31 agosto, 2017

MORÃO, Joaquim César de Figaniére e - DESCRIPÇÃO DE SERRA-LEÔA E SEUS CONTORNOS. ESCRIPTA EM DOZE CARTAS. Á QUAL SE AJUNTÃO OS TRABALHOS DA COMMISSÃO-MIXTA PORTUGUEZA E INGLEZA, ESTABELECIDA NAQUELLA COLONIA. O. C. D. Á SOCIEDADE LITTERARIA PATRIOTICA O CIDADÃO... Membro da mesma Sociedade e Ex-Commissario Arbitro de S. M. F. em Serra-Leôa. LISBOA: NA IMPRESSÃO DE JOÃO BAPTISTA MORANDO. ANNO 1822. In-8.º (19cm) de 97, [1] p. ; E.
1.ª edição.
Importante contributo para a história do tráfico negreiro. Na época em a presente obra foi publicada, o comércio de escravos caminhava para o seu ocaso, fruto das pressões exercidas pela coroa inglesa sobre Portugal e dos tratados celebrados entre os dois países que, a pouco e pouco, apontavam para a abolição geral. Muito interessante pelas descrições geográficas do território colonial, as impressões transmitidas pelo autor do seu dia a dia em Freetown ao longo do tempo que aí permaneceu como representante português na Comissão Mista e pela particularmente curiosa abordagem etno-antropológica dos indígenas que Figaniére descreve com algum pormenor.

Em 1815, foi celebrado um Tratado entre os dois países “para a abolição do tráfico de escravos em todos os lugares da Costa da África ao norte do Equador”. Além dessa medida, o texto bilateral assinala que D. João VI resolvera adoptar ”em seus domínios, uma gradual abolição do comércio de escravos”. Em 1817, não sendo ainda possível ao governo inglês atingir o seu maior objetivo, alcançara pela Convenção que tem por fim “impedir qualquer comércio ilícito de escravatura”, o famoso “direito de visita e busca” nas embarcações suspeitas de tráfico, e a criação de “comissões mistas” para julgarem os navios negreiros apresados, que passaram a funcionar em Serra Leoa e no Rio de Janeiro.
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"Quando tive a honra de ser nomeado, por Sua Magestade Fidelissima, Membro da Commissão-Mixta em Serra-Leôa (Africa) hum meu íntimo Amigo ordenou-me que lhe desse d'aquelle Paiz noticias que interessassem, o que cumprí misturando-as com outras familiares. Tive a fortuna de escapar aos horriveis males daquella terra e cheguei felizmente à minha. Aqui tendo a ventura de encontrar o meu fiel Amigo, e outras pessoas da minha amizade, aconselhárão-me que redigisse das Cartas as noticias Africanas, e que as aprezentasse ao Público, por julgalas dignas d'Elle, visto que podem dar alguma instrucção. Movido, pois, de suas instancias, cumpro com seus dezejos, e accrescento (visto a opportunidade) os trabalhos daquella Commissão em quanto eu tive a honra de lhe pertencer."
(excerto do prólogo)
Joaquim Cesar de Figaniére e Morão (Lisboa, 1798- Brooklin, New York, EUA, 1866). “Filho de Cesar Henrique de la Figaniere, Capitão de mar e guerra que foi da armada real portuguesa e de D. Violante Rosa de Mourão. Foi ministro plenipotenciário de Portugal nos Estados Unidos. Inicialmente, exerceu as funções de cônsul-geral em Norfolk e adido da Legação portuguesa em Washington D.C. até 1823. Posteriormente, passou a ser cônsul-geral em Nova Iorque, entre 1824 e 1829. Ligado à causa liberal, foi nomeado agente da Regência Liberal e em 1834 foi designado encarregado de negócios nos Estados Unidos, cargo que ocupou até 1838. Nesse ano mudou-se para o Rio de Janeiro, igualmente como encarregado de negócios. O regresso à América aconteceu em 1840, quando foi designado ministro residente. Foi promovido a ministro plenipotenciário em 1854, tendo permanecido neste posto até à sua morte em 1866.”
(fonte: SÁ, Tiago Moreira de, História das Relações Portugal EUA (1776-2015), Lisboa, 2016)
Encadernação coeva em meia de pele com cantos, e com rótulo carmim e ferros gravados a ouro na lombada.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico.
Peça de colecção.
120€

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