MORAES, Castelo de - SANGUE BÁRBARO. Lisboa, [s.n. - Composto e impresso na Tip. da Gazeta dos Caminhos de Ferro], 1924. In-8.º (19cm) de 169, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Obra constituída por nove contos.
Muito valorizada pela dedicatória do autor a Augusto Ferreira Gomes, poeta do Primeiro Modernismo.
"Há umas tarde em Lisboa que lembram o suicidio.
Vem
quasi sempre em meiados de Janeiro. O sol de manhã aclára
hipòcritamente; pelo meio dia uma cinza baça vae barrando a cúpula do ceu
em grandes pinceladas opácas. Depois concentra-se, envolve e as nuvens
descem a poucos metros dos campanários. Não chove. Um vento especial
zune em rajadas sacudidas, de mau agoiro. [...]
As mulheres
passam curvas, cabisbaixas, a cortar o vento. Nos chapeus as plumas
vibram n'um desespero como flámulas de socorro. Está-se mal. Não é o
Inverno que se afirma, é alguma coisa, um pedaço de Esperança que se vae
embora..."
(excerto de Coxo...)
Contos: -
Coxo... - Inviolada... - O azulejo de Val-d'Homem. - Extrema-Uncção. -
Transfiguração. - A teoria do professor «La Foule». - Um Homem... -
Relógio de minuetes. - A Sombra de Hercules.
José Gabriel Correia Castelo de Morais (1882‐1949). Natural de Lisboa. Jornalista, contista, escritor policial e tradutor. Colaborou com a revista Orpheu, Ilustração Portugueza
e outras publicações da época. Ricardo Daunt diz que a sensibilidade de
Castelo de Morais é tributária em parte das correntes preparatórias do
modernismo, a elas acrescentando um tom alucinatório que comunica
ligeiramente com o vertigismo dislexical de Raul Leal, uma de suas
influência no âmbito do Orpheu. Pertenceu à tertúlia da Brasileira do
Rossio que, em 1916, ocupava geralmente as duas mesas ao fundo, junto à
escada. Segundo Eduardo Freitas da Costa, na sua obra Fernando Pessoa, Notas para uma Biografia Romanceada,
para além de Fernando Pessoa, pertenciam ao grupo Augusto Ferreira
Gomes, Júlio Teles Pereira, Da Cunha Dias, Fernando Bravo, João Silva
Tavares, Fortunato da Fonseca, Júlio de Vilhena, Luís de Montalvor,
António Bossa, Francisco da Silva Passos, Alfredo Pedro Guisado,
Francisco Fernandes Lopes, Vitoriano Braga, Mariano Santana,
Côrtes-Rodrigues e Leonardo Coimbra, Teixeira de Pascoais e José Castelo
de Morais, quando vinham a Lisboa. Não foi grande a sua produção
literária. De acordo com a BNP, publicou: Côreo (1910), Avé Eva (1916), Sangue Bárbaro (1924) e A Grande Empresa (1934). Publicou pequenos contos na «Colecção A Grande Novela». Escreveu ainda os versos para Cantos de Lisboa : Festas da Cidade (1935), e traduziu autores estrangeiros.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. capas sujas com defeitos. Lombada apresenta sinais do manuseio.
Raro.
Indisponível
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