DON SEBASTIANO Ré di Portogallo. Dramma-lirico in cinque atti. (1578.). Eseguito nella restaurata sala dell'Assemblea Filarmonica nella notte del Novembre 1844. La musica é del Maestro Cavalier Gaetano Donizetti. Le parole di M. Scribe, membro dell'Accademia Francese. Trasportate in italiano da Cesare Perini da Lucca. Lisbona, Typ. di Antonio Giuseppe da Rocha - Ai Martiri, n.º 13, 1844. In-8.º (20 cm) de XI, [1], 63, [1] p. ; E.
1.ª edição.
Libreto da conhecida ópera histórica D. Sebastião, rei de Portugal, com música de Donizetti (o seu último trabalho), e letra de Eugène Scribe.
Raríssima peça sebástica/camoniana, com interesse histórico e bibliográfico.
"O mito do sebastianismo foi fonte de muita inspiração para os escritores ao longo dos tempos, tendo chegado a Eugène Scribe, o principal libertista da Ópera de Paris durante os anos 30 e 40 do século XIX, através de um monumental drama de Paul Foucher, Dom Sébastien de Portugal, representado no Teatro de la Porte Sait-Martin em Paris, no mês de Novembro de 1838. A peça foi um estrondoso sucesso e Léon Pillet, o director da Ópera de Paris pediu a Scribe que preparasse um libreto para uma ópera de cinco actos sobre o tema. Inicialmente o libreto foi oferecido a Mendelssohn e a Meyerbeer, que nunca chegaram trabalhar no assunto - muito embora Meyerbeer tenha escrito nas suas memórias que lhe tinha sido feito um enorme desafio. Finalmente Leon Pillet apresentava o libreto a Donizetti em Dezembro de 1842 que começaria logo a pensar no assunto, mesmo antes de assinar o contrato que confirmaria o compromisso de Donizetti para com a Ópera de Paris. Em Julho de 1843, Donizetti escrevia ao seu professor, Giovanni Simone Mayr:
"Neste momento estou a escrever uma nova ópera em cinco actos para Paris. É D. Sebastiano di Portogallo - você vai reconhecer a história da mal fadada expedição organizada pelo rei contra os mouros, a perda do seu exército e a sua morte que ainda hoje permanece misteriosa. O assunto resume-se a isto. Vai ainda incluir o grande poeta Camões - a inquisição que trabalha secretamente para tornar Portugal num escravo de Espanha - um pouco de tudo na realidade."
Dom Sébastien, roi de Portugal. Este libreto, apesar de muito fantasioso, é claramente um grande desafio, mesmo para um compositor experimentado como Donizetti e a prova está nas dificuldades que teve que enfrentar, nesta sua última ópera parisiense. Como sempre Donizetti trabalhava em várias óperas ao mesmo tempo quando aceitou a encomenda de Dom Sebastien. Assim que recebeu o libreto do primeiro acto, no dia 1 de Fevereiro de 1843, começou imediatamente a trabalhar naquela que viria a ser a sua maior ópera. Em Junho desse ano começava a trabalhar nos 3º e 4º actos. No entanto, pelo menos ao princípio, Donizetti teve algumas questões quanto ao libreto de Scribe. Alegava que o libretista tinha descurado nas motivações das personagens principais o que poria em risco a efectividade do drama. Talvez por isso, durante os ensaios Donizetti submeteu a partitura a varias alterações o que levou a uma certa confusão sobre o resultado final. Uma dessas alterações foi sugerida pela estrela feminina do elenco Rosine Stolz, amante de Leon Pillet, o director da Ópera de Paris. Tanto ela como Scribe voltavam pela enésima vez a sugerir uma modificação, desta vez à última da hora, o que levou o já debilitado Donizetti a uma verdadeira crise de nervos. Nessa altura Donizetti começava a ressentir-se dos efeitos de uma infecção sifilítica avançada que o levaria à demência, à paralisia e à morte. Os próprios ensaios de D. Sebastião foram disso um exemplo: paranóia, ataques de fúria, esquecimentos súbitos, tremores, e explosivos ataques de mau génio. Donizetti esperava que a ópera fosse um verdadeiro triunfo na Ópera de Paris e a ansiedade que então o consumia deixava-o muito sensível à crítica e à maneira como era referido pelos seus colegas compositores. A estreia correu muito bem e a ópera foi bem recebida, no entanto não foi o triunfo que Donizetti esperava, provocando-lhe uma certa amargura. Foi então feita uma versão italiana - Don Sebastiano, re di Portogallo - que permaneceu nos palcos da pátria amada de Donizetti durante muito tempo.
"Neste momento estou a escrever uma nova ópera em cinco actos para Paris. É D. Sebastiano di Portogallo - você vai reconhecer a história da mal fadada expedição organizada pelo rei contra os mouros, a perda do seu exército e a sua morte que ainda hoje permanece misteriosa. O assunto resume-se a isto. Vai ainda incluir o grande poeta Camões - a inquisição que trabalha secretamente para tornar Portugal num escravo de Espanha - um pouco de tudo na realidade."
Dom Sébastien, roi de Portugal. Este libreto, apesar de muito fantasioso, é claramente um grande desafio, mesmo para um compositor experimentado como Donizetti e a prova está nas dificuldades que teve que enfrentar, nesta sua última ópera parisiense. Como sempre Donizetti trabalhava em várias óperas ao mesmo tempo quando aceitou a encomenda de Dom Sebastien. Assim que recebeu o libreto do primeiro acto, no dia 1 de Fevereiro de 1843, começou imediatamente a trabalhar naquela que viria a ser a sua maior ópera. Em Junho desse ano começava a trabalhar nos 3º e 4º actos. No entanto, pelo menos ao princípio, Donizetti teve algumas questões quanto ao libreto de Scribe. Alegava que o libretista tinha descurado nas motivações das personagens principais o que poria em risco a efectividade do drama. Talvez por isso, durante os ensaios Donizetti submeteu a partitura a varias alterações o que levou a uma certa confusão sobre o resultado final. Uma dessas alterações foi sugerida pela estrela feminina do elenco Rosine Stolz, amante de Leon Pillet, o director da Ópera de Paris. Tanto ela como Scribe voltavam pela enésima vez a sugerir uma modificação, desta vez à última da hora, o que levou o já debilitado Donizetti a uma verdadeira crise de nervos. Nessa altura Donizetti começava a ressentir-se dos efeitos de uma infecção sifilítica avançada que o levaria à demência, à paralisia e à morte. Os próprios ensaios de D. Sebastião foram disso um exemplo: paranóia, ataques de fúria, esquecimentos súbitos, tremores, e explosivos ataques de mau génio. Donizetti esperava que a ópera fosse um verdadeiro triunfo na Ópera de Paris e a ansiedade que então o consumia deixava-o muito sensível à crítica e à maneira como era referido pelos seus colegas compositores. A estreia correu muito bem e a ópera foi bem recebida, no entanto não foi o triunfo que Donizetti esperava, provocando-lhe uma certa amargura. Foi então feita uma versão italiana - Don Sebastiano, re di Portogallo - que permaneceu nos palcos da pátria amada de Donizetti durante muito tempo.
Dom Sebastião foi a ultima ópera composta por Donizetti antes de ter sido violentamente atacado pela doença que lhe haveria de debilitar o sistema nervoso. O libreto de Eugène Scribe tem como base a história de Portugal, embora bastante fantasiada. No centro desta história está o jovem D. Sebastião, rei de Portugal, e a sua decisão em seguir para Marrocos onde morrerá no campo de batalha. Outra personagem importante é Camões, que imortalizou os feitos dos portugueses na sua poesia, inspiração também para Scribe que lhe dá um destaque importante nesta ópera. Aos eventos narrados por Camões, Scribe acrescenta uma história de amor realçando assim os conflitos políticos, religiosos e raciais entre os vários protagonistas da ópera. Como cenários, Scribe escolhe, inevitavelmente, o campo de batalha de Marrocos, onde D. Sebastião perde a vida, um palácio marroquino, as ruas de Lisboa absolutamente apinhadas, de modo a representar uma das mais importantes e movimentadas cidades da altura, um tribunal da inquisição, e as masmorras na cave de um palácio português. A acção beneficia também dum enorme dinamismo resultante da interacção entre as várias personagens e grupos de personagens. Para além disto há ainda um toque a exotismo, uma procissão monumental, e a morte catastrófica dos dois amantes, o que torna este libreto dramaticamente muito intenso."
(Fonte: https://www.rtp.pt/antena2/argumentos-de-operas/letra-d/gaetano-donizetti_1924_68)
Gaetano Donizetti (1797-1848). Natural de Bérgamo, Itália. "Alcançou a imortalidade no âmbito da ópera, deixando partituras tão célebres quanto O elixir de amor (1832), Lucia di Lammermoor (1835), A favorita (1840) ou Don Pasquale (1843). O seu nome no domínio do bel canto tem um estatuto comparável a Rossini ou Bellini, contando com um total de 75 óperas e perto de 200 canções. Muito menos conhecidas são as suas obras instrumentais, mas Donizetti foi autor de 16 sinfonias, vários concertos e muita música de câmara, onde consta um corpo de 18 quartetos de cordas cuja execução integral ultrapassa as quatro horas. Alguns desses quartetos foram escritos como peças de estudo, exercícios de composição, e não se destinavam a apresentação pública. Mas a maior parte eram destinados ao salão do Sr. Bertoli, de Bérgamo, em cujo quarteto de cordas tocava o seu antigo professor de música, o compositor alemão Simon Mayr. Os primeiros dezasseis foram escritos nesse contexto entre os anos de 1817 e 1821. Uma das razões para estes quartetos não terem ficado no repertório comum das salas de concerto prende-se com o facto de serem associados ao estilo Gebrauchsmusik, música funcional destinada a um acontecimento específico e associada a diversão de carácter mais ligeiro."
(Fonte: https://www.casadamusica.com/pt/artistas-e-obras/compositores/d/donizetti-gaetano?lang=pt#tab=0)
Encadernação em percalina a duas cores com rótulo na pasta anterior. Conserva as capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Folha de rosto apresenta restauro.
Muito raro.
35€