PINTO, Silva – O MUNDO FURTA-CÔRES. Lisboa, Parceria Antonio
Maria Pereira, 1900. In-8º peq. (12,5cm) de [8], 365 p. ; E.
1.ª edição.
Conjunto de deliciosas crónicas de Silva Pinto sobre os mais
variados temas da cena nacional, sempre pinceladas da sua característica ironia.
“Diz algures o Balzac: - «O homem é sempre castigado, por
fazer o bem. Deus não quer que lhe usurpem os seus direitos.» Esta explicação
satisfaz. É a intervenção orientada da Providencia nos casos de desorientação
sentimental em que a gente quebra a cabeça nas ingratidões e n’outras
semsaborias da vida. De ingratidões não lhes falo, porque não ha propriamente
culpados de tal delicto: o que ha é um feitio
da alma, e quem não é ingrato constitue excepção.
A rapariga que ao termo de vinte anos se separa do pae e da mãe, que se
esfalfaram e sacrificaram por ella, e os esquece por um bigorrilhas que lhe
cubiça o dinheiro ou as carnes, é ingrata por feitio de alma,
inconscientemente, e espantada ficaria, como o pae ou a mãe, se um extranho a
accuzasse de ingratidão. E é assim em toda a linha da mixórdia.”
(excerto de, Por esta
vida)António José da Silva Pinto (1848-1911). "Foi um crítico literário, ensaísta, dramaturgo e romancista português, da segunda metade do século XIX. Foi um dos principais doutrinadores do Realismo-Naturalismo, privilegiando a estética de Balzac, de cuja obra foi tradutor e grande admirador, e a crítica de Gustavo Planche. Depois de uma passagem pelo colégio de jesuítas de Campolide, começa a trabalhar como ajudante de despachante de alfândega. A partir de 1872, dedica-se ao jornalismo, estreando-se como colaborador no jornal O Trabalho e fundando, juntamente com Magalhães Lima, Gomes Leal, Guilherme de Azevedo e Luciano Cordeiro, a revista literária O Espetro de Juvenal. Ao longo da sua vida, deixará uma imensa colaboração dispersa por periódicos como O Ocidente, Jornal da Tarde, A Atualidade, A Voz do Povo, Revista do Norte e Revista Literária, parte da qual foi posteriormente recolhida nos três volumes dos Combates e Críticas. Em Espanha, combate ao lado dos republicanos contra os carlistas. Depois de uma estada de dois anos no Brasil, regressa a Portugal."
(in infopedia)
Encadernação coeva em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. Lombada algo desgastada, apresenta ainda picadas de insecto.
Invulgar e muito apreciado.
20€
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