08 abril, 2025

FERRÃO, António - AS CAUSAS «IDEAIS» DA CONFLAGRAÇÃO E A FUNÇÃO PEDAGÓGICA DAS ACADEMIAS SCIENTÍFICAS APÓS A GUERRA.
(Discurso, seguido de muitas notas justificativas). Por... O Ensino Depois da Guerra. Coimbra, Imprensa da Universidade, 1918. In-4.º (25x16,5 cm) de 88 p. , B.
1.ª edição.
Tema interessantíssimo. Discurso-ensaio sobre "a alta função que está reservada às Academias Scientíficas na gigantesca obra de recuperação moral, após a Guerra".
Obra rara, útil para a bibliografia WW1.
"Mas era por acaso a sciência alemã e a pedagogia alemã dignas de serem seguidas e imitadas?
Não eram: e a prova disso está na guerra actual cujos poderosos factores devem procurar-se no estado de espírito da nação alemã, muito antes de se procurarem nas negociações políticas e diplomáticas que precederam a guerra, e que não passaram de simples causas eventuais, de meras conseqüências superficiais, - se bem que, por isso mesmo, se tornassem mais visíveis.
O que era o povo alemão, com o seu orgulho desmarcado e a sua ambição desmedida, conta-nos o notável filósofo francez Henri Bergson, num discurso célebre pronunciado, em dezembro de 1914, na Academia das Sciências Morais e Políticas de Paris. Diz êle:
«... A um tal povo nada do que pode ajudar a fixar a sua dominação, está interdicto. Que se lhe não fale de um direito indomável! O direito é que está escrito num Tratado; o tratado é o que respeita a vontade do vencedor, isto é, a direcção actual da sua fôrça: pois a fôrça e o direito são a mesma cousa; e se a fôrça agradar uma nova direcção o antigo direito torna-se história antiga, pois o tratado que o consagrou não passava de um farrapo de papel. Assim se traduzia em ideia o deslumbramento da Alemanha ante as suas victorias, ante a fôrça bruta que havia sido o meio, ante a prosperidade material que era o resultyado."
(Excerto de V. - A guerra actual é uma conseqüência da sciência e da pedagogia alemã)
António Ferrão (1884-1961). "Foi um erudito historiador e académico português da primeira metade do século XX. Nasceu em 1884, em Lisboa e morreu em 1961. Em 1933, foi membro efetivo da Sociedade de Geografia de Lisboa, tendo desempenhado as funções de vice-presidente de várias secções (Arte, Literatura, História e Geografia). É sucessivamente sócio correspondente (1921), efetivo (1925) e de mérito (1953) da Academia das Ciências de Lisboa; nela exerce as funções de inspetor da biblioteca, criador do museu histórico e diretor da coleção documental Corpo Diplomático Português, começado a publicar em 1862 por Rebelo da Silva, numa segunda edição (a anterior ocorrera em 1846). Foi, por fim, sócio fundador da Academia das Ciências de Portugal e sócio correspondente estrangeiro da Sociedade de Geografia de Madrid e da Academia de História da mesma capital (1924-1925).
Em termos de carreira na administração pública, António Ferrão parece ter ingressado e rapidamente ascendido nela aquando da implantação da República, em 1910. Assim, foi chefe de repartição e chefe de serviço da Direcção-Geral da instrução secundária, superior e artística e do ministério da Instrução Pública; trabalhou nas reformas pedagógicas do governo provisório, contribuindo para que Portugal aderisse à convenção de Berna de defesa da propriedade literária, científica e artística (1911); e desempenhou os cargos de secretário geral e diretor da Liga Nacional de Instrução (a funcionar na Sociedade de Geografia).
António Ferrão produziu uma bibliografia rica e variada na área da história, bibliografia, bibliotécnica, crítica das fontes e dos factos históricos, teoria e metodologia genética das fontes e história documental."
(Fonte: https://archeevo.amap.pt/descriptions/92556)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Sem capas. Impresso em papel de fraca qualidade. Frágil, com defeitos. Deve ser encadernado.
Raro.
Com interesse histórico.
35€
Reservado

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