CARDIA, Amélia - NA ATMOSFERA DA TERRA : romance neoespiritualista. Lisboa, Edições da Federação Espirita Portuguesa, 1930. In-8.º (17cm) de XV, [1], 293, [3] p. ; B.
1.ª edição.
"A concepção do romance que vai lêr-se é fundamentada numa série de comunicações autênticas, psicografadas por médium de inconcussa probidade, sob o ditado dum espírito identificado, a quem o remorso de erros cometidos na sua última encarnação transformou a presente existência astral num suplício cruciante, em verdadeiras gemonias de preceito.
É, pois, sôbre um fundo de irrecusável verdade que foi delineada a contextura da ficção, cujo protagonista, na sua personalidade carnal, ainda nos acotovelou na Terra, aos lutadores que ao findar do século XIX já sentíamos dilacerarem-se-nos os pés na arena sinuosa e aspérrima do perpétuo struggle for life.
Do mesmo modo são copiadas do natural, nas suas características essenciais, as personagens acessórias, alguma de particular relêvo, que se acharam relacionadas com a principal. [...]
Acalenta-me a esperança de que o volume que entrego à publicidade grangeará algumas simpatias, na persuasão de que entre os seus leitores alguns haverá que, por serem de natural indulgente, professarão o critério de Lemaître.
Realista, porque realista é a verdade, único alvo que valoriza o estudo da natureza humana, reflectindo-a, (e dêle não desviei os olhos) nem por isso a concepção deixa de ser romântica, em virtude de naturais tendências que me impelem sempre a elevar a genuína verdade, do nível do banal positivismo e das realidades tangíveis, ao do emocional transcendente, que dá figuração, côr e vida às cousas menos atraentes na aparência e nelas descobre o elemento divino que as vitaliza."
(Excerto da Advertência preliminar)
Amélia Cardia (Lisboa, 1855 - Lisboa, 1938). “Médica e escritora. Dedicou-se ao
estudo dos clássicos e da filosofia, após o que se formou em Medicina
com brilhantes classificações, tendo sido a primeira mulher licenciada
em Medicina em Lisboa e a primeira mulher interna nos Hospitais Civis.
Fundou uma casa de saúde na Estrela, que abandonou passados oito anos
para se dedicar a estudos de filosofia e espiritismo. Pertenceu à
Associação das Ciências Médicas e à Federação Espírita Portuguesa.
Colaborou assiduamente em diversos jornais e revistas - Ilustração Portuguesa, O Século, Revista de Espiritismo, Diário de Notícias, etc. –, tendo dirigido O Mensageiro Espírita.”
(fonte: Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. II, Lisboa, 1990)
Exemplar brochado, em bom estado de conservação.
Invulgar.
Indisponível
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