CORVO, João de Andrade - PERIGOS. Lisboa, Typographia Universal de Thomaz Quintino Antunes, Impressor da Casa Real, 1870. In-4º (22,5cm) de 162, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Na contracapa encontra-se impresso o preço (300 réis) seguido da seguinte inscrição: O producto da venda é destinado á subscripção que actualmente promove a Comissão portugueza de socorros a feridos e doentes militares em tempo de guerra.
Na contracapa encontra-se impresso o preço (300 réis) seguido da seguinte inscrição: O producto da venda é destinado á subscripção que actualmente promove a Comissão portugueza de socorros a feridos e doentes militares em tempo de guerra.
"Uma grande transformação se está passando na Europa; transformação violenta que tem a força como meio, a ambição de dominar como fim.
O direito, esquecido ou despresado, mal faz ouvir a voz nos conselhos das grandes nações para provar a sua impotencia. O orgulho e as paixões criminosas impõem arrogantes os seus dictames, para que se não ouçam as justas reclamações dos povos. Ao fragor das armas, ao estrondo das batalhas a justiça foge espavorida e a liberdade vela a face para que a não affrontem nem o despotismo nem a anarchia. [...]
No meio do perigo universal, é immenso o perigo para as pequenas nações. Onde a força domina só, os fracos são sacrificados á cubiça brutal dos fortes."
(excerto do texto)
"Andrade
Corvo foi de facto um visionário, analisando a génese da unidade Alemã e as
suas intoleráveis pretensões à hegemonia sobre a Europa, com base numa
pretendida superioridade de raça, já ensaiada na guerra com a França, caldeada
por perigosas ambições imperiais.
A principal
obra de Andrade Corvo, intitulada Perigos (1870), foi escrita no calor dos
esforços empreendidos por Bismarck para alcançar a unidade alemã com hegemonia
da Prússia. […]
Diz Andrade Corvo:
“A doutrina das raças é um imenso perigo,
porque quer substituir à longa elaboração social que
formou as verdadeiras nacionalidades o instinto do
sangue; àespiritualidade a materialidade; às relações
morais as relações etnológicas; porque quer, enfim,
classificar os povos como se classificam os animais num museu.”
João de
Andrade Corvo (1824-1890). “Foi um homem de múltiplos interesses. Frequentou os
cursos de Matemática e Ciências Naturais, Engenharia e Medicina e desempenhou
as funções de agrónomo, professor, escritor e político. Escreveu notáveis
romances, como Um ano na Corte (1850-1851), a sua obra mais popular. Como
político, iniciou sua carreira, em 1865, como deputado, assumindo, no ano
seguinte, o cargo de ministro das obras públicas até 1868, contribuindo para o
desenvolvimento da rede ferroviária nacional. Em 1869, foi enviado para Madrid
para exercer o cargo de Ministro de Portugal, permanecendo um ano na capital
espanhola. Foi ministro dos negócios estrangeiros de Portugal, entre 1871 e
1878, durante o governo de Fontes Pereira de Melo.
Andrade
Corvo foi um homem que se dedicou ao desenvolvimento de Portugal. Acreditava
que o crescimento do país dependia do investimento no ensino, considerando que
a civilização, a liberdade, o progresso e a indústria do país estariam
diretamente ligados ao nível de instrução do seu povo. Andrade Corvo foi um
homem à frente do seu tempo. Anteviu os perigos dos ideais germânicos, fundados
sobre a identidade de raça e o desejo de supressão dos pequenos estados para a
formação de um grande império.
João de
Andrade Corvo é considerado, por muitos, o pai da diplomacia portuguesa
moderna. Revelou, durante toda a sua vida, uma capacidade única de analisar os
principais desafios políticos e as estratégias que Portugal deveria adotar para
se reerguer como potência e conquistar o respeito perante o mundo.”
(in http://cvc.instituto-camoes.pt/seculo-xix/joao-de-andrade-corvo)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
Indisponível
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