CASIMIRO, Augusto – A PRIMEIRA NAU. Pôrto, Renascença Portuguesa, 1912. In-8º
(19cm) de 19, [1] p. ; B.
Muito rara e apreciada obra poética do autor, numa bonita edição totalmente impressa sobre papel couché.
“Quási não pulsa o Mar, calmo e abandonado,
No silêncio da noite a murmurar…
- Coração infantil, como um leão domado,
O coração do Mar…
Vêm ondas bater, mansas, nos rudes flancos…
As belas mãos! que doces mãos a acarinhar!
Brandas mãos que parecem lírios brancos
E afagos de luar…
Na beleza amorosa e enternecida
Daquela noite religiosa e mansa,
Sobre a equipagem, sobre a nau adormecida,
Ergueu-se a voz religiosa e comovida
Da Saùdade, - e a voz ansiosa da Esperança…”
(excerto do poema, A
Evocação da Saudade)
Augusto Casimiro dos Santos (1889-1967). “Escritor e
militar português. Após a conclusão dos estudos liceais em Coimbra, em 1906,
integrou a Escola do Exército. Como oficial, participou na Campanha da Flandres
(1917-18) durante a Primeira Guerra Mundial, o que lhe valeu várias
condecorações e a promoção a capitão. Exerceu também o cargo de governador do
Congo português, de secretário do Governo-Geral de Angola, em 1914, e
acompanhou a missão de delimitação da fronteira luso-belga em África. Por se
opor ao regime nacionalista, esteve preso na Ilha de Santo Antão, em Cabo
Verde, na década de 30, regressando a Lisboa, em 1936, graças a uma amnistia.
Um ano depois, foi de novo reintegrado no Exército português, mas como reserva.
A experiência militar marcou a sua escrita, especialmente em
Nas Trincheiras da Flandres (1919) e Calvários da Flandres (1920). Como autor
de poesia, ficção e textos de intervenção, em que manifestava a sua filiação no
ideário republicano, o escritor publicou ainda, entre outros livros, Para a Vida (1906), A Evocação da Vida (1912), Primavera
de Deus (1915), A Educação Popular e
a Poesia (1922), Nova Largada
(1929) e Cartilha Colonial (1936),
obra na qual manifestou o seu desejo patriótico de afirmação de Portugal no mundo.
De referir que Augusto Casimiro foi colaborador da revista Águia e cofundador (1921), dirigente e redator (1961 a 1967) da
revista Seara Nova, principal órgão
de comunicação que se oponha democraticamente ao regime de Salazar e ao Estado
Novo.”
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Discreta
dedicatória na capa. Folhas ligeiramente oxidadas.
Raro.
15€
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