1.ª edição.
Curioso e pouco conhecido livro de crónicas do autor sobre personalidades e assuntos da sua época. Trata-se de uma obra, em tudo diferente daquilo que Teixeira de Queiroz publicou, ou viria a publicar.
"Este livro não encerra todas as minhas opiniões ácerca dos aspectos da vida moral e material da hora presente, nem isso era possivel em notas escriptas ao acaso dos acontecimentos. São meras reflexões provocadas por incidentes sociaes, não constituem corpo de doutrina em nenhuma dos interesse do meu espirito, posto que a esmo se encontrem espalhadas as idéas que professo ácerca da épocha em que me encontro. [...]
Ao offerecer á estampa estas paginas consagrei-lhes cuidadoso trabalho de remodelação litteraria, dando-lhes n'esta ultima forma todo o esmero que o exercicio de escrever me tem ensinado. É um acto de probidade artistica, que sinto grande satisfação em cumprir quando encontro alguma investidura que melhor me quadre, para apresentar o pensamento. [...]
Encontrar-se-ha n'estas paginas, um pouco de tudo: litteratura, sciencia, politica, psychologia, paisagem, observação de costumes e, por ventura, um pulvilhado d'essa dolente ironia philosophica que a experiencia do viver nos trouxe."
(excerto do prólogo)
Francisco Teixeira de Queiroz (Arcos de Valdevez, 1848 - Sintra, 1919). “Romancista e contista, Francisco Teixeira de Queirós licenciou-se em Medicina, tendo ocupado diversos cargos públicos, entre os quais o de deputado, de vereador da Câmara Municipal de Lisboa e de ministro dos Negócios Estrangeiros, neste caso em 1915. Chegou a ser presidente da Academia das Ciências de Lisboa. Fundou em 1880, com Magalhães Lima, Gomes Leal e outros, o jornal «O Século», tendo também colaborado nos periódicos «O Ocidente», «Revista de Portugal», «Revista Literária», «Arte & Vida», «Ilustração Portuguesa», «A Vanguarda» e «A Luta», entre outros. Em 1876, publicou o seu primeiro romance, «Amor Divino», com o pseudónimo de Bento Moreno, que viria a usar em outros livros. A sua vasta obra está repartida em dois grupos: «Comédia de Campo» e «Comédia Burguesa», imitando assim a «Comédie Humaine», de Balzac, um dos seus mentores. Durante cerca de 40 anos, reformulou o seu plano e a sua doutrinação literária sobre o romance, procurando incansavelmente aplicar o seu programa realista-naturalista de base científica. Cultivou uma escrita de feição realista, fazendo uma crítica constante à alta sociedade lisboeta, evidenciando os seus costumes, os seus modos de agir e de estar perante a sociedade portuguesa em geral. Em algumas das suas obras, por outro lado, retrata de uma forma carinhosa e saudosa os seus tempos de infância, vividos na quietude da sua terra natal.”
Encadernação em meia de pele com nervuras, rótulos carmim e ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Trabalho de xilófago nas pastas e na lombada. Assinatura de posse na f. rosto.
Raro.
Indisponível
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