29 fevereiro, 2016

OLIVEIRA, Maurício de - DIÁRIO DE UM JORNALISTA : 1926-1930. Lisboa, Edição Póstuma do Autor, 1973. In-8.º (21cm) de 287, [3] p. ; [30] p. il. ; B.
1.ª edição.
Primeiro volume [e único publicado] de uma série de três nunca concluída com as memórias do autor, jornalista que cumpriu grande parte da carreira no Diário de Lisboa, antes de rumar, em 1968, para A Capital, onde chegaria a director. Dirigiu ainda o Jornal do Comércio até falecer subitamente, interrompendo as suas memórias. Livro precioso para compreender o ambiente político, militar e jornalístico imediatamente anterior e posterior ao 28 de Maio de 1926. Iniciando-se no Rebate em Junho de 1926, Maurício de Oliveira cumpriu 46 anos de carreira sempre sob regime de Censura. Fez parte, nas suas palavras, da «geração do silêncio», por oposição à «geração do ruído», que o precedeu. Deixou mais de uma dezena de livros sobre a história naval portuguesa e especializou-se em temas relacionados com a Marinha."
(fonte: ecosferaportuguesa.blogspot.pt)
                                            ..............
"Quarenta e seis anos de vida jornalística, activa e intensa, levaram-me a correr o Mundo - por mar, por terra e pelos ares - a conviver com muita gente de projecção política e social, literária e militar; a ter vivido grandes acontecimentos ou simples episódios, embora tocados pela varinha mágica do sentimento humano; a ter observado factos e auscultado opiniões e comentários que ficaram - muitos deles -  registados apenas na discreção de muitos apontamentos pessoais, cuja publicação séria, durante muitos anos, certamente cedo para fazer.
Além disso, especialmente nas duas primeiras décadas da minha carreira, competiu-me em larga medida, a reportagem de acontecimentos políticos ou militares, actividade que me tinha quase sempre «na rua» em contacto directo com as coisas e as pessoas."
(excerto do prefácio, Palavras de abertura)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Pequeno restauro na parte inferior da lombada.
Invulgar.
Indisponível

28 fevereiro, 2016

ROUSSADO, Barão de - FOLHETINS HUMORISTICOS. N.º 2 - 21 de Fevereiro de 1892. Dom Possidonio I (o Cru), Ou o que ha de ser o mundo reduzido a 50 por cento. Archeologia do Futuro. Impressões de um deputado. 50 RÉIS. Lisboa, Caetano Simões Afra, 1892. In-8.º (18,5cm) de 32 p. ; B.
1.ª edição.
Conjunto de três pequenas histórias que preenchem o n.º 2 desta invulgar colecção, de que se publicaram apenas os 9 da 1.ª série, de acordo com informação da BNP.
Destaca-se Archeologia do Futuro, um curiosíssimo e visionário ensaio ficcional, onde o autor, de forma irónica, aborda o futuro longínquo da imprensa, transportando-a para a Lisboa do século XXXIX.
"A acção d'este folhetim passa-se daqui a vinte seculos. Tão inspirado como Emilio Souvestre, vejo através das trevas do futuro as scenas que se hão de representar no anno da graça de 3868. [...]
Estamos na cidade de Lisboa, no mez de maio de 3868.
É pasmoso o estado da civilisação a que a Europa chegou nos nossos dias. Ha seculos, segundo narram historiadores de boa nota, a humanidade curvava-se ante a invenção de Guttenberg, que acabara o monopolio da sabedoria, derramando o pensamento em milhões de jornaes e livros!
Que diriam hoje os povos do seculo dezenove se Deus os fizesse surgir das sepulturas para assistirem aos prodigios da civilisação! [...]
Como não ficariam admirados ao vêr que os periodicos se publicam de minuto em minuto, aos milhares, estabelecendo a circulação de idéa nova quasi tão veloz como as vibrações do ar espalhando o som!
Que diriam elles sabendo que a civilisação matou o distribuidor, que das redacções dos periodicos parte encanamento especial e subterraneo para as habitações dos assignantes, os quaes anciosos pelas novidades das horas intermedias recebem as folhas vinte e quatro vezes por dia.
Não se studa, não se medita, bebe-se, respira-se a sciencia. O livro significaria hoje o mesmo que a agua commum engarrafada para ornamento das estantes, ou que uma porção d'ar encerrado em vaso de crystal como reliquia preciosa. [...]
Desejamos, para satisfação do nosso orgulho que os jornalistas d'essas épocas obscuras vissem como se faz hoje um periodico com o apparelho acustico repentino, que tem a legenda - Verba manent.
Ha uma orelha gigantesca, ao pé da qual o redactor pronuncia o artigo, que é immediatamente estampado pelo apparelho sobre o papel, multiplicando-se depois os exemplares pelo systema de tintas sympathicas."
(excerto do texto)
Manuel Lourenço Roussado, barão de Roussado (1833-1909). Foi um escritor português. "No livro “Júlio César Machado – Estórias e paparocas” de Vítor Wladimiro Ferreira, a propósito da figura de Manuel Lourenço Roussado (Lisboa, 1833 - Liverpool, 1909) pode ler-se o seguinte: «Roussado era já, foi sempre, para a vida de rapaz, Manuel Roussado; no trato oficial foi sempre Manuel Lourenço Roussado, desde 1852 em que foi empregado da Secretaria da Procuradoria-geral da Coroa, até 1870, em que principiou a ser Barão de Roussado. Era a alegria em pessoa. Faceto, bem disposto, nédio, pimpão, armando bem o soneto, deleitando-se com o epigrama. Esse homem resistiu comigo muito tempo à desmoralização do século, mas não à da bolsa..."
(fonte: casariodoginjal.blogspot.pt)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capa com defeitos: falha de papel no canto inferior dto, amarelecida e levemente manchada.
Raro e muito curioso.
Indisponível

27 fevereiro, 2016

SALAZAR, António de Oliveira - [DISCURSO NA ÚLTIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA LEGISLATURA DA ASSEMBLEIA NACIONAL, A 28 DE ABRIL DE 1938]. [S.l.], [s.n.], [1938]. In-4.º (25,5cm) de 13 p. ; B.
1.ª edição.
Encerramento da I Legislatura da Assembleia Nacional eleita segundo a Constituição de 1933. O Presidente do Conselho discursa sobre "Realizações de política interna - Problemas de política externa".
Raro discurso de Salazar, impresso sem capas, substituído para o efeito por simples guardas com as faces em branco, sendo o opúsculo impresso logo a partir do verso da guarda inicial, terminando na guarda posterior. O registo da BNP confirma a singeleza da edição.
"Realiza hoje a Assembleia Nacional a última sessão ordinária da primeira legislatura, e com ela finda, salvo o caso de alguma convocação extraordinária, a competência dos primeiros eleitos nos termos da Constituição de 1933. Para ser mais nítido o corte com o passado, mantive-me durante os quatro anos de vida desta Câmara sempre ausente embora nunca desinteressado da sua actividade; mas, ao findar êste ciclo de trabalhos, e em vésperas portanto de nova consulta eleitoral, não me sofreu o ânimo que não viesse vincar com a minha presença a solidariedade dos dois órgãos da soberania e congratular-me com a Câmara pelos resultados obtidos, ao mesmo tempo que agradeço - e sinceramente o faço - a sua patriótica e valiosa colaboração. [...]
Termina êste primeiro período experimental quando acaba também de fazer dez anos desde que a mim mesmo começou a caber-me parte maior ou menor de responsabilidade no govêrno dêste País e na direcção de uma obra a princípio de verdadeira salvação pública e depois felizmente de engrandecimento nacional: só um sentimento de modéstia que pelo seu exagêro poderia ser considerada vaidade me levaria a esquecer ou a fingir esquecer um facto a que aliás se quis dar por várias formas relêvo excepcional."
(excerto do discurso)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Com mancha de humidade à cabeça, transversal a toda a obra.
Raro.
15€

26 fevereiro, 2016

DÉSORMEAUX, Dr. - PEDERASTIA : inversão sexual. Por... Professor de Medicina Legal e Membro da Academia de Medicina de Paris. Lisboa, Livraria do Povo : Silva & Carneiro, [1910?]. In-8.º peq. (16cm) de 58, [6] p. ; B. Bibliotheca Sexual, N.º 7
1.ª edição.
Curioso trabalho sobre pedofilia, conceito por vezes confundido com homosexualidade.
"A inversão do instincto sexual póde manifestar-se nos dois sexos. No homem é a pederastia; na mulher, o tribadismo.
Em ambos os sexos é a inclinação entre dois individuos do mesmo sexo em que, como succede com todas as associações de dois, um tem o mando, a direcção, e o outro desempenha o papel de subordinado, que obedece e executa. Um é activo, o outro, passivo."
(excerto do Cap. I, Inversão sexual)
"Quaes são as causas a que pode attribuir-se a pederastia?
O dr. Chevallier distinguiu tres variedades de inversão sexual:
Inversão adquirida, por exemplo, nas prostituições pederasta e saphica;
Inversão propria das agglomerações, como pensões, internatos, exercito, prisões, etc.;
Inversão morbida, como as hereditarias e a das hermaphroditas moraes.
Perguntando-se um dia a Borduc d'onde provinham estes gostos abominaveis, elle respondeu:
- «De toda a parte, d'uma pobreza de organisação da gente nova, da falta de juizo e corrupção dos velhos, dos attractivos da belleza, da falta de mulheres e do receio do venereo.»
A estas razões ha a accrescentar a modificação de caracter e as excitações que sobreveem na puberdade."
(excerto do Cap. II, Causas da inversão)
Matérias:
I. Inversão sexual: - Processos de pederastia - Prostituição pederasta.
II. Causas da inversão.
III. Signaes caracteristicos dos pederastas.
IV. Aberrações do instincto sexual: 1 - Fetichismo; 2 - Exhibicionismo; 3 - Masochismo; 4 - Sadismo; 5 - Necrophilia; 6 - Bestialidade.
V. A satyriase.
Exemplar brochado em bom estado deconservação.
Raro.
Sem indicação de registo na BNP.
Indisponível

24 fevereiro, 2016

ALMEIDA, Carlos Pinto d’ – O CORSARIO PORTUGUEZ : romance maritimo original de… Lisboa, Empreza Editora, Carvalho & C.ª, 1876. In-8.º (18,5cm) de 288 p. ; B.
1.ª edição.
Romance histórico ao gosto da época. Obra dedicada pelo autor a Eduardo Coelho, conhecido jornalista e empresário, fundador do Diário de Notícias, que agradece a Pinto de Almeida em extensa carta precedendo o romance.
"Portugal e a França mantinham uma guerra gigante desde que esta potencia, cedendo ao impulso da vaga revolucionaria, hasteou o pendão da sua gloriosa republica, que manchou, levando ao cadafalso o malaventurado monarca Luis XVI. [...]
A guerra entre Portugal e a França proseguiu por muitos annos; e emquanto os nossos soldados se batiam ao lado dos hespanhoes, desde 1792 até 1795, na guerra do Roussillon, e desde 1808 até 1814 ao lado da Gran-Bretanha, na campanha peninsular, os nossos navios, sulcando os mares, sustentaram combates heroicos, tendo por unicas testemunhas dos seus gloriosos feitos Deus, os elementos e os seus inimigos."
(excerto do Cap. I, Projectos de viagem)
Índice:
Dedicatoria. Carta ao Auctor. I. Projectos de viagem. II. O temporal. III. A despedida. IV. O naufragio. V. Fidalgo e plebeu. VI. A vingança. VII. Noticia fatal. VIII. O combate. IX. Combate forçado. X. Aprisionamento. XI. Apontamentos curiosos. XII. Corsario e pirata. Epilogo.
Carlos Pinto de Almeida (1833-1891). Escritor português. Distinguiu-se pela produção de romances históricos – género literário em voga na sua época - onde atingiu projecção de relevo.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas sujas com defeitos; falha de papel no canto superior esq. e no canto inferior dto. da capa.
Raro.
Indisponível

23 fevereiro, 2016

RIBEIRO, Aquilino - É A GUERRA (diário). 2.º milhar. Lisboa, Livraria Bertrand, [1934]. In-8.º (19cm) de 302, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Escrito em 1914, e publicado 20 anos depois, este diário é a visão crítica do autor sobre o 1.º conflito à escala mundial - a Grande Guerra.
"Em 1934, Aquilino Ribeiro publica o diário É a Guerra onde fixa a visão de estrangeiro sobre Paris, que mergulha gradualmente na escalada da I Guerra Mundial. As acusações de germanofilia dirigidas a Aquilino vêm da sua “imoderada franqueza” sobre o campo francês, revelada nesta obra. Escandido pelos dias que vão do eclodir do conflito ao regresso do escritor a Portugal, no fim de Setembro de 1914, É a Guerra é um texto híbrido que não foge ao registo ensaístico e jornalístico. Na mistura deliberada de géneros, Aquilino escreve a memória pessoal do século XX, a nascer a ferro e fogo entre derivas nacionalistas e imperialistas. Fala da efervescência humana da cidade de Paris, já transfigurada pelos crescentes sinais da guerra e que, para ele, em grande medida, se torna mal-amada e motivo de observação perplexa e reactiva."
(CARMO, Carina Infante, in Navegações : Revista de Cultura e Literaturas de Língua Portuguesa)
"Neste livro narro, em obediência sempre à minha divisa, como vejo e sinto; às vezes com imoderada franqueza. Se dou realce ao subjectivo aqui e além, é que foram as fôrças espirituais que prevaleceram na grande guerra. [...]
Nunca a guerra denunciou tão insofismàvelmente o descaro de se chamar juízo de Deus ou campo da honra. Pode sustentar-se que à obra necessária de transposição talvez o conceito imediato seja o menos adequado, porquanto de trata de fenómeno muito singular e complexo. Basta que constitua, hipótese aceitável, o produto duma segunda forma de mentalidade colectiva, disposição por assim dizer psicológica determinada pela contractura a que obriga a atitude de lutador, para que deva ser entrevista através de novo prisma. Independentemente dêste critério, há emergências, na vida das nações como na dos indivíduos, que justificam à saciedade o cometimento caviloso. De resto, tanto ou mais que a verdade, não é a mentira alicerce do mundo?"
(excerto da carta ao Dr. António Gomes Mota, em jeito de prefácio)
Aquilino Ribeiro (1885-1963). "Nasce na beira Alta, em 1885 e morre em Lisboa em 1963. Deixou uma vasta obra em que cultivou todos os géneros literários, partilhando com Fernando Pessoa, nas palavras de Óscar Lopes, lugar cimeiro nas Letras Portuguesas. Sócio de número da Academia das Ciências, foi reintegrado após o 25 de Abril, a título póstumo, na Biblioteca Nacional, condecorado com a Ordem da Liberdade e homenageado aquando do seu centenário pelo Ministério da Cultura. Em Setembro de 2007, por votação unânime da Assembleia da República, o seu corpo foi depositado no Panteão Nacional."
(fonte: wook.pt)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Assinatura de posse na capa e na f. rosto.
Invulgar.
15€

22 fevereiro, 2016

GUIA DO NÁUFRAGO - MINISTÉRIO DA MARINHA. Tradução de Laurindo Henriques dos Santos, 1.º Tenente. Lisboa, Ministério da Marinha [Composto e impresso na Tip. Ramos, Afonso & Moita, Lda., Lisboa], 1945. In-8.º (18,5cm) de 62, [2] p. ; il. ; B.
1.ª edição portuguesa.
Ilustrada com desenhos exemplificativos no texto.
Curioso manual de procedimentos em caso de naufrágio, publicado no final da 2.ª Guerra Mundial. Livro reservado ao serviço da Marinha Portuguesa.
Êste folheto não é para venda ao público e a sua impressão foi autorizada pelo «Controller of His Britannic Majesty's Stationery Office».
"As narrativas dos náufragos têm-se acumulado com a guerra e o seu cuidadoso estudo mostra que possuindo-se os necessários conhecimentos e usando de previsão e iniciativa se podem aumentar as probabilidades de salvação, reduzir o desconfôrto corporal e manter o moral durante as intempéries, melhorando-se assim o estado geral dos que tenham de passar por estas provações.
A Comissão examinou as condições a que os náufragos podem ficar submetidos depois da perda do seu navio ou avião e compilou sob a forma de folheto, as lições tiradas da experiência e conclusões alcançadas com a mesma. Preferiu-se esta modalidade à do relatório formal, por ser a maneira mais eficaz e directa de disseminar conhecimentos aos que andam expostos aos perigos."
(excerto da introdução)
Matérias:
Introdução: - Seu objectivo. - Comando e moral. - Publicidade dos salvamentos. - Preparativos e precauções no navio. - Água de beber e seu vasilhame. - Víveres. - Pensos de urgência. - Transmissor-receptor portátil de T. S. F. - Luzes. - Fósforos. - Velas e cabos. - Boeiras. - Leme. - Estrôpos de arame dos lemes da esparrela. - Boça. - Bomba de relógio. - Hábitos.
Procedimento durante emergências: - Diminuir os efeitos da explosão.
Abandono do navio: - Mensagens de T. S. F. e seu equipamento. - Instrumentos, tábuas náuticas e cartas. - Vestuário. - Água extra. - Víveres. - Largar os aparelhos de salvação. - Saltar pela borda. - Na água.
Procedimento nos salva-vidas: - Comportamento. - Distribuição de tarefas. - Vestuário. - Protecção dos ventos frios, chuva e surriada do mar. - Protecção do sol e calor. - Esgôto. - Rações de água: Controle e distribuição; Medidas. - Água das chuvas. - Gêlo. - Urina. - Rações de alimentos. - Guarda das provisões. - Hábitos: Bebida e comida. - Intestinos. - Micção. - Fumar. - Sono. - Estimulantes em comprimidos: Acção dos comprimidos; Quando e como usar os comprimidos.
Tratamentos dos doentes e feridos: - Equipamento e tratamento de urgência. - Tratamento de afogados. - Tratamento (de urgência) de feridos. - Tratamento (de urgência) de fracturas. - Queimaduras e escaldões. - Tratamento de comoções nervosas.
Indisposições: - Bôca sêca. - Lábios rebentados ou crestados. - Pele rebentada. - Queimaduras da água salgada. - Inflamação dos olhos. - Febre. - Vómitos. - Prisão de ventre. - Diarreia. - Dificuldade de urinar. - Inchação das pernas. - Geladuras. - Pés macerados.
Providências para o salvamento: - Navegação. - Remar. - Chamar a atenção. - Miragens.
Tratamento depois do salvamento: - Bebidas. - Comida. - Aquecimento. - Tratamento das geladuras. - Tratamento dos pés macerados.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas "empoeiradas", com ligeira descoloração pela sua exposição parcial à luz.
Raro.
35€

21 fevereiro, 2016

DANTAS, Júlio - PÁTRIA PORTUGUESA. Ilustrações de Alberto Sousa. Lisboa, Parceria António Maria Pereira, 1914. In-4.º (23 cm) de 294, [2] p. ; [1] f. il. ; mto il. ; E.
Com um retrato do autor em extra-texto.
1.ª edição.
Belíssima edição impressa em papel encorpado e superiormente ilustrada pelos desenhos de Mestre Alberto de Sousa.
Conjunto de contos sobre personalidades e episódios da História de Portugal.
"Numa casa quadrada da alcáçova de Coimbra, junto de um lar montado sôbre cachorros de pedra, onde estalavam toros de castanho a arder, três figuras bárbaras de homem, debruçadas sôbre uma arca enorme coberta de guadamecins vermelhos, jogavam em silêncio, comendo pedaços de nata com as mãos e marcando os trebelhos doirados sôbre uma velha távola de xadrez. Um dêles, moço, ruivo, gigantesco, os cotovelos na arca, os dedos metidos pela barba revôlta, a expressão dura e selvagem, embrulhava-se num perponte de pano verde de Ruão e tinha os pés calçados em fortes balegões de ferro: era o conde Afonso Enriques, que os seus homens de armas já tratavam de rei."
(excerto de Dom Cardeal)
Contos: 
- Dom Cardeal. - O senhor do Paúl de Boquilobo. - Rei-Saudade. - O Prior do Hospital. - A carta de Roma. - Os doutores de Portugal. - O Tambor. - Cruz de sangue. - Frei António das Chagas. - A barba d'el-rei. - O Joanico. - Galaaz. - Mousinho. - O duelo. - Santa Isabel. - As violas de Alcácer-Kibir. - A sentinela. - A embaixada. - O chanceler Julião. - Epílogo. 
Júlio Dantas (1876-1962). "Nasceu em Lagos, a 19 de Maio de 1876.
Ingressou, em 1886, no Colégio Militar, onde se manteve até 1892.Foi admitido na Escola Médico-Cirúrgica em Lisboa onde, em 1900, se licenciou em Medicina. Médico militar, entre 1902-1903, desenvolveu posteriormente larga actividade como escritor e professor de arte dramática no Conservatório (1909-1930). Foi comissário do Governo junto do teatro D.Maria II entre 1906 e 1912, director da secção de arte dramática do Conservatório (1909-1912), inspector das Bibliotecas Eruditas e Arquivos, de 1912 a 1916, presidente da Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais (1925-1926), professor e inspector do Conservatório Nacional (1930-1935). Autor multifacetado – teatro, poesia, conto, romance, tradução e ensaio – viu, na época, alguns dos seus textos alcançarem grande êxito, mais tarde adaptados a óperas, operetas e cinema. O drama e o romance histórico, tendo como findo o século XVIII, grangearam alguma projecção, mas também a crítica acerada de autores modernos de que é paradigma Almada Negreiros através do conhecido Manifesto Anti-Dantas. Passou pelos partidos Reconstituinte, Progressista e Nacionalista. Convidado por Bernardino Machado, em 1914, para ministro dos Negócios Estrangeiros, só entraria para o executivo quando ocupou a pasta da Instrução entre 21 de Outubro e 20 de Novembro de 1920, experiência logo repetida entre 20 e 30 de Novembro do mesmo ano. Regressou ao Governo por mais duas vezes, agora à frente dos Negócios Estrangeiros: de 16 de Dezembro de 1921 a 6 de Fevereiro de 1922 e de 15 de Novembro a 18 de Dezembro de 1923. Efectuou diferentes missões ao Brasil e foi membro da Comissão Internacional de Cooperação Intelectual da Sociedade das Nações entre 1933 e 1943. Sob o Estado Novo foi procurador à Câmara Corporativa (1935-1959). Faleceu em Lisboa a 25 de Maio de 1962."
(fonte: http://193.137.22.223/pt/patrimonio-educativo/museu-virtual/galeria-de-ministros/ministerio-da-instrucao-publica/1913-1920/)
Excelente encadernação inteira de carneira mosqueada com ferros a ouro na lombada. Conserva a capa de brochura frontal.
Exemplar em bom estado de conservação. Aparado, com vestígios de assinatura de posse safada na capa e na f. anterrosto.
Invulgar.
35€

20 fevereiro, 2016


SALAZAR, António de Oliveira - A MINHA RESPOSTA. No processo de sindicância à Universidade de Coimbra. Coimbra, Tipografia França Amado, 1919. In-4.º (24cm) de 28 p. ; B.
VITAL, Domingos Fésàs - A MINHA RESPOSTA. No processo de sindicância à Universidade de Coimbra. Coimbra, Tipografia França Amado, 1919. In-4.º (24cm) de 31, [1] p. ; B.
PACHECO, Antonio Faria Carneiro - A MINHA RESPOSTA. No processo de sindicância à Universidade de Coimbra. Coimbra, Tipografia França Amado, 1919. In-4.º (24cm) de 31, [1] p. ; B.
COLLAÇO, João Maria Tello de Magalhães - A MINHA RESPOSTA. No processo de sindicância à Universidade de Coimbra. Coimbra, Tipografia França Amado, 1919. In-4.º (24cm) de VI, 16, [2] p. ; B. 
1.ª edição.
"Em Março de 1919, na sequência de uma sindicância a quatro professores da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, Salazar fica impossibilitado de dar aulas juntamente com Carneiro Pacheco, Fezas Vital e Magalhães Colaço, acusados de propaganda monárquica no exercício das suas funções. Como nada tivesse sido apurado foram reconduzidos nas suas funções.
Entretanto Salazar publica a sua defesa sob o título “A Minha Resposta”, tal como os restantes acusados, mas em documentos separados. Formula a sua defesa e conclui: «Tenho dado à Faculdade de Direito de Coimbra toda a minha inteligência, todo o meu trabalho, todo o meu entusiasmo pela educação de uma tão bela parte da mocidade portuguesa. Fui suspenso. Fez-se este inquérito agora. Ninguém atacou a minha honra pessoal, a minha competência profissional, a imparcialidade e rectidão dos meus julgamentos, a correcção do meu procedimento como funcionário. Hei-de orgulhar-me sempre destes meus curtos anos de professor: estou satisfeito. Não sei o que virá depois do inquérito. Eu cá… não quero outra portaria de louvor.»
A 19 de Abril terminou a sindicância e posteriormente foram reintegrados os professores."
(in http://oliveirasalazar.org/download/documentos/biografia)
Exemplares brochados em bom estado de conservação.
Raro.
Conjunto completo.
90€

18 fevereiro, 2016

SOUSA, João Francisco de - INFANTARIA 17 EM ÁFRICA. Lisboa, Edições Cosmos, [s.d.]. In-8.º (18,5cm) de 32, [2] p. il. ; il. ; B. Col. Cadernos Coloniais, N.º 57
1.ª edição.
Narrativa dos feitos militares do Regimento de Infantaria 17 na ocupação do Sul de Angola. Ilustrada no texto com croquis do teatro de operações e do Quadrado da Mongua, e em separado, com duas fotogravuras a sépia.
Obra dedicada pelo autor - filho dum oficial do Regimento de Infantaria 17, falecido nos combates da Mongua - "aos mortos de Infantaria 17, que tombaram nos campos de África. Aos soldados da infantaria alentejana, que a planície adusta temperou para as lutas no sertão..."
                                                 ..........
"Mais, porém, do que uma simples recordação para os combatentes, êste nosso trabalho visa a tornar conhecida do público uma campanha, que tendo sido das que durante a Grande Guerra menos interêsse despertaram na opinião pública nacional e nos próprios meios militares, deu no entanto êste resultado admirável: a ocupação de mais de 60.000 quilómetros quadrados, por tropas operando  a 700 quilómetros da base de desembarque!"
(excerto do prefácio)
Matérias:
I. Antecedentes e organização da campanha de 1914-1915, no Sul de Angola. II. Ocupação do Sul de Angola (Itinerário da Expedição). III. Os combates da Mongua. IV. Premiando o heroísmo. Louvor. V. Capitão João F. de Sousa. (Dados biográficos). VI. Quadro de Honra. Regimento de Infantaria n.º 17. Mortos da Expedição ao Sul de Angola (18914-1915).
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Indisponível

17 fevereiro, 2016

BISSAYA BARRETO, Fernando - HOSPITAL CENTRAL : COIMBRA : guia do doente. [Coimbra], [s.n. - Composto e impresso nas oficinas da «Coimbra Editora, Limitada»], [1973]. In-8.º (17cm) de 39, [1] p. ; [8] f. il. ; [5] desd. ; il. ; B.
1.ª edição.
Curioso guia do Hospital Central de Coimbra, hoje vulgarmente conhecido por Hospital dos Covões, cuja autoria é atribuída ao voluntarioso médico humanista Bissaya Barreto.
Ilustrado no texto e em separado, com fotografias a p.b. e a cores do interior e exterior das instalações hospitalares, e 5 folhas desdobráveis: Esquema da Planta geral do Hospital; Edifício Anexo N.º 3 e Consulta Externa; Cardiologia e Serviços de Hemodiálise; Bloco Operatório; Radiologia - RX.
Inclui ainda um sobrescrito com questionário confidencial dirigido aos "internados" solicitando as suas impressões sobre os serviços.
                                            ...................
"Trinta e cinco anos após a inauguração do Sanatório, o governo português cria por lei (Decreto n.º 308/70), na Quinta dos Vales, o Hospital Geral da Colónia Portuguesa no Brasil, que sucede, com todos os direitos e obrigações, ao Hospital-Sanatório da Colónia Portuguesa no Brasil, ficando expresso no ponto 3, do artigo 2.º, uma fórmula que vincula o hospital aos seus originais propósitos e beneméritos da colónia portuguesa do Brasil de outrora: “O Hospital manterá obrigatoriamente no seu esquema de serviço, um sector de Pneumotisiologia”. Pretendendo criar um hospital moderno, realiza-se uma visita de estudo a diversas unidades médicas em Espanha. Em 27 de abril de 1973, é inaugurado o Hospital Geral da Colónia Portuguesa do Brasil. A modernidade hospitalar chega a Coimbra e com ela uma nova concepção e entendimento. Na tentativa de mostrar, fazer propaganda e aproximar o novo hospital da população, o “Guia do doente” esclarece que este “Hospital deve antes ser considerado um Hotel em que os Hóspedes são doentes, provisoriamente inválidos, com as mesmas necessidades de conforto, de beleza, de asseio”. Uma nova estrutura que se apresenta e opõe ao antiquado Hospital da Universidade de Coimbra. O novo hospital é apresentado como espaço de acolhimento, de respeito, de simpatia e delicadeza pelo doente, ao mesmo tempo que emerge como espaço tradutor de uma assistência hospitalar moderna, que reflete e traduz as mais atuais concepções tecnológicas de diagnóstico e de tratamento, da época, “o Hospital moderno, como o nosso, funciona como uma grande empresa industrial, na qual as máquinas vão ocupando progressivamente um lugar de domínio... machine à soigner”.
(COSTA, Luís Manuel Neves, A Assistência da Colónia Portuguesa do Brasil, 1918-1973, in http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-59702014000200727&script=sci_arttext)
"Ver para crer... Pois bem, levemos ao Hospital Central Geral da Colónia Portuguesa do Brasil toda a gente para ver e crer que o Homem da Rua tem ali o seu hospital, e os que não podem ir encontrarão nesta plaquette a verdadeira realidade, plaquette que a Hospedeira deve entregar a toda a gente que vier hospitalizar-se, e nela encontram as instruções que podem ser úteis: formulário para a admissão, regulamentos do Hospital, sua organização, actividades, situação dos serviços, horário das visitas, proibição de gorgetas e muitos mais ensinamentos de grande utilidade para quem estiver hospitalizado."
(excerto da introdução, À maneira de prefácio)
Matérias:
- Doente que vai para o Hospital. - Consultas Externas: Medicina e Cirurgia; Ouvidos, Nariz e Garganta; Olhos; Dentes. - Serviço de informações. - Visitas. - A Alta. - Consultas Externas. - Voto final.
Fernando Baeta Bissaya Barreto Rosa (1886-1974). " Nasceu a 29 de outubro de 1886, em Castanheira de Pêra (distrito de Coimbra). Foi o segundo de quatros filhos do casal, Albino Inácio Rosa, natural de Avelar, concelho de Ansião e Joaquina da Conceição, natural de Castanheira de Pera: Sofia, Aura e Berta todos nascidos em Castanheira de Pera. Eminente catedrático de Medicina da Universidade de Coimbra, médico cirurgião, humanista e filantropo, foi uma das personalidades com maior poder de realização de que o centro do país pôde beneficiar, que certamente mais marcou os destinos da cidade de Coimbra afirmando-se, pela extraordinária e inovadora Obra Social que edificou, uma referência maior da história da assistência pública e da medicina social em Portugal. Faleceu, em Lisboa, a 16 de setembro de 1974 e foi sepultado em Castanheira de Pêra. Por vontade testamentária fez herdeira universal de todos os seus bens a Fundação Bissaya Barreto, instituição que criou e a que presidiu durante os primeiros 16 anos da sua existência."
(fonte: www.fbb.pt)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
20

16 fevereiro, 2016

BRUN, André - A MALTA DAS TRINCHEIRAS. Migalhas da Grande Guerra : 1917-1918. Lisboa - Porto - Luanda - Lourenço Marques, Agência Portuguesa de Revistas, [1961]. In-8.º peq. (15cm) de 234, [6] p. ; B. Colecção Bom Humor, N.º 4
Edição popular do "clássico" de André Brun, publicada pela APR na apreciada colecção Bom Humor.
"Sousa Lopes desenhou na primeira linha dum sector nessa altura sofrivelmente agitado como se estivesse no seu atlier da Rua Mallebranche. Apenas, de quando em quando, perguntava muito delicadamente a um fachina, que passava com uma panela de rancho, se porventura estava ali perturbando o serviço... À sua presença na trincha deve-se um acréscimo de trabalho verdadeiramente apreciável. Apenas ele se instalava a cavalo sobre uma cadeira para desenhar um canto do Pátio das Osgas, logo a um sinaleiro apetecia fixar um fio solto, um estafeta lembrava-se de limpar as passadeiras, o cozinheiro vinha rachar lenha para a porta do seu cubículo, os impedidos engraxavam com furor as botas dos patrões e viu-se este caso estupendo do Menino dos Holofotes, criado de quarto do tenente sinaleiro e marau que nunca na sua vida fizera coisa nenhuma senão andar enrodilhado num cache-col de estimação, pegar numa picareta e agitar-se numa actividade febril. É que todos «queriam ficar no retrato».
E, com o seu sorriso fino, piscando os seus olhos míopes, procurando a linha e o tom, Sousa Lopes ia recolhendo para a Posteridade os detalhas daquela ruína tão pitoresca onde viera acolher-se. [...]
Das minhas melhores recordações da guerra, uma das que mais profundamente me impressionaram e me sensibilizaram mesmo foi a convivência com Sousa Lopes, ali nas linhas, nas barbas do «Fritz». O corpo expedicionário foi infeliz e mal servido em muitos dos seus aspectos. Foi felicíssimo no seu pintor. De toda a documentação artística a dele ficará porque foi sinceramente vivida e inteligentemente raciocinada. Depois Sousa Lopes soube ser um óptimo soldado. Todos o pudemos verificar e foi assim que ele entrou nos nossos corações. Os lanzudos, ao vê-lo trabalhar à beira da terra de ninguém, miravam para o lado do boche e Folgadinho murmurava: - «E se vem um morteiro?...» Todos pensávamos o mesmo, juntávamo-nos em sua volta como para o proteger e de nós todos o mais sereno era ele. Se alguma vez interrompia o trabalho, era apenas para dizer com a sua voz de pessoa muito bem educada:
Não sei se estou incomodando..."
(excerto de Um pintor nas "trinchas") 
André Brun (1881–1926). “Descendente de franceses emigrados em Portugal, ingressou no exército, na arma de Infantaria, após lhe ter sido negada a entrada na Marinha, sua primeira escolha. Paralelamente à sua vida militar, começou a colaborar na imprensa, nomeadamente no Novidades, e no Suplemento Humorístico de O Século com grande êxito.
Diz-se de A Malta das Trincheiras que é um livro bem humorado sobre a participação portuguesa na I Grande Guerra. Mas é muito mais do que isso. É um fidedigno relato ocular de episódios da vida na frente de guerra, narrados de modo brilhante que nos arrasta para o ritmo dos próprios ataques, ou para a pacatez do dia a dia de quem esteve meses e anos nas “trinchas”, ou ainda nos torna em ansiosos leitores que acompanham a angustiada espera noturna de um possível ataque alemão. Em simultâneo, não podemos deixar de sorrir (e de nos rever) com a caracterização do soldado português (Folgadinho, de seu nome): bem humorado, conversador, rápido a aprender as 18 palavras essenciais para a sua sobrevivência (e a “traduzir” à letra as que desconhece), corajoso, inventivo na procura de soluções para a sua vida. Ou com a forma como critica as altas patentes e a (des)organização do  Corpo Expedicionário Português (veja-se, por exemplo o capítulo “Repartição dos humoristas”). Tudo isto narrado com graça e com o conhecimento directo de quem o viveu, ou como afirma o próprio André Brun:  “é apenas uma documentação pitoresca um relato do que eu vi com os que a terra há-de comer, olhos da minha cara e mortos da minha pátria”."
(Ana Homem de Melo | Lisboa, GEO, Março 2015)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas sujas, com vincos. 
Invulgar.
Indisponível

14 fevereiro, 2016

CÂMARA, João de Brito - RELANCE. Coimbra, [s.n. - imp. nas Oficinas da «Atlantida», Coimbra], 1942. In-8.º (18cm) de 134, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Valorizada pela dedicatória autógrafa do autor.

"Meu lápis prêto que em papel desliza,
Pondo na neve sua mancha escura,
É o pobre viandante que procura
A beleza que deslumbra e se eterniza.

Se a chama, que o impele, fica indecisa
Na moldagem ideal da forma pura,
Tem suspensões nervosas de tortura
Que só o recomêço suaviza.

Mas se nesses momentos de inclemência
Perdura a transitória impotência,
Não permitindo logo o novo arranco,

O correr duma lágrima sòmente,
Dourando tudo na mansa corrente,
É o lápis que não deixa o papel branco."

(Criação) 

João Brito Câmara (1909-1967). Escritor, jornalista e político português. “Nasce em Lisboa, a 13 de Maio de 1909. Aos quatro anos vem para o Funchal, terra dos seus pais. Em 1927, inicia-se como jornalista, no quinzenário académico Alma Nova, editado pelo Liceu Nacional do Funchal. No mesmo ano, vem a público o seu primeiro livro, intitulado Manhã (1927) com prefácio de João Cabral do Nascimento, então seu professor.
Brito Câmara vai para Coimbra para frequentar o curso de Direito, no mesmo ano que é publicada a revista 'Presença', na qual colabora. Numa entrevista feita a Edmundo de Bettencourt, com o título 'O Modernismo em Portugal', publicada no Eco do Funchal, em 1944, refere-se aos importantes momentos vividos por ambos durante aquele movimento literário.
No 4º ano de Direito, João Brito Câmara é eleito presidente da Associação Académica de Coimbra, cargo que lhe permite intervir activamente na política estudantil.

Distingue-se como Delegado da Comissão Distrital das campanhas eleitorais de 1948 e 1949 de Norton de Matos e de 1958 de Humberto Delgado. Esta última campanha vale-lhe quatro processos instaurados pela P.I.D.E/D.G.S. sendo três processos-crime. Sobre a campanha Norton de Matos publica o opúsculo 'Os nossos dilemas' (1949).
Escreveu 'Manhã' (1927) 'Relance' (1942) 'Auto da Lenda' (1943) 'Ilha' (1945) 'A Casa do Alto' e 'Outros Poemas' (inédito), que reúne no volume 'Poesias Completas' (1ª edição Coimbra, Atlântida Editora, 1967).”
(fonte: www.dnoticias.pt/actualidade/5-sentidos/159667-arquivo-regional-da-madeira-recebe-espolio-de-joao-brito-camara)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas sulas; lombada cansada.
Invulgar.
15€

13 fevereiro, 2016

MATOS, José Alberto da Costa - O COLÉGIO MILITAR NA TOPONÍMIA PORTUGUESA. [Prefácio: General António dos Santos Ramalho Eanes]. [Lisboa], Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar, 2009. In-fólio (30cm) de 316, [4] p. ; mto il. ; B.
1.ª edição.
Curiosa e muito interessante monografia toponímica sobre personalidades que passaram pelo Colégio Militar.
"Sempre me tenho interrogado acerca das personagens que, nas várias localidades portuguesas, emprestaram o seu nome às ruas, praças, avenidas, largos ou travessas por onde transitamos. Quem seriam? O que teria justificado a sua escolha?
Alguns deles - não muitos - serão conhecidos de uma boa parte dos portugueses mas, sobre os restantes - que são a maioria - pouco ou nada se conhece, não obstante proferirmos amiudadamente o seu nome, ainda que associando-o apenas a uma artéria urbana por onde nos movimentamos ou aonde temos que tratar de determinado assunto ou realizar uma qualquer compra.
É verdade que a generalidade dos responsáveis locais nem sempre cuida de fazer constar na placa toponímica a informação mínima capaz de satisfazer a curiosidade dos passantes, mas também não é menos verdade que estes,, em regra, também não se mostram particularmente interessados em resolver essa curiosidade, apesar de terem a "internet" ao alcance do dedo. [...]
Durante quase quatro anos de trabalho manuseei e li milhares de documentos, alguns dos quais me causaram uma indelével impressão, especialmente os que haviam sido manuscritos com a belíssima e inconfundível caligrafia do marechal Teixeira Rebelo, a quem se deve a criação do Colégio. [...]
Foi precisamente durante essa peregrinação pela pesquisa documental que "esbarrei" com um extraordinário trabalho de compilação biográfica de antigos alunos do Colégio Militar, realizado ao longo de dez anos por um ex-"Menino da Luz" que é quase desconhecido.
Refiro-me ao Dr. José Godinho Gama Barata que foi admitido como colegial em 1921, sendo-lhe então atribuído o n.º 121. [...]
Foi o trabalho iniciado por Gama Barata que incentivou a elaboração do presente livro. Nele se relacionam todas as localidades portuguesas onde existem artérias com o topônimo "Colégio Militar", "Marechal Teixeira Rebelo", seu fundador, ou com o nome de qualquer antigo aluno, o que implicou a realização de um levantamento de âmbito nacional, nem sempre fácil, para o qual houve que contar com a colaboração de algumas autarquias e, fundamentalmente, dos CTT.
De cada um desses antigos alunos foi elaborada uma breve biografia contendo os elementos essenciais susceptíveis de justificar os respectivos topônimos, mas também satisfazer a curiosidade dos interessados. Acompanham-nas o retrato do biografado, as localidades em cuja toponímia foi referenciado o seu nome e, sempre que possível, imagens referentes à sua actividade."
(excerto da introdução)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
20€

12 fevereiro, 2016

KARLSSON, Elis - MOTHER SEA. [Foreword by Alan Villiers]. London : New York : Toronto, Oxford University Press, 1964. In-8.º (22,5cm) de xiii, [1], 264, [2] p. ; [10] p. il. ; E.
Livro de memórias do autor, um verdadeiro "lobo do mar".
Muito valorizado pelo seu autógrafo na f. rosto.
O prefácio é da autoria de Alan Villiers, comandante da marinha e conhecido jornalista australiano, cronista do The National Geographic, que em Portugal ficou associado a um dos best-sellers da nossa bibliografia marinha - A Campanha do Argus, onde A. Villiers narra as peripécias dos pescadores de bacalhau portugueses nos Bancos da Terra Nova.
Edição ilustrada com fotografias a p.b., sobretudo de veleiros, em folhas intercaladas no texto, impressas sobre papel couché.
                                            .....................
"This book is different. At last an Áland Island Finn, a careerman in sail, has put pen to paper. Elis Karlsson is an Áland Islander of the true school, who started at sea in small Baltic ships as a lad, graduated from from there to deep water and big square-riggers. He served in the famous Herzogin Cecilie as able seaman and as mate. He was mate in that fine ship when she drifted up on Bolt Head and was lost. He was mate of the big barque Penang, a vessel noted as hard on her officers. He was in steam, too, for a while, and was mate of the North Sea steamer Bodia when a gale flung her on the coast of Norway. He was not a dogwatch in these ships: he was in theme for years, voyage after voyage. The stuff of their voyagings and the fabric of their being became his life - for month after month, year after year, almost his whole life. He cared for the ships as a good mate should: he served them as seaman and as officer: he served under good masters (than whom none better ever commanded a bib Cape Horner than is brother-in-law, the late Captain Ruben de Cloux) and suffered under bad. There were some who were extremely bad, for there were always more good and faithful ships than good masters. The strain of the master's life in such ships was severe and unending: some broke under it. A few took to drink."
(excerto do prefácio)
Elis Karlsson (1905-1989). Natural das Ilhas Áland, arquipélago finlandês com cerca de 6.500 ilhas e ilhotas situadas à entrada do Golfo de Bótnia. Iniciou cedo a sua carreira de marinheiro, em 1919, na escuna de 3 mastros Näsborg. Depois de fazer carreira na marinha mercante no Baltico e no Mar do Norte, Elis Karlsson graduou-se em "deepsea sailing-ships", presumimos que, em Portugal, corresponda à Carta de Patrão de Alto Mar. Em 1947 foi viver para a Rodésia do Sul (actual Zimbabué) onde montou um estaleiro. Em 1964 publicou "Sea Mother", que relata a sua infância nas Ilhas Áland e sua experiência de velejador. Publicou outros três livros sobre viagens marítimas em que tomou parte. Faleceu no Zimbabué a 8 de Fevereiro de 1989.
Encadernação editorial em tela, revestida por sobrecapa protectora.
Exemplar em bom estado de conservação.
Invulgar e muito apreciado.
30€