17 julho, 2017

COSTA, Henrique Luiz Feijó da - DESCRIPÇÃO DAS ARMAS REAES DE PORTUGAL. Dos brazões das cidades e das principais villas do Reino, e explicações das insignias d'algumas d'ellas. Por... Lisboa, Typ. Lisbonense de Aguiar Vianna, [1857]. In-8.º (15cm) de 48 p. ; B.
1.ª edição.
Curioso opúsculo, publicado pelo autor quando ainda adolescente.
Cidades e vilas consideradas:
Abrantes; Albufeira; Alemquer; Ancições [Ansiães]; Arraiolos; Aveiro; Alter do Chão; Aviz; Barcellos; Béja; Beringel; Borba; Braga; Bragança; Cabeça de Vide; Campo Maior; Campo d’Ourique; Castello Branco; Castello Rodrigo; Castello de Vide; Celorico; Certã; Chaves; Cintra; Coimbra; Coruche; Covilhama [Covilhã]; Elvas; Ericeira; Extremoz; Evora; Faro; Freixo d’Espada á Cinta; Funchal; Goa; Gouvea; Grandola; Guarda; Guimarães; Idanha a Nova; Juromenha; Lagos; Lamego; Leiria; Linhares; Macau; Miranda; Monforte; Monsanto; Monte-Mór-o-Novo; Monte-Mór-o-Velho; Monção; Moura; Mourão; Niza; Obidos; Olivença; Ourem; Palmella; Penella; Pedrogão Grande; Penafiel; Penamacor; Pinhel; Ponte de Lima; Portel; Portalegre; Porto; Povos; Sabugal; Santarem; Silves; Setubal; Sortella; Tavira; Thomar; Torre de Moncorvo; Torres Novas; Torres Verdras; Trancoso; Valença; Vianna do Minho; Villa do Conde; Villa Nova da Cerveira; Villa Ferreira; Villa Flor; Villa de Mello; Villa Real; Vizeu.
Sobre esta obra e o seu autor, com a devida vénia, transcrevemos um excerto do excelente trabalho de Miguel Metelo de Seixas - Heráldica, representação do poder e memória da nação o armorial autárquico de Inácio de Villena Barbosa (Universidade Lusíada, 2011)
Henrique Luís Feijó da Costa (1842-1864) nasceu a 10 de Outubro de 1842, sendo filho de José Luís da Costa e de D. Maria do Carmo Feijó de Sousa e Mello; era neto materno de José Feijó de Mello e Albuquerque, chanceler-mor do Rio de Janeiro, e sobrinho de Diogo António Feijó, bispo de Mariana e também ele personagem grada do Império do Brasil. CHAGAS, M. Pinheiro, op. cit., pp. 17-20.
O autor entroncava, pelo lado materno, numa linhagem da alta sociedade brasileira, e viria a dedicar-se aos estudos de história da arte, nos quais se distinguiu. Este precoce investigador, intrigado com os enigmas colocados pelos emblemas coloridos que admirara nas festas da aclamação de D. Pedro V, dedicou-se ao estudo das fontes da heráldica municipal. Em resultado das suas pesquisas, veio a coligir um volume publicado em 1857, a expensas da família, sob o título Descripção das Armas Reaes de Portugal. Dos brazões das cidades e das principaes villas do Reino, e explicação das insignias d’algumas dellas. O opúsculo contava meia centena de páginas, iniciando-se com uma breve dissertação sobre a origem e as variações históricas das armas reais. Logo aí, o autor revelava certo espírito crítico: ao invés de se cingir à explanação mítica tradicional, o seu texto mesclava a menção das origens lendárias com a procura de factos documentados, num esboço polémico que incluía um incipiente “estado da questão” sobre o tema das armas reais vista à luz da discussão, então em curso, em redor do milagre de Ourique. Seguiam-se, por ordem alfabética, as armas das cidades e vilas principais do reino. Todas apresentavam o respectivo ordenamento heráldico, embora só para algumas Feijó da Costa tivesse encontrado qualquer género de explicação; limitação que, aliás, deixara explícita no próprio título do volume. Ao todo, eram dadas à estampa as descrições de 84 armas municipais. [...] Dava-se primazia às armas reais, entendidas como símbolo próprio não só do rei, mas sobretudo do reino e da sua continuidade, operada sob a égide dinástica: neste sentido, as variações da heráldica régia eram entendidas como resultantes de circunstâncias históricas, que aquelas espelhavam. As armas das cidades e vilas formavam um conjunto que o autor procurou completar tanto quanto pôde, dando notícia de 82 povoações do reino e duas ultramarinas (Goa e Macau) apresentadas por ordem alfabética, numa espécie de rastreamento heráldico do território metropolitano. Desta forma, articulava-se a caracterização das armas do reino, representativas da organização política central, com as dos municípios, identificativas dos corpos administrativos locais. [...]
Pelo seu carácter inovador, e por responder a um tema que havia suscitado manifesta curiosidade popular, seria expectável que o livro de Feijó da Costa colhesse êxito e passasse à posteridade como difusor de um saber até então não publicitado. Mas não foi assim. O armorial passou quase despercebido aos olhos dos seus contemporâneos, e jouve praticamente esquecido até aos nossos dias. Diversos factores ajudam a compreender o insucesso da Descripção…: em primeiro lugar, a sua reduzida tiragem editorial e as circunstâncias peculiares que lhe deram origem. O compilador, não obstante a sua manifesta erudição, não passava de um jovem ainda sem carreira definida, cuja obra fora realizada num âmbito diletante, beneficiando do investimento familiar ou mecenático para a respectiva edição. Deveria tratar-se de um volume considerado com interesse, talvez com orgulho, pelos que tinham relações pessoais com o autor, mas desprovido de divulgação fora do círculo restrito dos seus conhecidos: progenitores, parentes, mestres, patronos, colegas, amigos. Uma obra curiosa, denotativa de um talento que começava a afirmar-se. As características gráficas do livro coadunavam-se com tal espírito, pois a única imagem visível era a das armas reais, figuradas na capa; das 84 insígnias municipais, apenas constavam os respectivos ordenamentos heráldicos, evidentemente pouco propícios para captar a atenção dos leigos na matéria. A nomeada das suas investigações consagradas jamais chegou a projectar-se retrospectivamente sobre aquele seu primeiro trabalho do foro heráldico, para o que terá contribuído a circunstância de Feijó da Costa ter sofrido uma morte precoce, aos 22 anos de idade, não chegando portanto a produzir as obras e obter a consagração pública que os seus trabalhos deixavam prever. Por esta série de motivos, a Descripção das Armas Reaes de Portugal. Dos brazões das cidades e das principaes villas do Reino, e explicação das insignias d’algumas d'ellas permaneceu conhecida de poucos, não chegando a gozar da projecção que poderia ter resultado quer da sua qualidade, quer do seu carácter inovador.
A data da edição não consta da obra, mas é dada por SILVA, Innocencio Francisco da; ARANHA, Brito, Diccionario…, vol. X, pp. 15-16."
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas simples, lisas. Páginas apresentam manchas de oxidação e pequenos defeitos nas margens.
Muito raro.
Peça de colecção.
A Biblioteca Nacional possui apenas um exemplar.
Indisponível

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