OLIVEIRA, Francisco Xavier d'Athayde - AS MOURAS ENCANTADAS E OS ENCANTAMENTOS NO ALGARVE. Com sete gravuras, uma canção para piano e algumas notas elucidativas ao texto.. Por... Bacharel formado em Theologia e Direito pela Universidade de Coimbra, e Conservador Privativo do Registo Predial da comarca de Loulé. Tavira, Typographia Burocratica, 1898. In-8.º (21cm) de XXV, [1], 302, [8] p. ; [8] f. il. ; B.
1.ª edição.
Edição original desta belíssima recolha de lendas algarvias. Ilustrada com oito bonitas fotogravuras intercaladas no texto.
"Em um dia de primavera do anno 1249 perceberam os christãos dos arredores de Loulé grande arruido de armas e vozes na parte interior do castello. Os vigias corriam pelas ameias, os chefes cabildas empunhavam as suas cimitarras, os atabales e anafis soavam ferozmente por entre a mais estrondosa algazzarra. No meio de todos, o governador do castello, com o seu turbante verde, distintivo manifesto de que estava revestido das honras de xarife inherentes ao mouro que por tres vezes visita Meca, dava ordens precizas, e corria a todos os logares, onde a sua presença era necessaria, com uma prontidão de pasmar.
Era o governador do castello um mouro valente e arrojado. Nascera em Tanger, onde de criança começara a exercitar-se nas armas, sem prejuizo dos estudos profundos das sciencias do seu tempo. Conhecia os segredos dos combates como os misterios da magia: era um soldado invencivel e um crente convicto. Na manhã d'este chegara ao castello das bandas de Faro um adail com más novas: Affonso 3.º tomara o castello de Faro e commettera a D. Paio Peres Correia a missão de atacar com a maior presteza o castello de Loulé."
(excerto de O Combate)
Índice:
Introducção. Loulé; O Combate; A Moura Cassima; Outras Mouras Encantadas de Loulé; Casos Modernos em Loulé; Lenda em verso da Moura Cassima; A Moura de Salir; A Moura de Alte; A Moura de Ameixial; A Moura de Querença; Referencias de Boliqueime; Referencias de Almancil; Os Mouros de Albufeira; As Mouras de Paderne; As Mouras de Faro; O Encantamento de Estoy; Os Mouros de Alportel; A Moura de Olhão; Moncarapacho; O Abysmo dos Encantados; A Torre de Bias; Tavira; O Poço de Vaz Varella; A Moura do Castello de Tavira; Os Mouros de Castro Marim; A Moura de Alcoutim; A Moura de Vaqueiros; A Moura de Giões; A Moura de Silves; O Encantamento de Algós; A Moura de Pera; A Encantada de Porches; Estombar; A Zorra Berradeira; Gens ou Jens; A Cobrinha do Barranco; O Tacho do Thesouro; A Fonte Coberta; O Forno da Cal; O Palacio sem Portas; A Mourinha de Bensafrin; O Touro de Carapetola; A Fonte de Espiche; Dom Almendo; Notas.
Francisco Xavier de Ataíde Oliveira (1842-1915). “Nasceu em Algoz, concelho de Silves, a 10 de outubro de 1842, e morreu em Loulé a 20 de novembro de 1915. Originário de uma família de pequenos proprietários agrícolas, frequentou os estudos preparatórios no Liceu de Faro e matriculou-se no Seminário de São José, a fim de seguir a vida eclesiástica, concluindo o curso em 1866. Em 1968 foi consagrado presbítero, desempenhando funções de Capelão da Universidade de Coimbra, na qual se formou em Direito (1874) e Teologia (1875). Em 1885 foi nomeado Conservador do Registo Predial de Loulé, serviço onde desempenhou as funções de Conservador adjunto desde 1882. Enquanto jornalista, desenvolveu uma colaboração regular com a imprensa regional, tendo sido autor de publicações que versaram os domínios da história, arqueologia e etnografia. Ainda neste âmbito fundou e dirigiu o primeiro jornal em Loulé, O Algarvio, periódico regionalista que manteve atividade entre 1889 e 1893. O seu contributo no domínio da etnografia portuguesa no final do século XIX centrou-se nos estudos pioneiros da literatura oral e tradições populares algarvias. Durante a sua passagem por Coimbra, que se prolongou até 1875, privou com algumas das personalidades proeminentes da “Geração de 70”, nomeadamente com Teófilo de Braga, reconhecendo-se as suas influências no domínio histórico e etnográfico relativo à recolha do romanceiro e do lendário algarvio, que constituiu o essencial das principais obras etnográficas de Ataíde Oliveira. Da sua produção etnográfica destaca-se a obra As Mouras Encantadas e os Encantos do Algarve (1898), considerado o seu primeiro ensaio sobre tradições populares, lendas e superstições. Publicou Contos infantis (1897) e Contos tradicionais do Algarve (2 vols., 1900 e 1905), Romanceiro e Cancioneiro do Algarve – Lição de Loulé (1905), estudos que resultaram da compilação da tradição oral regional, compreendendo contos, lendas, orações, superstições e ladainhas populares, entre outras formas de narrativas populares.”
(fonte: http://www.matrizpci.dgpc.pt/)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Cadernos soltos por ausência da lombada. Capas frágeis com defeitos. Pelo interesse e raridade, justifica reparação e encadernação.
Raro.
Indisponível
Sem comentários:
Enviar um comentário