ARROYO, Antonio - O CASO DO
MONUMENTO AO MARQUEZ DE POMBAL. Lisboa, Typographia "A Editora
Limitada", 1914. In-4.º (23cm) de 36 p. ; [2] est. ; B.
1.ª edição.
1.ª edição.
Opúsculo ilustrado com duas gravuras em
separado:
- O Terreiro do Paço com a estátua de
D. José em 1.º plano, podendo divisar-se ao fundo, em 2.º plano, o Arco do
Triunfo inacabado.
- Maquete do projecto da autoria do
arquitecto Marques da Silva e do escultor Alves de Sousa.
Contém memória descritiva do
projecto de Marques da Silva e Alves de Sousa.
“O monumento ao estadista [Marquês
de Pombal], que a memória cívica procurava reabilitar desde as
comemorações oficiais do 1º centenário da sua morte, em 1882, esteve envolvido
em diversas polémicas e limitações orçamentais que atrasaram a sua
construção. Em 1918 é celebrada com os autores a escritura de adjudicação do
monumento, iniciando-se os trabalhos das fundações. A 13 de Maio de 1926,
decorre a cerimónia formal de lançamento da 1ª pedra, dando lugar ao
lançamento das sucessivas empreitadas de arquitectura, escultura e
fundição. O monumento contou com a participação das parcerias escultóricas de
Leopoldo de Almeida e Simões de Almeida (Sobrinho) que, em 1930, substituíram
Francisco Santos na direcção do projecto, tendo sido inaugurado a 13 de
Maio de 1934.” (in museudacidade.pt)
O presente opúsculo foi parte de uma “guerra” entre os adeptos dos dois projectos a concurso pela edificação do monumento ao Marquês – o vencedor, da autoria dos arquitectos Adães Bermudes e António Couto e do escultor Francisco Santos, e o outro, da autoria do arquitecto Marques da Silva e do escultor Alves de Sousa. Dirimido a maior parte das vezes nas páginas dos jornais, como era uso na época, esta foi uma polémica de “longa duração” que viu vários concursos serem anulados, e que contou com a intervenção de algumas figuras de relevo da cultura nacional.
António Arroio, partidário do projecto classificado em 2º lugar, “arrasa” o projecto ganhador sugerindo a viciação do concurso pelo júri, e tecendo os mais rasgados elogios ao projecto preterido.
“O actual caso do monumento ao Pombal integra-se na serie
lamentavel das obras más que deslustram Lisboa e de todo contrastam com o
traçado e o espirito da sua obra de constructor.
Parece que, no exame das diferentes maquettes apresentadas a concurso, o jury, cada um dos seus membros
em separado, deveria compenetrar-se da extrema e excepcional gravidade do
problema a resolver. O monumento tinha necessariamente de encerrar o conjunto
dos tres temas expressivos a que atrás me referi: ser um organismo forte e
valioso, simbolisar o trabalho productor do nosso povo e coroar dignamente a
bela cidade reconstruida pelo marquez, no ponto culminante d'onde a vemos
desenrolar-se até á borda do Tejo, até ao logar em que ele levantou, ao rei que
lhe deu força para realisar a sua obra, um monumento de inexcedivel beleza. […]
Consta porem, que não houve discussão alguma; que houve apenas uma votação por
escrutínio secreto!
Todos quanto conhecem estes casos de apreciação critica e
julgamento não deixarão por certo de ficar surpreendidos e até desorientados.
Pois é porventura possível que uma votação dessa ordem não seja precedida de
larga e até violenta controvérsia?
Mas emfim o juri, na sua alta
sabedoria, não discutiu. Não discutiu e enganou-se. É incontestavel. Porque, ao
passo que todos encontram uma enorme superioridade ao monumento que obteve o
2.° premio sobre o primeiro premiado, que verbalmente e por escripto o afirmam
sem a menor hesitação, ninguém se apresenta a defender a obra que o júri
preferiu. e o seu auctor vê-se forçado a
vir fazê-lo; ninguém perfilha a resolução do júri porque afinal, como algures
já disse, para mim e para todos, o monumento que obteve o 2.º premio, do
arquitecto Marques da Silva e do escultor Alves de Sousa, é uma obra
absolutamente excepcional em concursos deste género. […] Eu não julgava que
houvesse em Portugal dois artistas capazes de um tal esforço.. Tudo ali é belo,
grande, nobre e superiormente tratado. O monumento que obteve o 1º premio é uma
obra mal concebida e concebida a frio, sem caracter, sem significação, feita
principalmente de bocados ligados apenas materialmente uns aos outros;
verdadeira manta de retalhos, sem espirito a reuni-los, e de uma miséria mental
que deveras lamento.” (excerto do texto)
António José
Arroio (1856-1934). “Foi um engenheiro, político, crítico de arte e
professor que, para além da sua carreira técnica como engenheiro, foi autor de
obras sobre literatura, música e artes plásticas. Destacou-se como promotor em
Portugal do ensino técnico e das artes aplicadas.”
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Ausência de
f. rosto e capa posterior.
Raro.
Indisponível
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