BELDEMONIO – VIAGENS NO CHIADO : apontamentos de jornada de
um lisboeta através de Lisboa. Por… (Ed. de Barros Lobo). Porto, Barros &
Filha, Editores, 1887. In-8º (18,5cm) de XVI, 311, [1] p. ; E.
1.ª edição.
Crónicas de costumes sobre Lisboa e os lisboetas do final do século XIX.
“A physiologia de Lisboa é um trabalho que ainda está por
fazer. Estudar a capital nos seus dias e nas suas noites, em todas as
manifestações da sua vida, nas suas ruas e no interior das suas casas;
investigar os phenomenos do seu funcionamento e os segredos do seu organismo;
saber que genero e grau de influencia ella exerce como factor mesológico sobre
o individuo; surprehendel-a ao acordar e espreital-a quando se recolhe ao
somno, seria um curioso exercicio, fertil em descobertas de toda a especie e
bom para tentar o espirito mais exigente. Estas chronicas são esse exercício,
realizado ao acaso dos dias e ao sabor da fantasia, sem disciplina, sem caso
pensado de preconceitos didacticos. […]
Estes apontamentos sobre Lisboa são, em boa verdade, a chronica
da decadência. O exame d’este final de seculo determinou a descoberta de uma
nevrose especial, feita de vicios que parecem virtudes, o que é mau, e de
virtudes que parecem vícios, o que é muito peor; e essa nevrose, de uma
terrivel segurança nos seus efeitos, em parte nenhuma se radicou ainda tão
fundo como aqui. É d’ella que estas chronicas, tambem doentias, são o reflexo
fiel…”
(excerto da introdução)
Beldemónio, pseudónimo de Eduardo de Barros Lobo
(1857-1893). Cronista, jornalista, contista e tradutor português. Albino Forjaz
de Sampaio chamou-lhe "um
guerrilheiro, um franco-atirador das letras". “Tendo frequentado o
Seminário de Coimbra, mudou-se para o Porto, onde iniciou a sua carreira
jornalística, colaborando em jornais como A Luta, Dez de março, O
Primeiro de janeiro, A Folha Nova, O Jornal de Notícias, onde
começou a assinar com o pseudónimo que o iria celebrizar, Beldemónio, e Vespas,
revista humorística que fundou em 1880. Mudando-se para Lisboa, prosseguiu a
sua carreira de cronista no Diário de Notícias e fundou os jornais de
crítica social A Cega-Rega (1881), O Mandarim (1881), O Arauto
(1886) e a revista A Má Língua (1889), cujo espírito de sátira mordaz
lhe granjeou ataques e perseguições. Muitas das suas crónicas do quotidiano
foram reunidas nos volumes Viagens no Chiado (1887) e Do Chiado a S.
Bento (1890).”
Encadernação coeva em meia de pele com ferros gravados a
ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Com defeitos de monta
nas pastas e na lombada, sobretudo na pasta anterior.
Invulgar.
Indisponível
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