
(Excerto da primeira parte do Relatório)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capa apresenta pequena falha de papel no canto superior esquerdo.
Raro.
Com interesse histórico.
20€

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