1.ª edição.
Romance histórico sobre o Ultimatum e de tudo o que se lhe seguiu.
“De Fortunato Correia Pinto (18??-19??), professor primário, republicano, conhece-se apenas uma obra de ficção, hoje ignorada quer enquanto texto literário quer enquanto documento: O Agitador. […]
O título certeiro coloca O Agitador do lado dos republicanos de acção revolucionária surgidos em 1890 e que se opunham ao directório do partido, maioritariamente legalista. Segundo a apresentação “A Quem Ler”, O Agitador foi escrito em 1900 e estava pronto a imprimir-se desde então, mas embaraços vários só permitem editá-lo em 1906. O texto de apresentação visa estabelecer o romance como fiel aos acontecimentos reais vividos pelo autor ou de que teve conhecimento. […]
Neste romance, a ausência duma transfiguração do real pelo universo imaginário próprio da literatura faz com que O Agitador pareça em boa parte um panfleto político ficcional.
A acção do romance começa no dia em que o país tem conhecimento do ultimato e da sua aceitação pelo governo, 12 de Janeiro de 1890.”
(fonte: http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/8814.pdf)
"Era ao anoitecer do dia 12 de janeiro de 1890.
O sol acabava de sumir-se na linha sinuosa da costa e um ambiente pesado, humido e frio succedia á poeira luminosa que a pouco e pouco fora desapparecendo na direcção do oceano, deixando a cidade immersa em desalegre penumbra e varrida pela brisa algida e cortante.
O Tejo, inquieto, ruidoso e monotonamente melancholico, mas sempre impressionavel, parecia cantar, n'uma melopêa triste, a historia d'esta ridente cidade, desta filha dilecta que já mias d'uma vez vira abatida, flagellada, reduzida á ultima extremidade, e que, graças a elle, resurgia do proprio abatimento e cada vez mais se engrandecia, enfeitava e aformoseava, tornando-se soberba e garrida, forte e importante, bella e inimitavel. [...]
Começavam a accender-se os candieiros, e sob aquella luz amarellenta e mediocremente diffusa, a multidão, sombria e revolta, formigava pelas ruas e pejava as praças.
Fallava-se alto, gesticulava-se colericamente, dizia-se sem rebuço o que se sentia, sem medo da policia, sem receio de compromettimentos.
A Inglaterra era coberta d'insultos, a realeza e os governantes eram atacados rancorosamente, empregando-se contra elles os epithetos mais ultrajantes."
(excerto do Cap. I, A colera popular)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas frágeis com pequenas falhas no corte superior.
Raro.
Com interesse histórico.
Indisponível
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