GALLIS, Alfredo - O SENHOR GANYMEDES (psycologia de um ephebo). Lisboa, Emprêsa Literária Universal, [s.d.]. In-8.º de 175, [1] p. ; B.
"O Senhor Ganymedes é um romance sensacionalista, explosivo, que conta a história de uma viúva rica que casa com um amigo de infância que cresceu para se transformar num caçador de fortunas. Ele não consegue consumar o casamento e vem-se a descobrir mais tarde que é um homossexual que se traveste e que tem um amante masculino. No prefácio, o autor afirma que deseja prevenir as raparigas inocentes e as suas famílias contra os perigos do casamento com homossexuais mercenários, mas o enredo falha conspicuamente na validação da moral tradicional. O romance termina com a viúva encontrando finalmente satisfação sexual com o oficial do Exército que expôs o marido, que cai nos braços do seu amante exclamando «Enfim, livre e só teu!»"
(Fonte: wikipédia)
"Com um impudor que ultrapassa as raias da inconsciencia, apontam-se a dedo e citam-se ahi por toda essa Lisboa o nome de ephebos de profissão, uns que d'essa infamia fazem modo de vida, outros que executam por vicio e pleno esquecimento do que devem á dignidade do seu sexo.
Dizem varios auctores que se nasce ephebo como as mulheres nascem tribades, em consequencia do desenvolvimento exaggerado do clitores.
É possivel que se deem ambos este phenomenos phisiologicos, dos quaes existem exemplares curiosos observados por varios medicos, mas em regra o ephebo é o producto legitimo de uma educação errada ou descuidada e o habito adquirido, cria uma segunda natureza puramente artificial, com pleno prejuizo da verdadeira, d'aque é inherente a todas as criaturas.
A sodomia e o masturbismo são dois vicios que uma quella vez adquiridos tarde ou nunca se perdem.
Ora o homem, como todos os animaes da criação, não é naturalmente sodomita nem masturbador.
Se agentes externos lhe não desvirtuarem as suas tendencias naturaes, a não ser que possua as taes deformações phisiologicas de que se tratam em medicos e são raras, a sua inclinação genesica é toda para a femea.
Está averiguado que entre os marinheiros que persistem muitos dias no mar sem contacto com as mulheres é que a sodomia se encontra mais vulgarisada, assim como nas penitenciarias muitos reclusos endoidecem em consequencia dos execessos de masturbação."
(Excerto do prólogo)
Joaquim Alfredo Gallis (1859-1910). "Mais conhecido por Alfredo Gallis, foi um jornalista e romancista muito afamado nos anos finais do século XIX, que exerceu o cargo de escrivão da Corporação dos Pilotos da Barra e o de administrador do concelho do Barreiro (1901-1905). Usou múltiplos pseudónimos, entre os quais Anthony, Rabelais, Condessa do Til e Katisako Aragwisa. Desde muito jovem redigiu artigos e folhetins em jornais e revistas, entre os quais a Universal, a Illustração Portugueza, o Jornal do Comércio, a Ecos da Avenida e o Diário Popular (onde usou o pseudónimo Anthony). Como romancista conquistou grande popularidade, especializando-se em textos impregnados de sensualismo exaltado que viviam das «fraquezas e aberrações de que eram possuídas, eram desenvolvidas entre costumes libertinos e explorando o escândalo». Escreveu cerca de três dezenas de romances, por vezes publicados com o pseudónimo Rabelais. Alguns dos seus romances têm títulos sugestivos da sensualidade que exploram, nomeadamente Mulheres perdidas, Sáficas, Mulheres honestas, A amante de Jesus, O marido virgem, As mártires da virgindade, Devassidão de Pompeia e O abortador. É autor dos dois volumes da História de Portugal, apensos à História, de Pinheiro Chagas, referentes ao reinado do rei D. Carlos I de Portugal.”
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado geral de conservação. Capas frágeis, oxidadas, com pequenos defeitos.
Raro.
Indisponível
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