27 janeiro, 2019

VASCONCELLOS, Sebastião Leite de - MEMORIA SOBRE A OFFICINA DE S. JOSÉ. Escola d'artes e officios para as crianças pobres e abandonadas. Fundada e dirigida na cidade do Porto pelo presbytero Sebastião Leite de Vasconcellos. 4 de outubro de 1885. Fundação, 18 de abril de 1880 - Inauguração, 4 de outubro de 1883. Porto, Typographia Commercio e Industria, 1885. In-8.º (20,5 cm) de 32 p. ; B.
1.ª edição.
Raríssimo opúsculo, primeiro que sobre as Oficinas de S. José vieram a lume, escrito e publicado pelo seu fundador - Sebastião Leite de Vasconcelos -, que escreve sobre as origens do projecto e relata os dificultosos primeiros anos da instituição. No final, inclui o "hino do trabalho que os jovens artistas das Oficinas de S. José cantam todos os dias".
"Era tempo de dar ao publico, e particularmente aos bemfeitores d'esta pobre Officina de S. José, uma noticia ou antes memoria relativa ao seu desenvolvimento.
Sempre embaraçado com milhares de cuidados que me absorvem o tempo, esperava dia a dia um momento, no qual tomando a penna, podésse descrever as occorrencias mais notaveis desde o dia da installação, ou melhor desde o dia em que principiei a trabalhar n'este sentido até ao momento presente.
Todos vós sabeis, Senhores, que esta obra principiada e cimentada pela pobreza, jámais poderia contar dous annos de existencia depois da sua definitiva installação se não fora o vosso obulo tão caritativo, que tantos infelizes tem podido guiar no ensino profissional.
Bem conhecia eu a difficuldade da empreza quando em 18 de abril de 1880 principiei sósinho a esmolar de porta em porta com o fim de levar a cabo uma obra, que eu tinha concebido na mente, mas cuja realisação não poderia pôr em prática sem estudar os modelos que perante mim se apresentassem. Em Portugal era uma obra nova e unica no seu genero."
(Excerto da 1.ª parte da obra)
Sebastião Leite de Vasconcelos (Porto, Sé, 3 de Maio de 1852 - Roma, 29 de Janeiro de 1923). "Foi um bispo português. Fez a instrução primária e secundária no Colégio dos Órfãos do Porto, entrando em 1868 para o Seminário do Porto, onde em 1871 recebeu as Ordens Menores. Foi ordenado presbítero em 15 de Novembro de 1874 pelo Cardeal-Bispo do Porto D. Américo Ferreira dos Santos Silva, e a 8 de Dezembro celebrou a sua primeira missa na Igreja de Santo Ildefonso, na mesma cidade. Exerceu sempre cargos relativos à Câmara Eclesiástica da Diocese e em 1883 fundou as Oficinas de S. José, tendo como principal objectivo a promoção de menores sem família, incutindo-lhes hábitos de trabalho e assegurando-lhes a formação humana, através da aprendizagem de um ofício e de uma educação moral e religiosa que lhes permitisse garantir o seu futuro na sociedade. O grande inspirador desta obra do então Pe. Sebastião, foi S. João Bosco, fundador da Pia Sociedade São Francisco de Sales, que teve a mesma acção pelos jovens orfãos em Turim, na Itália.
Apresentado Bispo de Beja por decreto de 1 de Agosto de 1907, e confirmado a 19 de Dezembro por Bula de S. Pio X, foi ordenado bispo na Sé do Porto a 2 de Fevereiro de 1908, data esta em que também escreveu a sua saudação aos diocesanos, na qual faz uma alusão aos “actos que são de domínio público e que tanto amarguram o coração da nossa Mãe, a Santa Igreja”, devido ao estado lastimoso em que se encontrava a diocese, vítima da secular indiferença religiosa. Tomou posse na diocese a 11 de Março, na Igreja do Salvador, tendo uma recepção fora do normal, pois segundo os relatos da época foi “imponentíssima e grandiosa”, e o número de participantes rondava os seis mil. Como gesto de caridade cristã, D. Sebastião vestiu completamente 57 crianças pobres da cidade. A sua primeira preocupação como Bispo de Beja foi a catequização do povo e o levantamento físico e moral do Seminário diocesano. No dia após a tomada de posse começou a percorrer ao Domingo as paróquias da cidade, fazendo as Conferências Quaresmais. Tendo também conhecimento de que os presos da cadeia civil de Beja dormiam em más condições, deu-lhes como esmola 20 enxergas.
Inicia pelos vários concelhos a sua visita pastoral, e a 28 de Setembro de 1910 dirige-se às freguesias dos concelhos de Moura e Barrancos, até ao dia 5 de Outubro, altura em que se deu a proclamação da República. Querendo regressar à cidade é avisado pelo Vice-Reitor do Seminário do lastimoso e inconveniente estado da cidade em estado de revolução, bem como dos desacatos cometidos no Paço Episcopal, do qual foram roubados documentos, móveies e obras de arte que foram queimados em frente da mesma habitação. Vendo-se impotente e com ameaças de morte, decide refugiar-se em Rosal de la Frontera e mais tarde no Seminário de Sevilha, esperando a altura propícia para regressar à diocese. Comunicando cinco anos depois a sua ausência ao Ministro da Justiça, bem como as nomeações para governadores do Bispado (o Vigário geral mais dois cónegos substitutos), o Governo respondeu-lhe com arrogância a 21 de Outubro, suspendendo-o de todas as temporalidades por se ter ausentado sem licença do poder civil, e declarou nulas as nomeações que tinha feito. D. Sebastião consultou a Santa Sé a fim de mostar a sua disponibilidade para renunciar ao Bispado, o que não lhe foi concedido. No entanto o Governo confiou provisoriamente o governo da diocese ao Arcebispo Metropolita, D. Augusto Eduardo Nunes, como administrador apostólico. Embora os Bispos portugueses tenham manifestado ao Ministério da Justiça a defesa de D. Sebastião, o Governo por decreto de 18 de Abril de 1911 destituiu o Prelado de Beja das suas funções e instaurou contra ele um processo judicial. Em 1912 D. Sebastião deixa Sevilha para ir para Roma, onde a 17 de Setembro de 1915 foi nomeado assistente ao sólio pontífico, e a 15 de Dezembro de 1919 foi elevado a Arcebispo titular de Damieta. Morreu em Roma a 29 de Janeiro de 1923, tendo sido os seus restos mortais transladados de Roma para o Porto, onde chegaram em Novembro de 1923."
(Fonte: Wikipédia)
Nasceu no Porto a 3 de Maio de 1852. Fez os primeiros estudos no Colégio dos Órfãos e o curso teológico no Seminário do Porto. Foi ordenado presbítero em 15 de Novembro de 1874. Apresentado bispo de Beja por decreto de 1 de Agosto de 1907, foi confirmado por Pio X, em bula de 19 de Dezembro. Sagrado na Sé do Porto em 2 de Fevereiro de 1908, fez a entrada solene na diocese a 11 de Março. Recusando-se a cumprir a prerrogativa da Coroa (lei de 28 de Abril de 1845) em matéria de procedimento disciplinar contra professores do seminário, protagonizou, logo no ano seguinte, um violento conflito com o governo, que conduziu à demissão do próprio ministro da Justiça, Francisco José de Medeiros. Na sequência do 5 de Outubro de 1910, e tendo sido informado da implantação República e de que o paço episcopal teria sido invadido, Sebastião Leite de Vasconcelos foge para Sevilha, onde se recolheu no Seminário. Passados cinco dias, comunicou a ausência ao ministro da Justiça e informou que tinha deixado como governador do bispado o vigário-geral e como substitutos dois cónegos. Por portaria de 21 de Outubro de 1910, o Governo suspendeu o prelado de todas as temporalidades, por se ter ausentado sem licença do poder civil. O ministro da Justiça, Afonso Costa, considera que este prelado não só faltou ao seu dever de residência como, não apresentando as desculpas devidas, agravou a situação. Em 18 de Abril de 1911, o Governo declarou D. Sebastião de Vasconcelos destituído das funções de bispo e governador da diocese de Beja e administrador dos bens da sua mitra, mandando instaurar contra ele processo interno judicial. Em 1912, publica em Lourdes um opúsculo intitulado 'Palavras de um exilado'. Em Novembro de 1912, fixa residência em Roma. Em 17 de Setembro de 1915 foi nomeado assistente ao sólio pontífico, e em 15 de Dezembro de 1919 foi nomeado arcebispo titular de Damieta. Morreu em Roma a 29 de Janeiro de 1923, tendo sido os seus restos mortais transladados de Roma para o Porto, onde chegaram em Novembro de 1923.
Nasceu no Porto a 3 de Maio de 1852. Fez os primeiros estudos no Colégio dos Órfãos e o curso teológico no Seminário do Porto. Foi ordenado presbítero em 15 de Novembro de 1874. Apresentado bispo de Beja por decreto de 1 de Agosto de 1907, foi confirmado por Pio X, em bula de 19 de Dezembro. Sagrado na Sé do Porto em 2 de Fevereiro de 1908, fez a entrada solene na diocese a 11 de Março. Recusando-se a cumprir a prerrogativa da Coroa (lei de 28 de Abril de 1845) em matéria de procedimento disciplinar contra professores do seminário, protagonizou, logo no ano seguinte, um violento conflito com o governo, que conduziu à demissão do próprio ministro da Justiça, Francisco José de Medeiros. Na sequência do 5 de Outubro de 1910, e tendo sido informado da implantação República e de que o paço episcopal teria sido invadido, Sebastião Leite de Vasconcelos foge para Sevilha, onde se recolheu no Seminário. Passados cinco dias, comunicou a ausência ao ministro da Justiça e informou que tinha deixado como governador do bispado o vigário-geral e como substitutos dois cónegos. Por portaria de 21 de Outubro de 1910, o Governo suspendeu o prelado de todas as temporalidades, por se ter ausentado sem licença do poder civil. O ministro da Justiça, Afonso Costa, considera que este prelado não só faltou ao seu dever de residência como, não apresentando as desculpas devidas, agravou a situação. Em 18 de Abril de 1911, o Governo declarou D. Sebastião de Vasconcelos destituído das funções de bispo e governador da diocese de Beja e administrador dos bens da sua mitra, mandando instaurar contra ele processo interno judicial. Em 1912, publica em Lourdes um opúsculo intitulado 'Palavras de um exilado'. Em Novembro de 1912, fixa residência em Roma. Em 17 de Setembro de 1915 foi nomeado assistente ao sólio pontífico, e em 15 de Dezembro de 1919 foi nomeado arcebispo titular de Damieta. Morreu em Roma a 29 de Janeiro de 1923, tendo sido os seus restos mortais transladados de Roma para o Porto, onde chegaram em Novembro de 1923.
Exemplar brochado em razoável estado de conservação. Capas apresentam falhas de papel relevantes nas margens. Pelo interesse e raridade justifica trabalho de restauro e encadernação.
Muito raro.
Com interesse histórico.
Sem registo na BNP.
Peça de colecção.
Indisponível

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