25 fevereiro, 2015

CRAVEIRINHA, José - CHIGUBO. Lisboa, Edição da Casa dos Estudantes do Império, 1964. In-8º (16cm) de 35, [1] p. ; B. Colecção Autores Ultramarinos, 14
Capa de José Pádua.
1.ª edição.
Rara edição original da primeira obra do autor.
"Considerado o maior poeta africano de língua portuguesa e, em particular, um dos fundadores da literatura moçambicana. Referindo-se à sua importância na cultura moçambicana, Mia Couto afirma que “Craveirinha está para Moçambique como Camões está para Portugal”, não havendo distância entre escritores contemporâneos e antigos em Moçambique, como acontece na literatura portuguesa. Mia Couto salienta ainda: “do ponto de vista da intensidade, da maneira como ele marcou toda uma geração, inclusivamente os prosadores como eu, ele é uma espécie de marco, de fundamento, é o nosso chão, é o chão da nossa literatura." 

"... Mas põe nas mãos de África o pão que te sobeja
e da fome de Moçambique dar-te-ei os restos da tua gula
e verás como também te enche o nada que te restituo
dos meus banquetes de sobras,

Que para mim
todo o pão que me dás é tudo
o que rejeitas, Europa!"

(Imprecação)

José Craveirinha (1922-2003). "Escritor moçambicano, José Craveirinha nasceu a 28 de Maio de 1922, em Lourenço Marques (actual Maputo), e faleceu a 6 de Fevereiro de 2003, na África do Sul. Filho de pai algarvio cuja família partira para Moçambique em 1908 em busca de fortuna, estudou na escola "Primeiro de Janeiro", pertencente à Maçonaria. Ainda adolescente, começou a frequentar a Associação Africana. Colaborou n'O Brado Africano , que tratava de assuntos de carácter local e que dissessem principalmente respeito à faixa da população mais desprotegida. Fez campanha contra o racismo no Notícias , onde trabalhava, tendo sido o primeiro jornalista oficialmente sindicalizado. Em 1958, começou a trabalhar também na Imprensa Nacional. Continuou no Notícias até à fundação do jornal A Tribuna , em 1962. Entre 1964 e 1968 esteve preso, em virtude da sua ligação à FRELIMO, mas teve a oportunidade de conhecer na prisão o pintor Malangatana. Começou a escrever cedo, mas a sua poesia demorou a ser publicada. Em Lisboa, a primeira obra a surgir foi Xigubo, em 1964, através da Casa dos Estudantes do Império. A partir de determinada altura, a consciência política do autor passou a reflectir-se em obras como O Grito e O Tambor. Apesar de a sua obra reflectir a influência dos surrealistas, é fortemente marcada por todo um carácter popular e tipicamente moçambicano. A sua poesia possui um carácter social que radica nas camadas mais profundas do povo moçambicano. Escritor de ligações afectivas com Portugal, foi-lhe atribuído o Prémio Camões em 1991 e recebeu condecorações dos presidentes de Portugal e de Moçambique, Jorge Sampaio e Joaquim Chissano respectivamente. Vice-presidente do Fundo Bibliográfico de Língua Portuguesa, escritor galardoado com o prémio "Vida Literária" da Associação de Escritores Moçambicanos, foi homenageado no dia 28 de Maio de 2002, na sequência da iniciativa do governo moçambicano em consagrar o ano de 2002 a José Craveirinha."
(in http://www.wook.pt)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Indisponível

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