19 fevereiro, 2018

SILVA, José Barbosa e - VIVER PARA SOFFRER. Estudos do coração. Romance por... Precedido d'um juiso critico de Camillo Castello-Branco. Porto : Typ. de J. J. Gonçalves Basto, 1855. In-8.º (18 cm) de 336 p. ; E.
1.ª edição.
Romance histórico duplamente valorizado pelo prefácio de Camilo Castelo Branco e pela dedicatória manuscrita do autor na f. rosto ao conhecido bibliófilo vianense Cândido Xavier da Costa.
"Além de político do partido liberal (deputado, por Viana do Castelo e adido em Paris, entre outros cargos) José Barbosa e Silva dedicou-se também às letras (poesia, romance e jornalismo). Camilo apoiava e incentivava esta atividade do amigo vianês, promovendo-lhe a publicação, em jornais do Porto e de Lisboa, de poemas, crónicas e, em folhetins, o romance Viver para Soffrer (1855). Dedicado aos irmãos e subintitulado Estudos do Coração, este romance, com benevolente prefácio de Camilo (pp. 5-16), apesar de impresso, nunca chegou, porém, a entrar no mercado. Como se sabe, a abastada família Barbosa e Silva e, em particular, o José, eram o pronto socorro a que o Escritor frequentemente recorria, nos seus apertos financeiros ou estados psicológicos de abatimento.
Camilo integrou, depois, o prefácio de Viver para Soffrer, no volume Esboços de Apreciações Litterarias (1865: 39-49)."

(Fonte: http://vianacamilo.blogspot.pt/2014/11/016.html)
 "Estudos do Coração é o titulo opulento com que Barbosa e Silva recommendou o seu romance.
Essas palavras, que uma indiscreta precipitação poderia ter inventado, responsabilisam o author a contas rigorosas.
Estudar o coração é cortar fundo com o escalpello no proprio; é invocar remeniscencias de feridas que sangram sempre; é acordar os eccos de um gemido surdo no coração estranho; é tocar a evidencia da dôr, surprehendendo-a no sanctuario daquelles que mais a segredam: é em fim dizer: «soffremos assim, ou assim deviamos soffrer.»"
(Excerto do prefácio de Camilo)
"A Historia que vai ler-se, não é phantastica nos esboços constitutivos. Filha das monstruosidades, que a sociedade esconde no seu seio de torpesas, surge do tumulo do passado, rasga o veu de mysterios, que a cobre, mostra-se á luz do dia, e sacode sobre a lousa o seu diadema de crimes.
Não são pois phantasticos os esboços desta narrativa. Quem traçou esses segredos, com caracteres indistinctos, mal sustinha já, com as mãos d'esqueleto, a lousa do tumulo, que lhe caia sobre o peito! Não mentem as revelações insufladas pelos resquicios dessa lousa, gélida, como o peso da desgraça, sobre o coração do infeliz. [...] Felizes no mundo os que podem escutar as confissões expansivas da consciencia do moribundo!..."
(Excerto do preâmbulo)
"N'um vasto aposento do soberbo palacio de D. Heitor Fajardo de Carvalho, na margem esquerda do Lima, passeava, já alta noite, com subida anciedade e inquietação, um pobre velho, singelo, e até vulgar nos trajes, mas venerando no aspecto. Era no pino do inverno. O vento assobiava nas açotêas e ameias dentadas, que guarneciam o largo átrio do solar; a noite não se diria tempestuosa, mas humida, fria, e ameaçadora para as horas da maré-cheia, que já subia os marneis e declives pantanosos da fazenda do fidalgo. [...]
Saibamos desde já, que o mysterioso ancião, que passava e repassava sem descanço, com mostras de tanta attribulação, era Simão Rodrigues, mordomo e administrador das avultadas rendas e pensões de D. Heitor Fajardo, um dos mais ricos e philauciosos fidalgos d'entre Minho e Lima."
(Excerto do Cap. I)
Belíssima encadernação em meia de pele com nervuras e ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Raro.
A Biblioteca Nacional dispõe de apenas um exemplar registado na sua base de dados.
Indisponível

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