30 maio, 2016

PEREIRA D'EÇA, General - A CAMPANHA DO SUL DE ANGOLA. Relatório do general Pereira de Eça - com um estudo politico de João de Castro - e uma carta do general João Jalles. Lisboa, Tip. Lusitania, 1922. In-8.º (19cm) de 109, [7] p. : il. ; B.
1.ª edição.
Ilustrada com fotogravuras a p.b. em página inteira.
“Conheci-o muito intimamente, e por isso sei bem que este relatorio não é senão a expressão da verdade, vívida correctamente, tenazmente, com todo o rigoroso cumprimento do dever militar, rigor que êle punha sempre em todos os actos, que a sua profissão – que êle tanto e tanto apreciava e estimava – lhe determinava: pois para êle, como succedeu com o comando desta expedição militar, que originou a campanha, cujo relatorio êste é, sempre o dever militar sobrelevava a tudo.
Chamado pelo Ministro, para ser encarregado do comando desta expedição, e perguntado se o aceitaria ou não, (não era por escala que o serviço lhe pertenceria) o general Pereira d’Eça deu, imediata e prontamente, a seguinte resposta:
-  «Comandos desta ordem nem se pedem, nem se rejeitam. Aceito e marcharei».”
(excerto do antelóquio do general João Jalles)
António Júlio da Costa Pereira d'Eça (1852-1917). "Assentou praça no Exército português, matriculando-se no Real Colégio Militar, em 22 de Julho de 1869 e, terminado o curso de Artilharia, com excelentes classificações, foi promovido a alferes, em 27 de Dezembro de 1876. Ao longo da sua carreira desempenhou diversas missões na administração colonial portuguesa. Já como capitão, seguiu para Moçambique, em 1891, integrado numa força expedicionária, tendo em 1896, sido nomeado, por indicação de Mouzinho de Albuquerque, governador do distrito de Lourenço Marques, participando nos combates do Mapulanguene (Gaza) em 1897. A sua carreira nas colónias prosseguiu depois em Cabo Verde, onde chega em 1903, como major, para ocupar o cargo de chefe do estado maior. Regressado à metrópole, depois da implantação da República, prestou relevantes serviços ao novo regime, combatendo as incursões monárquicas, nomeadamente quando impediu o alastramento de actos de rebelião em Viana do Castelo. Em 1913 ascende a general, quando era director do Arsenal do Exército. Em 9 de Fevereiro de 1914 ocupa a pasta da Guerra, sendo um defensor da participação nacional na guerra europeia que então eclodiu, ao lado dos Aliados. No Governo, porém, nem todos concordam com essa posição e essa participação acaba adiada e Pereira de Eça abandona o cargo de ministro, em 12 de Dezembro de 1914, voltando às suas funções militares. Quando aumenta o perigo das incursões alemãs no sul de Angola, em Fevereiro de 1915, o Governo Português reconhece a conveniência de colocar um oficial general ao comando das operações militares naquela região.
O General Pereira d'Eça foi então escolhido pelo governo ditatorial de Pimenta de Castro para substituir Alves Roçadas, partindo a 21 de Março de 1915 e chegando a Luanda a 7 de Abril, com as funções de novo governador de Angola e de comandante das forças expedicionárias, substituindo o general Norton de Matos. Logo a 7 de Julho daquele ano as forças portuguesas reocupam Humbe, no sul de Angola, sem encontrarem resistência. Como, entretanto, a 9 de Julho, as forças militares do Sudoeste Africano alemão , comandadas pelo general Victor Franke, se renderam ao general Louis Botha, comandante-em-chefe das forças da União Sul-Africana, a missão do general Pereira d'Eça passa a ser a submissão dos povos indígenas, liderados por Mandume Ya Ndemufayo, que se haviam rebelado contra a presença portuguesa na região. Rendida a colónia alemã, a 15 de Agosto uma coluna das forças do comando do general Pereira d'Eça, agora com a missão única de acabar com a revolta das populações da Huíla, reocupa o forte do Cuamato e entre 18 e 20 de Agosto dá-se o combate de Mongua, no qual a principal coluna das forças expedicionárias, comandada pelo general Pereira d'Eça, dispersa um ataque das forças locais contra os depósitos de água de Mongua, ocupadas no dia anterior.
A vitória portuguesa neste recontro marca o fim da rebelião, que nas semanas seguintes foi completamente dominada, iniciando um período de relativa pacificação que, após a morte de Mandume em 1917, se manteria por mais de 40 anos até à década de 1960, quando a resistência armada à presença portuguesa se reacendeu no contexto da Guerra Colonial Portuguesa. Terminada a pacificação do sul de Angola, o general Pereira d'Eça regressa doente e esgotado a Lisboa. A 16 de Novembro de 1915 toma posse do comando da 1ª Divisão do Exército em Lisboa, cargo que ocupava quando faleceu em 1917."
(fonte: arquivo.presidencia.pt)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas oxidadas com pequenos defeitos nas margens e na lombada; miolo em bom estado.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
Indisponível

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