31 agosto, 2013

MATTA, José Nunes da - O SONHO DO KAISER. Versos heroicos referentes á maldição do Kaiser, lançada por Deus, o seu grande amigo. 2.ª edição. Preço: 10 centavos. Lisboa, Livraria Ferin : Tores & C.ta, 1916. In-8.º (16 cm) de 35, [1] p. ; B.
1.ª edição.
“Como publicámos muito á pressa a primeira edição d’este opusculo, afim de aparecer á venda antes de ser declarada a guerra pela Alemanha, por isso ficou mais resumido do que desejávamos. Ao mesmo tempo entendemos que, nessa ocasião, devido á nossa posição oficial, não podíamos tomar publicamente a responsabilidade d’este trabalho literário. Nesta segunda edição, foram feitas grandes alterações e evitadas algumas omissões havidas na primeira, sendo para isso necessário escrever e publicar mais umas doze paginas de versos, quasi todos soltos, havendo a mais oitenta e oito em estancias de versos rimados; e, visto ter sido declarada a guerra, não existe já motivo para conservarmos o pseudónimo Ignotus e deixarmos de tomar a responsabilidade d’este modesto trabalho literário.”
(Excerto da Explicação prévia)

Á guerra pela paz! Eia pois, á guerra!
A paz é liberdade, é abundancia,
É amor, é justiça, é equidade…
A guerra é escravidão, horrível anciã
Que tem por fim supremo a mortandade…
Povos que amais a paz, tende constancia,
Combatei a alemã guerra com vontade!
Corra assim forte voz por toda a Terra:
Á guerra pela paz! Eia pois, á guerra!

Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capa apresenta falha de papel no canto inferior direito.
Muito Invulgar.
Indisponível

30 agosto, 2013

PIRES, Antonio Thomaz – ADIVINHAS PORTUGUEZAS. Recolhidas da tradição oral na Provincia do Alemtejo : por… Elvas, Antonio José Torres Carvalho, 1921. In-4º (23cm) de 19 p. ; B.
1.ª edição.
Curioso opúsculo impresso em Elvas de uma tiragem restrita a apenas 200 exemplares.
Valorizado pela dedicatória manuscrita do autor na parte superior da capa.

Catrocentos soldados,
Formados ‘num campo branco,
Nós nã sâmos distimidos,
Sâmos das damas q’ ridos,
Que nos trazem em salvos lugares,
Dond’ andâmos ‘scondidos. – (Os alfinetes)

António Thomaz Pires (1850-1913). “Nasceu e morreu em Elvas, onde foi Secretário da Câmara Municipal. Notabilizou-se também como um notável estudioso da história e da etnografia de Elvas e, do Alto Alentejo em geral.
Colaborou com Teófilo Braga, José Leite de Vasconcelos, Gonçalves Viana, Adolfo Coelho, entre outros. As suas investigações foram publicadas em jornais e revistas regionais como -O Elvense, O Progresso d’Elvas, Correio Elvense, O Boémio, A Pérola, O Liberal- como de outras localidades e até de circulação nacional- Gazeta de Portugal, Boletim da Sociedade de Geografia, O Arqueólogo Português, A Tradição.
Da sua incansável pesquisa das riquezas folclóricas de Elvas e da sua região -canções, rimas populares, adivinhas, adágios, rifões e anexins, romances e orações, contos e jogos, destacamos: Estudos e Notas Elvenses; Cantos Populares Portugueses; Cancioneiro Popular Político.
De entre os etnógrafos dos fins do século XIX, foi dos que maior simpatia científica e humana concitaram, pela seriedade das suas obras e fidelidade à tradição. Embora não tivesse utilizado uma metodologia «moderna» de transcrição exacta das versões ouvidas aos seus informadores, já que, como era hábito na época, eliminou as hesitações e os enganos ocorridos habitualmente na narração oral, tudo faz supor que os seus textos se aproximem muito do que lhe contaram.
Era o “Antoninho das cantigas” no dizer da gente simples que “recolheu o dom que deixa ouvir o silêncio, que na alma impalpável, esfrangalhada, dos Sítios e das Ruínas, decifra os letreiros que ensinam a contemplar no que a nós nos parece transitório, o que, em essência, é eterno” (António Sardinha).”
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação.
Muito Invulgar.
Com interesse regional.
20€

29 agosto, 2013

PEREIRA, António Fragoso - ORATORIO // METRICO // PARA FALLAR COM DEOS, E DE DEOS, // Em varias Jaculatorias ao Santissimo Sacramento, // com hum Methodo agradável, e breve para assis- // tir ao Sacrosanto Sacrificio da Missa, e outra // devoçoens pias, e suaves, para saudar a // sempre Virgem // MARIA; // DEDICADO // Á mesma Senhora com o glorioso Mysterio de sua //  PURISSIMA CONCEIC,AM, / Composto por hum devoto, e dado à luz por // ANTONIO FRAGOZO PEREIRA // Criado de Sua Magestade. // LISBOA: // Na Officina de Pedro Ferreira, Impressor da Au- // gustissima Rainha N.S. // M. DCCLIII. // Com todas as licenças necessárias. In-8º peq. (15,5cm) de [16], 79, [1] p. ; E.
Raro e curioso oratório totalmente em verso.

SENHORA
Este parvo livrinho se dedica,
Soberana Imperatriz a vós somente;
Porque saindo a luz se clarifica,
Buscando a vossa luz resplandecente:
Se todo o bem por ti se communica
Ainda ao mais inepto, e negligente;
Sendo vós todo o bem do Universo,
Como tal honrareis o humilde verso.
Tomayo pois, purissima Senhora;
De bacho dessa regia protecçaõ;
Pois sendo vós a sua Correctora,
Naõ pode haver receyo ao que diram:
Muito mais quando amante só implora,
Da vossa gloriosa Conceiçaõ
O Mysterio tam grande, e tam jucundo,
Que foy remedio saõ do inferno mūdo.
(excerto da dedicatória)

DEVOTO LEYTOR
Se estes métricos partos da Musa entregues ás criticas consequencias do prélo, que aqui te ofereço, merecem a benigna aceitação do teu favorável agrado, poderey continuar na empresa; porque esta parva quantìtas, ou exigua offerta, que agora te faço, he huma pequena a mostra, só a fim de ver se te agrada, cujo favor da tua Cristandade espero, e do teu discurso naõ duvido…
(excerto da introdução)

Quando se beija o altar,
Mostra que Judas traidor,
Deu um osculo ao Redemptor,
Para ás prisoens o entregar.
(Meditaçam III)

Encadernação inteira de carneira com cercadura a ouro nas pastas e dourados na lombada.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Encadernação sólida; apresenta “esfoladelas” nas pastas e na lombada. Páginas escurecidas.
Muito raro.
Sem indicação de registo na Biblioteca Nacional (BNP) ou em qualquer outra fonte bibliográfica.
80€

27 agosto, 2013

SAMPAIO, Albino Forjaz de – AS MELHORES PAGINAS DA LITERATURA FEMININA (prosa). Lisboa, Livraria Popular de Francisco Franco, 1936. In-8º (19cm) de 247, [1] p. ; E.
1ª edição.
Valorizada pela dedicatória autógrafa do autor.
Conjunto de excertos das mais belas páginas da literatura feminina escrita em português, acompanhados de breves apontamentos bio-bibliográficos das autoras escolhidas para esta colectânea.
Albino Forjaz de Sampaio (1884-1949). Jornalista, escritor e bibliógrafo de nomeada. A crónica de crítica social que procurava inverter a moral comum da época tornou-o famoso sobretudo pelo escândalo que as suas opiniões originavam. Dono de extensa produção bibliográfica, Forjaz de Sampaio nunca se afirmou um escritor mas bradou aos quatro ventos que era um “jornalista levado dos diabos”.
Encadernação com lombada e cantos em pele com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva a capa de brochura.
Exemplar aparado em bom estado de conservação.
Invulgar.
15€

26 agosto, 2013

TENGARRINHA, José – HISTÓRIA DA IMPRENSA PERIÓDICA PORTUGUESA. Lisboa, Portugália, 1965. In-8º grd. (21cm) de 349, [3] p. ; [3] f. il. ; [3] desd. ; B. Colecção Portugália, 15
1.ª edição.
Ilustrado com reproduções de periódicos antigos e 3 f. desdobráveis, onde se incluem 2 gráficos.
Obra de referência sobre a imprensa portuguesa. Foi dividida pelo autor em três grandes épocas: 1ª época – Os primórdios da imprensa periódica em Portugal. 2ª Época – A imprensa romântica ou de opinião. 3ª Época – A organização industrial da imprensa.
“A «pequena história» que apresentamos agora terá o mérito principal de ser, porventura, a primeira visão crítica de conjunto da história da imprensa periódica portuguesa.”
(excerto da introdução)
José Manuel Tengarrinha. “Nascido em Portimão em abril de 1932, é um jornalista, um historiador e um político que se bateu sempre pela liberdade ao longo da vida. Como historiador tornou-se clássica e pioneira a sua obra História da Imprensa Periódica Portuguesa (Lisboa, Portugália, 1965), mas as suas investigações históricas abordaram também a temática política.”
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Assinatura de posse na f. anterrosto.
Invulgar e muito apreciado.
Indisponível

25 agosto, 2013

COSTA, J. C. Rodrigues da - JOÃO BAPTISTA : gravador português do século XVII (1628-1680). Contribuição para a História da Gravura em Portugal. Coimbra, Imprensa da Universidade, 1925. In-4.º (23,5cm) de 15, [1], 222, [2] p. ; [22] f. il. ; [1] mapa desdob. ; E. Col. Subsídios para a História da Arte Portuguesa, XIX
1.ª edição.
Ilustrado em extratexto sobre papel couché com fac-similes de gravuras, portadas e a reprodução, em mapa desdobrável, das Linhas de Elvas. 
João Baptista foi um gravador português do século XVI, um dos pioneiros a dedicar-se à gravura artística sobre metal.
O estudo que se segue, sobre a vida e obra deste pouco conhecido gravador português, foi desencadeado pela descoberta casual e compra, em Roma, pelo Ministro de Portugal na capital italiana, Dr. Eusébio Leão, de uma chapa de cobre aberta em buril, do plano militar de Elvas no tempo da restauração. "O aparecimento da referida chapa, escreveu Rodrigues da Costa, «é um facto valioso e interessante, tanto sob o ponto de vista histórico, como artístico...»"
João Carlos Rodrigues da Costa (1843-1917). “Nasceu em Lisboa, em 1843, onde faleceu, em 1917. Foi general-de-divisão da arma de Artilharia. Escritor, jornalista e deputado, foi professor do Colégio Militar das disciplinas de Ciências Naturais, Química e Física, Comandante da Escola Prática de Artilharia, Governador Militar de Elvas e responsável pelo comandando superior do Campo Entrincheirado de Lisboa.
Fez parte da sua carreira na Terceira (1868-1872) e foi em Angra do Heroísmo que iniciou a sua actividade como jornalista, na qual se distinguiu toda a vida. Em Lisboa, voltou a distinguir-se no jornalismo, na qualidade de redator da Revolução de Setembro, de que veio a ser director. Foi também diretor da Sociedade de Geografia e primeiro presidente da primeira Associação de Escritores e Jornalistas, de que foi co-fundador; foi membro das comissões para as comemorações dos centenários de Camões, do Descobrimento da Índia e da Guerra Peninsular.”
Encadernação em meia de pele com dourados sobre rótulo na lombada. Conserva as capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação.
Invulgar.
Indisponível

24 agosto, 2013

LIMA, Magalhães – TERRAS SANTAS DA LIBERDADE : França Imortal, Portugal Heroico. Paginas da Guerra. Extrato das Conferencias realisadas no Teatro de S. Carlos e Ateneu Comercial de Lisboa, Teatro Aguia d’Ouro e Société Amicale Franco-Portugaise do Porto. Lisboa, Sociedade Typographica Editora, 1917. In-8º (18,5cm) de 72 p. ; B.
Raríssimo opúsculo de carácter laudatório e justificativo da entrada de Portugal na Grande Guerra, da autoria de Magalhães Lima, figura maior da República.
“O esforço portuguez! Que representa o esforço portuguez?
Perguntae-o ao Universo assombrado pelos feitos dos nossos grandes navegadores. Perguntae-o ás tempestades, que recuaram espavoridas deante das nossas caravelas. Perguntae-o ao patriotismo de Afonso de Albuquerque, o maior de todos os portuguezes.
O esforço portuguez é a continuação da nossa historia; a reviviscencia das nossas descobertas; é um dever moral, que se impõe a todos os que amam a sua patria; é a defeza do nosso patrimonio colonial; é a reconquista do nosso logar na politica internacional; é a afirmação da nossa dignidade, da nossa independencia e do nosso futuro; é a afirmação da vitalidade da nossa raça.”
(excerto do texto)
Matérias:
Terras Santas da Liberdade
- O que vi, o que ouvi e o que admirei. – A guerra em Portugal. – Nas linhas de fogo. – O patriotismo francez. – Terras Santas da Liberdade. O esforço portuguez. – Em marcha. – A hora da Vitoria.
França Imortal, Portugal Heroico
- O Centenario de Camões. – A Revolução franceza. – O significado da guerra. – A civilização latina. – Uma geração de idealistas.- Portugal Heroico. – França Imortal. – A moderna Cruzada. Nota final.
Sebastião de Magalhães Lima (1850-1928). Nasceu no Rio de Janeiro no dia 30 de Maio de 1850, tendo ido morar para Aveiro aos cinco anos.
Em 1870, inscreveu-se no curso de Direito da Faculdade de Coimbra, que terminou com distinção em 1875. Exerceu advocacia, mas sempre a par com uma actividade política intensa, pois tinha aderido ao Partido Republicano Português e à Maçonaria, organização de que viria a tornar-se Grão-Mestre.
No período final da Monarquia foi um jornalista infatigável, colaborou em dezenas de jornais e revistas, tendo sido fundador do jornal O Século.
Na qualidade de dirigente do Partido Republicano Português efectuou várias viagens a países estrangeiros – Espanha, Itália, Bélgica e França – a fim de obter apoios para a causa republicana. As suas qualidades pessoais e o facto de pertencer à Maçonaria Portuguesa abriram-lhe facilmente portas, contribuindo para o êxito das muitas funções que desempenhou.
Durante o governo de João Franco (1906 - 1908) exilou-se em França para escapar às perseguições de que foi alvo. Regressou depois do regicídio e, em 1910, o Congresso do Partido Republicano Português, então reunido no Porto, encarregou-o de voltar ao estrangeiro, acompanhado por José Relvas para efectuar conversações destinadas a conseguir que os governos francês e inglês aceitassem a revolução que entretanto se preparava em Portugal e que veio a rebentar a 5 de Outubro.
Nessa data Magalhães Lima ainda se encontrava em Paris, donde regressou para participar nos festejos da vitória.
No novo regime foi deputado às Constituintes, tendo sido o relator da comissão encarregada de redigir a Constituição de República Portuguesa. Depois disso continuou sempre a efectuar contactos no estrangeiro para obter a simpatia e a aceitação dos países europeus.
Em 1915 integrou o governo como Ministro da Instrução Pública. Durante o Sidonismo foi preso e mais tarde os seus opositores chegaram a acusá-lo de cumplicidade no atentado que vitimou Sidónio Pais.
Magalhães Lima foi também um escritor de mérito, tendo publicado grande número de ensaios de carácter político e social, mas também alguns romances. Morreu em Lisboa a 7 de Dezembro 1928.”
(centenariodarepublica.pt)
Excelente exemplar.
Raro.
Com interesse histórico.
Indisponível

23 agosto, 2013

LEAL, Gomes – O RENEGADO. A Antonio Rodrigues Sampaio : carta ao velho pamphletario sobre a perseguição da Imprensa. Lisboa, Typographia – Largo dos Inglezinhos, 27, 1881. In-8.º (22 cm) de 65, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Opúsculo em verso publicado por Gomes Leal em 1881, "onde ele critica, de modo mordaz e acutilante, a última passagem pelo governo do Reino de António Rodrigues Sampaio. Com efeito, a 23 de Março de 1881, demitido o ministério progressista, e não querendo Fontes Pereira de Mello assumir nessa ocasião a responsabilidade franca e aberta do poder, foi António Rodrigues Sampaio chamado a organizar um gabinete ministerial, recebendo a presidência do conselho, acumulando com a pasta do Reino, a sua especialidade de sempre.
O governo iniciou funções a 25 de Março de 1880 e manteve-se até 11 de Novembro do mesmo ano, data em que Fontes Pereira de Melo substituiu Rodrigues Sampaio na presidência do ministério. Após essa data, adoentado, Rodrigues Sampaio retirou-se então para a vida particular, continuando a exercer o seu lugar de conselheiro no Tribunal de Contas.
Mas os seus anteriores correligionários nos tempos de revolucionário não lhe perdoaram as medidas de controlo da imprensa que foi obrigado a tomar. É neste cenário, que se inscreve esta obra – «O Renegado - Carta ao Velho Panfletário sobre a Perseguição da Imprensa», publicada em 1881 pelo poeta e jornalista António Duarte Gomes Leal, a qual constitui um autêntico libelo à percebida traição de Rodrigues Sampaio aos ideais que defendera."
António Rodrigues Sampaio (1806 -1882). “Foi um jornalista e político português que, entre outras funções, foi deputado, par do Reino, ministro e presidente do ministério. Foi um dos maiores vultos do liberalismo português de oitocentos, jornalista ímpar e parlamentar de excepção.
Era uma personalidade controversa, polémica, e mesmo revolucionária, mas sempre coerente e fiel aos seus princípios e desígnios, foi um agitador de renome nacional, o que lhe valeria a alcunha de o “Sampaio da Revolução”, já que se notabilizou como redactor principal do periódico «A Revolução de Setembro».
Era um jornalista de causas, não de notícias, como aliás era o jornalismo do século XIX. Foi membro importante da Maçonaria.” (in Tertúlia Bibliófila, 14 Fev. 2010)

Eis-me em frente de ti, velho urso na caverna –
Eis-me em frente de ti erguendo uma lanterna,
lanterna que accendi na grande escuridão
sobre a plebe açoutada, erguendo a minha mão,
lanterna que accendi n’esta éra ensanguenta,
lanterna que accendi, como em sinistra estrada
por causa dos ladrões perdido viajante.
Eis-me em frente de ti, eis-me de ti deante
cheio d’ódio, rancor, com asco, sem respeito,
perguntando-te, ó Velho – Onde está o Direito?
O que fizeste ao Povo, á Consciencia, ao Brio?
Onde está o Pudor, rude ancião sombrio?
Quem és? Quem és? Quem és?... velho cheio de fel.
Onde está ó Cain o teu irmão Abel?

Quem és? Quem és?... Ó gloria, ó nome hoje aviltado?
Tu foste a Alma do Povo – hoje és um renegado."

(Excerto do poema)

António Duarte Gomes Leal (1848-1921). "Nasce em Lisboa em 1848. Filho ilegítimo de um funcionário público, vive com a mãe e a irmã, a sua principal fonte de inspiração. No ano da morte de sua irmã, em 1875, publica Claridades do Sul, a sua primeira obra poética. Quando a mãe morre, converte-se ao catolicismo, o que tem influência na sua obra. Poeta e jornalista, é escrevente de um notário e publica inúmeros textos panfletários de denúncia político-social. A sua poesia oscila entre os três grandes paradigmas literários do final do século XIX: romantismo, parnasianismo e simbolismo. De 1899 a 1910, compõe e publica quase diariamente. Termina os seus dias na miséria, primeiramente vivendo da caridade alheia, na rua, e depois sustentando-se com uma pensão anual do Estado português que lhe foi conseguida por um grupo de amigos, dos quais se destaca Teixeira de Pascoaes. Morre em 1921."
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas com defeitos: capa apresenta falha de papel no canto inferior dto; contracapa apresenta restauros marginais e no canto inferior esquerdo.
Muito invulgar.
15€

20 agosto, 2013

DINIZ, Almachio - MORAL E CRITICA (estudos, escriptos e polemicas). Porto, Magalhães & Moniz, 1912. In-8º (19cm) de 402, [2] p. ; B.
1ª edição.
Conjunto de crónicas sobre História, Filosofia e Direito relacionadas com Portugal e Brasil.
Almachio Diniz Gonçalves (1880-1937). “Foi um advogado, professor, escritor e poeta brasileiro. Formado em Direito, três anos depois, mediante concurso torna-se lente da Faculdade Livre de Direito da Bahia especializando-se no campo da filosofia jurídica. Transferindo-se para o Rio de Janeiro, também ali faz-se catedrático da Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, lecionando Direito Civil. Foi um dos fundadores da Faculdade Teixeira de Freitas, em Niterói."
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado de conservação. Parte superior da capa levemente descolorida. 
Invulgar.
10€

16 agosto, 2013

OLIVEIRA, Zacarias de - A IGREJA E OS LIVROS. Porto, Casa da Boa Imprensa, 1956. In-8º (17,5cm) de [12], 220, [4] p. ; B. Col. Livros e Leitura, 2
Estudo histórico sobre a a importância do livro para a difusão da cultura e a sua influência na divulgação da mensagem religiosa.
"Vulgarmente fala-se na acção cultural da Igreja e quando das invasões dos Bárbaros, por toda a Idade Média e, em certo modo, no Renascimento. Como depois, na época das Ciências chamadas positivas, surgiram algumas questões pessoais entre certos cientistas e a Igreja, começou a apregoar-se que esta deixara de ifluenciar a cultura. Mais ainda: surgiu, não se sabe de onde, a afirmação de que a cultura moderna nascera e viveria à margem da Igreja. Embora não se conhecesse a origem do asserto, muitos espíritos bem intencionados, mas ingénuos, aceitaram essa afirmação como um dogma, uma verdade irrefutável.
A mentira faz escola. Ganhou terreno."
(excerto do texto)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Indisponível

15 agosto, 2013

FERREIRA, F. Palyart Pinto - CASA PIA E JERÓNIMOS (Desenhos de Eduardo Romero). Lisboa, [s.n.], 1916. In-8º  grd. (22,5cm) de 7, [1] p. ; [1] f. il. ; il. ; B. Separata do Anuário da Casa Pia de Lisboa, 1916
Ilustrado com desenhos no texto e o retrato de Pina Manique em separado.
Valorizado pela dedicatória autógrafa do autor.
"Eu não sei de ha em Portugal ou no estrangeiro qualquer outra instituição que tão bem se coadune com o edifício onde se encontra instalada, como a Casa Pia de Lisboa: creio bem que não.
"Casa Pia e Jerónimos, marcando cada um a sua época, são dois padrões. São dois enormes livros de grande valor, cheios de iluminuras, mas ambos incompletos, com fôlhas arrancadas, rasgadas, pedaços apagados. São dois profundos córtes na vida portuguêsa, onde em muitos pontos se observa nitidamente a estratificação das diferentes épocas que atravessaram, e noutros a leitura é difícil, por vezes impossível."
(excerto do texto)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
10€

13 agosto, 2013

AS EXECUÇÕES CAPITAIS EM PORTUGAL NUM CURIOSO MANUSCRITO DE 1843. Apresentação e notas de António Braz de Oliveira. Lisboa, Biblioteca Nacional, 1982. In-fólio de 19, [1] p. (num. p. 109-127) ; il. ; B. Separata da Revista de Biblioteca Nacional, N.º 1
Ilustrado em página inteira com fac-símile da primeira página do Manuscrito.
"Decano da ex-polícia preventiva, como no final do manuscrito se refere, António José da Conceição terá contactado de perto com alguns dos sentenciados e sido testemunha directa (visual) de algumas das execuções. [...] A redacção do manuscrito, deverá ter-se situado por volta do ano de 1843. [...] Aqui fica, pois, a nossa apresentação da Breve notícia de diversas execuções capitais em Portugal desde 1326 a 1843, de que foi autor António José da Conceição."
(excerto da apresentação)

1326
É degolado em Lisboa, por traidor, João Afonso, irmão natural de D. Afonso IV.

1603
É enforcado e esquartejado o padre-mestre frei Estevão Caveira de Sampaio, por querer introduzir em Portugal como rei D. Sebastião, o calabrês Marco Túlio.

1758
Padecem morte atroz o Duque de Aveiro, Marqueses de Távora e outros, por conspiração contra El-Rei D. José.

1761
É garroteado, como herege, o padre Gabriel Malagrida.

1772
É enforcada Isabel Xavier Clesse, por deitar um clister de água-forte a seu marido que, segundo um comentador, ficou de perfeita saúde.
Neste mesmo ano foi atenazada pelas ruas públicas, tendo as mãos cortadas em vida e sendo garroteada e queimada, Luísa de Jesus, por ir buscar expostos à Misericórdia de Coimbra para criar, matando-os e enterrando-os para lhes roubar o enxoval. Acharam-se enterrados 33 cadáveres e a ré confessava haver garroteado 28
Morrem também enforcados diversos escravos que mataram seu senhor João da Fonseca.

1773
É queimado vivo Alexandre Franco Vicente, armador da Patriarcal de Lisboa, por lançar por vezes fogo à igreja para encobrir os seus furtos.

1775
É atado a quatro cavalos, arrastado, despedaçado, depois de ter as mãos cortadas e, por fim, queimado, João Baptista Pele, acusado de atentar contra a vida do Marquês de Pombal.

1808
É fuzilado o português Jacinto Correia, por ordem do General francês Loisson, por ter matado com uma foice dois soldados franceses. Também é arcabuzado Macário José, por haver morto três soldados franceses.

1817
São supliciados como réus de lesa-magestade e alta traição, o Tenente-General Gomes Freire de Andrade e onze companheiros, estes no campo de Santa Ana e Gomes Freire na Torre de S. Julião.

1838
É fuzilado, como chefe de guerrilha, o Remechido, José Joaquim de Sousa Reis, no Algarve.

(transcrição de algumas execuções)

Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar e muito curioso.
Indisponível

12 agosto, 2013

RODRIGUES, Urbano Tavares - A FLOR DA UTOPIA. Com quinze ilustrações de Rogério Ribeiro. Direcção gráfica de Armando Alves. Porto, Edições Asa, 2003. In-fólio de 87, [7] p. ; il. ; E.
"Retrato de Urbano Tavares Rodrigues por Maria Judite de Carvalho"
1ª edição.
Valorizado pela extensa dedicatória autógrafa do autor ao Dr. Luís Manuel Monteiro Baptista [antigo médico de Álvaro Cunhal].
«A Flor da Utopia». Obra que revela o talento e a mestria deste grande escritor, e que foi editada em 2003 - ano em que o autor comemorou 80 primaveras.
Descrições que são o registo de uma imaginação plena de audácia dão corpo a esta obra. Na verdade, trata-se de um álbum onde as palavras de Urbano Tavares Rodrigues casam com quinze ilustrações de Rogério Ribeiro.
O escritor evoca numa prosa admirável, tantas vezes poética, três momentos revolucionários da História de França, de certo modo fundadores de todas as grandes transformações a que assistiu o século XX e que se prolongam nos nossos dias: 1848, a Comuna, maio de 1968. «A Queda das Estátuas», «A Hera Chorando Sangue» e «A Flor da Utopia» intitulam esses três momentos.
Propositadamente para esta obra, Urbano Tavares Rodrigues escreveu um texto autobiográfico, «A Estrada Que Ficou Para Trás» - um testemunho de vida. Palavras na primeira pessoa para revelar um percurso exímio. Impossível ignorar uma frase tão rica: "Uma vida, como um rio, faz-se também de outras vidas, que com ela confluem e lhe trazem alimento, alegria, luz, consciência da realidade" – diz o autor.
Urbano Tavares Rodrigues (1923-2013). Jornalista, professor e escritor português. Garantiu uma produção literária notável. A sua extensa obra, que abarca vários géneros, foi contemplada com distintos prémios e está traduzida em diversas línguas.
Edição cuidada de grande esmero e apuro gráfico, belissimamente ilustrada, sob a direcção de mestre Armando Alves.
Encadernação editorial em tela com sobrecapa policromada plastificada. 
Excelente exemplar, como novo.
Invulgar.
35€

10 agosto, 2013

CAETANO, Marcelo – PÁGINAS INOPORTUNAS. Lisboa, Livraria Bertrand, [s.d. - 1959?]. In-8º (19cm) de XVI, 345, [2] p. ; B.
1ª edição.
Muito valorizada pela dedicatória autógrafa do Prof. Marcelo Caetano ao seu ilustre amigo e brilhante jornalista Acúrcio Pereira*
*”Acúrcio Pereira (1891-1978) foi, para além de contista, memorialista, tradutor e cronista, um grande vulto do jornalismo português…”
“Como toda a gente que pratica as letras, também eu já há muitos anos projecto escrever um livro. Tracei-lhe o plano – quanto tempo passou desde que isso foi! -, que corrigi mais tarde e remodelei duas ou três vezes… O livro continua em projecto… Sempre que me dispunha a levar por diante o intento, escritas até as primeiras páginas, havia sempre qualquer coisa que me forçava a distrair dele o sentido e a aplicar doutra maneira a actividade. […] Mas passada cada oportunidade, toda essa papelada ficava esquecida, a pejar gavetas na expectativa do dia de juízo que periodicamente a sacrifica sem clemência. Páginas que perderam a oportunidade depois de cumprida a sua missão. Páginas inoportunas…”
(excerto do prefácio)
Matérias:
I – Factos e Figuras
- No cinquentenário de Chaimite. - António Enes e o ultramar. - Paixão e redenção de Timor. – Garrett administrativista no Conselho Ultramarino. – O significado das Cortes de Leiria.
II – Ideias e Reflexões
- O corporativismo português. – O respeito da legalidade e a justiça das leis. – Discurso de Coimbra. – A legitimidade dos governantes à luz da doutrina cristã. – Perseverança no presente e confiança no futuro.
III – Município e Universidade
- O Município na reforma administrativa. – O Município em Portugal. – Vinte anos de experiência municipal. – Universidade e investigação. – Universidade nova.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas levemente oxidadas.
Invulgar.
40€

09 agosto, 2013

ROMA, Bento Esteves – OS PORTUGUESES NAS TRINCHEIRAS DA GRANDE GUERRA. Palestra feita na Escola Militar em 15 de Maio de 1920 em propaganda da “Aldeia Portuguesa” na Flandres. [Prefácio de Leal da Câmara]. Lisboa, Cruzada das Mulheres Portuguesas, 1921. In-8.º (20,5cm) de [12], 58, [2] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Capa (fotografia): O capitão Roma, em setembro de 1918, á porta da sua barraca no campo de Breesen em Meklembourg (Alemanha).
“A Conferencia do Major Bento Roma, não precisava de prefacio.
Ella é a confissão de um heroi português que as circunstancias colocaram no local e na hora maxima que sintetiza o nosso esforço na grande guerra.
Bento Roma foi um d’esses valentes que suportaram a avalanche alemã em La Couture no momento em que toda a linha aliada vergou e se quebrou em varios pontos, ao embate da força inimiga, tão formidavel.
O esforço português dignificou-se n’esse dia em que se demonstraram, uma vez mais, na historia das coisas portuguesas, o valôr da raça magnifica que tem direito á eternidade e os inumeros vicios consequentes das taras politiqueiras que deixaram um punhado de portugueses, atirados a terras extrangeiras, abandonados a si mesmo, talvez para melhor demonstrarem o que valiam como individuos representativos de uma Raça, mas o pouco que representavam de segurança e de certeza militar.
Foi a grande tragedia do 9 de Abril que tocou a rebate na consciencia nacional e que marcou com largas manchas de sangue, aquêle bocado de França, que foi um Portugal de emprestimo, no qual se bateram tão valentemente os nossos soldados.”
(excerto do prefácio)
Coronel Bento Roma (1884-1953). Militar português, major à época da publicação do presente livro. Integrou o CEP na Flandres, durante a 1ª Guerra Mundial, onde  foi distinguido por actos de bravura. Feito prisioneiro na Batalha de La Lys, a 9 de Abril de 1918, seria libertado após o armistício.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Carimbo de posse na f. anterrosto. Lombada restaurada com fita gomada.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
Indisponível

08 agosto, 2013

MANVELL, Roger & FRAENKEL, Heinrich - SS E GESTAPO : governo de terror. Tradução de Maria Fernanda Nunes. Lisboa, Editorial O Seculo, [s.d.]. In-8º (21cm) de 160 p. ; mto il. ; B. Colecção História Ilustrada da II Guerra Mundial, 1
1ª edição portuguesa.
Edição muitíssimo ilustrada com desenhos, mapas e fotografias a p.b. no texto e em página inteira.
História das polícias de Hitler, verdadeiros suportes do Estado policial nazi.
Matérias:
- Estado policial. - Heinrich Himmler e os primeiros SS. - Estabelecimento do Estado policial. - Consolidação no período antes da guerra. - O papel das SS durante o tempo da guerra. - Métodos de prisão e interrogatório da Gestapo. - Os grupos de Acção: da Polónia à Rússia. - As SS e a política franca de genocídio. - Auschwitz: trabalho de escravatura e de exterminação. - Os últimos meses de guerra. - Resíduos: os povos deslocados. - Arolsen: o Centro de Investigação da Cruz Vermelha. - Julgamento das SS: 1945 até 1970. - Bibliografia.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Com interesse histórico.
10€

07 agosto, 2013

MEYER, Paulo – A PAZ UNIVERSAL E O CONFLITO DAS NAÇÕES. Quinta edição. Revista e melhorada. 30:000. Lisboa, Sociedade Internacional de Tratados (sede provisória), [192-]. In-8º (18cm) de 32 p. ; B.
Ilustrações no texto com gravuras de página inteira.
Realce para o belíssimo desenho que ilustra a capa.
Publicado pouco depois do final da Grande Guerra. Curioso opúsculo de raiz religiosa e profética, alerta para os perigos do pós-guerra e faz a apologia da paz. Contém um estudo dos principais conflitos internacionais até à nossa época.
“É indubitável que o mundo atingiu um período altamente significativo da sua história, e certamente ninguém o pode, em boa razão, duvidar. O pressentimento e a convicção, mais ou menos geral, é que estamos em vésperas de grandes acontecimentos, de importantes transformações e mudanças tanto no mundo político como no mundo social e religioso.”
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
10€

06 agosto, 2013

TERMAS DE S. PEDRO DO SUL : antigas Caldas de Lafões e da Rainha D. Amélia. [S. Pedro do Sul], Comissão de Iniciativa e Turismo das Termas de S. Pedro do Sul [Comp. e Imp. na Casa Tipográfica de Alves & Mourão, Coimbra], 1936. In-8.º (21cm) de 16 p. ; mto il. ; B.
1.ª edição.
Bonita monografia sobre as Termas de S. Pedro do Sul, Viseu. Aborda os aspectos históricos mais relevantes, a qualidade das suas águas e os equipamentos disponíveis, oferta de alojamento, etc.
Livro muito ilustrada ao longo do texto.
A contracapa contém dois mapas esquemáticos do 'Caminho de Ferro' e das 'Estradas' com a localização das Termas.
“As Termas de S. Pedro do Sul ficam situadas no mais pitoresco e fértil recanto do Vale de Lafões, distrito de Viseu, entre as históricas vilas de S. Pedro do Sul e Vouzela, de que distam cerca de 3 kilómetros.
Iberos, celtas, fenícios, romanos, árabes, todos ocuparam, mais ou menos transitoriamente, as terras do Vale do Vouga. Se faltam, em parte, documentos, aparte numerosos megalíticos, a atestar a permanência de alguns desses povos nesta região, particularmente a fazer supor que utilizassem as suas águas termais, abundam, no entanto, quanto aos Romanos, pois esses aqui deixaram inegáveis provas da sua larga permanência e do culto votado às preciosas águas.
Construíram um Balneário, possivelmente antes da era cristã (Viriato, o aguerrido e patriota pastor dos Hermínios, viveu na era de 150 anos antes de Cristo).
Sobre as ruínas desse Balneum Romano, mandou o nosso I.º Rei, D. Afonso Henriques, edificar o histórico Estabelecimento Balnear que hoje tem o seu nome.”
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Indisponível

05 agosto, 2013

CORREIA, Romeu - JORGE VIEIRA E O FUTEBOL DO SEU TEMPO. [S.l.], Edição do Autor [Fotocomposto e impresso por Congráfica], [1981]. In-8º (21cm) de 367, [1] p. ; il. ; B.
1ª edição.
Muito ilustrada com retratos de Jorge Vieira e outros jogadores, e fotos de acontecimentos desportivos, sobretudo futebolísticos.
Obra de Romeu Correia que conta episódios da vida de Jorge Vieira, jogador do Sporting da década de 20 do século passado, e dos seus companheiros - colegas e adversários.
"Dotado de um físico esbelto, a sua presença no estádio era a melhor garantia de lealdade e cavalheirismo ao terçar armas com o adversário. Feito no Sporting Clube de Portugal e oriundo de uma família leonina, Jorge Vieira começou nos grupos infantis e ascendeu ao mais alto posto da sua carreira desportiva envergando sempre a camisola verde-branca que só trocou nos jogos em que foi chamado a representar as turmas da cidade de Lisboa e da selecção de Portugal."
(excerto da introdução)
Romeu Henrique Correia (1917-1996). “Publicista, ficcionista e dramaturgo português, Romeu Henrique Correia nasceu a 17 de novembro de 1917, em Almada, e faleceu, na mesma cidade, a 12 de junho de 1996. Exerceu a atividade profissional de bancário e esteve ligado ao associativismo operário. Publicou estudos sobre o movimento associativo e sobre a história do desporto português. Conjugando essas qualidades e as de escritor de ficção, aproximou-se do neorrealismo pela focagem dos problemas sociais e económicos da sua terra natal, enquanto condicionantes dos dramas pessoais das personagens, recriados com um realismo de inspiração popular que se impõe na verosimilhança da linguagem e na recriação dos meios proletário, pequeno-burguês e piscatório. Após a sua estreia como dramaturgo, em 1940, com a peça Razão, desenvolveu uma carreira de autor dramático que, se em muitos aspetos comunga dos traços neorrealistas, é habilmente enriquecida com recursos provenientes da tradição popular (do teatro de fantoches, do circo) e do teatro de vanguarda. Presidiu a júris de jogos florais, encenou diversas peças e proferiu palestras em escolas e universidades. Das obras que publicou (novelas, contos, romances e peças de teatro), destacam-se os títulos O Vagabundo das Mãos de Oiro (teatro, 1960), Roberta (teatro, 1971) e Um Passo em Frente (contos, 1976), que recebeu o Prémio Ricardo Malheiros e o da Academia das Ciências de Lisboa. A sua vasta obra é reconhecida internacionalmente e foi por diversas vezes premiada."
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Mancha de humidade na contracapa e nas duas primeiras folhas.
Carimbo do "SCP : Comissão centralizadora das Bodas de Diamante" na f. anterrosto. 
Invulgar.
Indisponível

03 agosto, 2013

COMPANHIA AGRICOLA DA CARIATA, Sociedade anonima de responsabilidade limitada.
SÉDE EM LISBOA. Capital Esc.os 200$000:00. Dividido em 2:000 acções de Esc.os 100$00 cada uma. Constituida em 4 de Janeiro de 1918, sendo os respectivos estatutos publicados no Diario do Governo n.º 8, III série, de 10 de Janeiro de 1919. Titulo de uma Acção (N.º 1239) : Ao Portador : Valor (Esc.os 100$).
Lisboa, 6 de Fevereiro de 1919.
Casa Hollandeza, R. Alfandega, 170
In-fólio  (33,5x44cm) de 1 f. impressa na frente.
Exemplar em bom estado geral de conservação, com pequenas imperfeições marginais.
Invulgar.
10€

02 agosto, 2013

ALMEIDA, Fialho d' - Á ESQUINA (jornal dum vagabundo). Coimbra, F. França Amado, 1903. In-8º (19cm) de XVII, [1], 213, [3] p. ; E.
1ª edição.
Conjunto de crónicas sobre os mais variados assuntos.
Contém a sua "autobiografia", escrita a pedido do editor, aproveitada por Fialho para discorrer sobre a sua vida e o seu percurso literário, e lançar farpas aos seus críticos.
"Na literatura , princezas, não ha nem pode haver palavras sujas. O que ha é assumptos sujos, assumptos pulhas, deleterios assumptos, que os escritores não inventam, e fazem parte do dia a dia da cidade, assumptos enfim de que a linguagem escrita é apenas o impreterivel signal graphico. Consequentemente o pudor feminino tem apenas, como meio d'impedir que os pamphletarios escrevam plebeismos, o evitar que a sociedade seja menos torpe, e os seus maridos e irmãos menos canalhas."
(excerto de Eu (autobiografia))
Matérias:
- Eu (autobiografia). Em Coimbra - Recitas d'estudantes. - A volta dos roupetas. - O problema taurino. - Ceifeiros. - Los de Manganeses. - O monumento a Souza Martins. - Escriptores dramaticos e seu publico. - A exposição do Gremio Artistico. - Na Atalaya [freguesia no concelho do Montijo]. - Raphael Bordallo Pinheiro.
José Valentim Fialho de Almeida (1857-1911). "Foi um médico e escritor português. Formou-se em medicina, mas nunca exerceu, preferindo a boémia da noite lisboeta. Dedicou-se à literatura e ao jornalismo até 1893, data em que deixou Lisboa para regressar à sua terra natal - Vila de Frades. O seu estilo literário foi irregular, pautado pelo Naturalismo, procurando as sensações fortes da "vida real". Os seus temas foram principalmente a cidade e o campo. Fialho de Almeida ficou conhecido como um escritor bilioso e colérico, carregado de ressentimentos para com a vida."
Encadernação em meia de percalina com rótulo vermelho na lombada. Conserva a capa de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação.
Invulgar.
Indisponível

01 agosto, 2013

CARVALHO (Tinop), Pinto de - HISTORIA DO FADO (com 13 illustrações). Lisboa, Empreza da Historia de Portugal, Sociedade Editora. Livraria Moderna : Typographia, 1903. In-8.º (19cm) de [4], 270 p. ; [13] f. il. ; E.
1.ª edição.
Contém no final da obra O Elenco dos Fados onde o autor nomeia 175.
Ilustrada com o retrato do autor e diversas fotogravuras e desenhos de fadistas e guitarristas intercalados em extratexto.
"É pelas canções populares que um paiz traduz mais lidimamente o seu caracter nacional e os seus costumes. A musica, a necessidade de cantar, de dizer alto a sua alegria aos homens e ás coisas, é uma questão de latitude, uma questão de sol. Quanto mais para o sul, mais se ouve cantar. [...] Em Portugal, as condições climatericas, as influencias mesologicas, levam-nos á expansão sensualista, voluptuaria. D'ahi vem o caracter, por assim dizer, aphrodisiaco das nossas canções e das nossas dansas populares. Mas na dansa de sala imitavamos o estrangeiro.
As dansas populares do seculo XVIII resentiam-se do seu caracter extremamente sensual e desenvolto, desfalleciam em langores extenuativos, debatiam-se em morbidezas hystericas, derramavam no sangue o mais devorador dos philtros.
O lundum ou lundú era uma dansa obscena dos pretos congolezes, importada no Brasil e em Portugal, dansa em que os dansarinos se boleavam n'um requebrar de quadris de uma nervosidade sensual, em movimentos cynicos de rins, em brejeiros arabescos corporeos.
As modinhas campavam nas salas lisboetas no crepusculo do seculo XVIII e ao pintar da aurora do seculo XIX. Umas - as que tanto seduziram o inglez Beckford - eram de procedencia brasileira, e, na sua execução, brilharam os mulatos Joaquim Manuel e Domingos Caldas Barbosa, o Lereno, antagonista de Bocage.
Antes da introducção do piano no nosso paiz, a guitarra era o instrumento querido das salas. [...] A guitarra tem um alto papel na vida do homem do sul e no romance.
As canções populares luzitanas apresentam um caracter lamentoso e amoroso, o que já foi notado por Link, um allemão illustre que viajou ente nós nos fins do seculo XVIII. A este respeito, escrveu elle: - ... o canto monotono, gritador e arrastado dos homens começa já na Gasconha; é desagradavel na Hespanha e em Portugal.
«Acrescentae a isto uma guitarra tão má, que apenas se houve o ruido da madeira, e podeis formar uma idéa das serenadas que os namorados dão, á noite, ás suas bellas... As canções do povo portuguez são lamentosas; falam quasi sempre de dôr do amor, são raramente lascivas e pouco satyricas.» N'este tempo, porém, ainda o fado era desconhecido em terra.
Só quarenta e tantos annos depois, havia de occupar o logar primacial entre as canções populares de Lisboa.
O fado, a navalha e a guitarra constituem uma trindade adorada pelo lisboeta - adoração ethnicamente explicavel. O fado - fatum - canta as contingencias da sorte voltária, a negregada sina dos infelizes, as ironias do destino, as dores lancinantes do amor, as crises dolorosas da ausencia ou do affastamento, os soluços profundos da desesperança, a tristeza dolente da saudade, os caprichos do coração, os momentos ineffaveis em que as almas dos amantes descem sobre seus labios, e, antes de remontarem ao céo, deteem o vôo n'um beijo dulcissimo. Nenhuma das canções populares portuguezas retrata, melhor do que o fado, o temperamento aventureiro e sonhador da nossa raça essencialmente meridional e latina; nenhuma reproduz tão bem como elle - com o seu vago charmeur e poetico - os accentos doloridos da paixão, do ciume e do pezar saudoso. A melancholia é o fundo do fado como a sombra é o fundo do firmamento estrellado."
(Excerto do texto)
Joao Pinto de Carvalho (Tinop) (1858-1936). Jornalista, escritor e olisipógrafo português, "ilustre cronista de Lisboa do século XIX".
Encadernação inteira de percalina com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. Carimbo de posse na f. rosto, na f. anterrosto (2) e na p. 20.
Invulgar e muito apreciado.
40€