LEAL, Gomes – O RENEGADO. A Antonio Rodrigues Sampaio :
carta ao velho pamphletario sobre a perseguição da Imprensa. Lisboa,
Typographia – Largo dos Inglezinhos, 27, 1881. In-8.º (22 cm) de 65, [3] p.
; B.
1.ª edição.
Opúsculo em verso publicado por Gomes Leal em
1881, "onde ele critica, de modo mordaz e acutilante, a última passagem pelo
governo do Reino de António Rodrigues Sampaio. Com efeito, a 23 de Março de
1881, demitido o ministério progressista, e não querendo Fontes Pereira de
Mello assumir nessa ocasião a responsabilidade franca e aberta do poder, foi António
Rodrigues Sampaio chamado a organizar um gabinete ministerial, recebendo a
presidência do conselho, acumulando com a pasta do Reino, a sua especialidade
de sempre.
O governo iniciou funções a 25 de Março de 1880 e manteve-se
até 11 de Novembro do mesmo ano, data em que Fontes Pereira de Melo substituiu Rodrigues
Sampaio na presidência do ministério. Após essa data, adoentado, Rodrigues
Sampaio retirou-se então para a vida particular, continuando a exercer o seu
lugar de conselheiro no Tribunal de Contas.
Mas os seus anteriores correligionários nos tempos de
revolucionário não lhe perdoaram as medidas de controlo da imprensa que foi
obrigado a tomar. É neste cenário, que se inscreve esta obra – «O Renegado -
Carta ao Velho Panfletário sobre a Perseguição da Imprensa», publicada em 1881
pelo poeta e jornalista António Duarte Gomes Leal, a qual constitui um
autêntico libelo à percebida traição de Rodrigues Sampaio aos ideais que
defendera."
António Rodrigues Sampaio (1806 -1882). “Foi um jornalista e
político português que, entre outras funções, foi deputado, par do Reino,
ministro e presidente do ministério. Foi um dos maiores vultos do liberalismo
português de oitocentos, jornalista ímpar e parlamentar de excepção.
Era uma personalidade controversa, polémica, e mesmo revolucionária, mas sempre coerente e fiel aos seus princípios e desígnios, foi um agitador de renome nacional, o que lhe valeria a alcunha de o “Sampaio da Revolução”, já que se notabilizou como redactor principal do periódico «A Revolução de Setembro».
Era um jornalista de causas, não de notícias, como aliás era o jornalismo do século XIX. Foi membro importante da Maçonaria.” (in Tertúlia Bibliófila, 14 Fev. 2010)
Era uma personalidade controversa, polémica, e mesmo revolucionária, mas sempre coerente e fiel aos seus princípios e desígnios, foi um agitador de renome nacional, o que lhe valeria a alcunha de o “Sampaio da Revolução”, já que se notabilizou como redactor principal do periódico «A Revolução de Setembro».
Era um jornalista de causas, não de notícias, como aliás era o jornalismo do século XIX. Foi membro importante da Maçonaria.” (in Tertúlia Bibliófila, 14 Fev. 2010)
“Eis-me em frente de ti, velho urso na caverna –
Eis-me em frente de ti erguendo uma lanterna,
lanterna que accendi na grande escuridão
sobre a plebe açoutada, erguendo a minha mão,
lanterna que accendi n’esta éra ensanguenta,
lanterna que accendi, como em sinistra estrada
por causa dos ladrões perdido viajante.
Eis-me em frente de ti, eis-me de ti deante
cheio d’ódio, rancor, com asco, sem respeito,
perguntando-te, ó Velho – Onde está o Direito?
O que fizeste ao Povo, á Consciencia, ao Brio?
Onde está o Pudor, rude ancião sombrio?
Quem és? Quem és? Quem és?... velho cheio de fel.
Onde está ó Cain o teu irmão Abel?
Quem és? Quem és?... Ó gloria, ó nome hoje aviltado?
Tu foste a Alma do Povo – hoje és um renegado."
(Excerto do poema)
António Duarte Gomes Leal (1848-1921). "Nasce em Lisboa em
1848. Filho ilegítimo de um funcionário público, vive com a mãe e a irmã, a sua
principal fonte de inspiração. No ano da morte de sua irmã, em 1875, publica Claridades
do Sul, a sua primeira obra poética. Quando a mãe morre, converte-se ao
catolicismo, o que tem influência na sua obra. Poeta e jornalista, é escrevente
de um notário e publica inúmeros textos panfletários de denúncia
político-social. A sua poesia oscila entre os três grandes paradigmas
literários do final do século XIX: romantismo, parnasianismo e simbolismo. De
1899 a 1910, compõe e publica quase diariamente. Termina os seus dias na
miséria, primeiramente vivendo da caridade alheia, na rua, e depois
sustentando-se com uma pensão anual do Estado português que lhe foi conseguida
por um grupo de amigos, dos quais se destaca Teixeira de Pascoaes. Morre em
1921."
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas
com defeitos: capa apresenta falha de papel no canto inferior dto; contracapa apresenta
restauros marginais e no canto inferior esquerdo.
Muito invulgar.
15€
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