10 janeiro, 2019

GUERRA, Maria Sofia Pomba - DOIS ANOS EM ÁFRICA. Prefácio de Vitorino Nemésio. Ilustrações de Aurora Severo. [S.l.], Edição da Autora, 1935 [na capa, 1936]. In-8.º (19 cm) de XIII, [1], 206, [4] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Romance colonial, resultante das vivências da autora em África. Um jovem - Rafael - abandona os estudos em Coimbra para embarcar com destino a Moçambique. As primeiras 33 páginas da obra são dedicadas ao ambiente estudantil, pejadas de referências às tradições universitárias coimbrãs.
Livro valorizado pela dedicatória autógrafa da autora.
Ilustrado ao longo de texto com belíssimos desenhos.
"Livro de impressões coloniais vagamente romanceadas - um jovem a colocar, um tio utopista que o chama e a selva de Moçambique como fundo e quási como desfecho -, não são poucas as suas páginas em que começa a levantar-se diante de nós a nebulosa que prometia uma estrêla, ou seja, o comêço de conflito que anunciava um drama."
(Excerto do Prefácio)
"Nessa manhã de inverno e sol, complacente, desprendera sôbre a terra um bafo morno. A diafaneidade reverberante de luz, a pureza tépida da doce viração alagavam o coração de Rafael em ondas de prazer.
Da pasta tremulava já um «grêlo» azul. Deitou a capa ao ombro, consultou o relógio: faltavam dois minutos e o átrio das Químicas, ali perto, estava meio deserto.
Sentados nos plintos das colunas, dispersos pelas escadas de entrada, uma dúzia de colegas falazavam.
Media o tempo a cadência dos passos; a voz das raparigas, em notas mais agudas, ritmava o sussurro e, lá dentro, no ádito, iam-se aglomerando novos grupos.
O archeiro, agaloado de verde, apertado no uniforme justo, ia gastando o tempo. [...]
Rafael enveredou seus passos para o Castelo. Por tôda a parte enxameiam manchas negras de capas.
Cêrca da Associação Académica há grande falazar: troços de moços contravêm com sanha, invectivam outros com afã inimigos irosos e cada qual porfia em alfaiar o preferido com mais avantajada cópia de primores. Próximas estão as eleições para o Senado e os moços estudantes não cessam afanosos combates em prol da sua dama: a Idea."
(Excerto do texto)
Maria Sofia Pomba Guerra (Elvas, 1906 - Cascais, 1976). "Mulher revolucionária na sua geração, manteve uma intensa actividade política, sendo uma activa militante antifascista e anticolonialista. Em 1949 tornou-se a primeira mulher branca a ser presa e deportada para a metrópole, ficando detida em Caxias até Julho de 1950.
Farmacêutica, analista e professora, Maria Sofia Carrajola Pomba Amaral da Guerra nasceu em Elvas, a 18 de Julho de 1906. Frequentou a Universidade de Coimbra na década de 20, juntamente com o futuro marido, Platão Zorai do Amaral Guerra, e terá estado inscrita em mais do que um curso."
(Fonte: FB, Antifascistas da Resistência)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Indisponível

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