ARAUJO, Norberto de - MURTOSA. Trecho de luz apoteotica dando na soberba marinha da ria; oração da natureza complacente e prodiga acorrendo ao festejamento da obra administrativa dos homens com a sua graça toda poderosa e a sua original ternura. [S.l.], [s.n. - imp. Ottosgrafica, Lisboa], [1927]. In-8.º (18,5cm) de XV, [1] p. ; B.
Junto com:
GIL, Augusto - CINTURINHAS DA MURTOSA. [Poema]. Pagela (10x17,5cm)
(Do livro «Avena Rustica» no prelo)
"Não é uma aldeia que renasceu, como as que vieram dos romanos, e tiveram termas, e atrios, e ainda tem, sob os nossos pés, os mosaicos onde os cristãos desenhavam peixes. Não é uma vila que tenha historia, tombo, brazão e pergaminhos nos frontais dos solares de ricos senhores, perdidos, nos romances e nos manuscritos, e cujo castelo roqueiro se restaurasse. A Murtosa, como Perdelhas, como a Gafanha, como Pardilhó, não renasceu.
Criou-se! Havia a areia e havia o mar. O sol, e o fundo da ria. Desceram da montanha os homens robustos; enquadraram o seu sangue no sangue nomada e lendario dos fenicios, de fronte alta e costumes airosos, quasi elegancia de cisnes, que ficaram na prôa dos barcos esveltos no andar da laguna, e no talhe das mulheres, que são anforas postas a pisar ao compasso intimo do seu destino.
E deu isto. Esta terrinha, esta cidade - fez-se por si, como uma menina que não tivesse conhecido pai ou resto de solar e que uma fada tivesse fadado princesa. A Murtosa - é um simbolo da raça portuguesa, eu não sei porque misterio de cruza ou porque beijos da sorte, um simbolo de trabalho humilde, de amor á terra e ao mar, que deu expontaneamnete marinheiros e pescadores, lavradores e jardineiros, proas de barcos de fundo chato e navios de alto bordo, engalanados de velas, que vão dali perto para a conquista dos Bancos da Terra Nova."
(excerto de Murtosa, de Norberto de Araújo)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas manchadas. Capa com pequena falha de papel no canto inferior dto.
Raro.
Indisponível
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