ALMEIDA, P. Theodoro de – LISBOA DESTRUIDA. POEMA, Author O…
DA CONGREGAÇAÕ DO ORATORIO DE LISBOA. LISBOA: Na Off. De Antonio Rodrigues
Galhardo, Impressor dos Concelhos de Guerra, e do Almirantado. Anno M. DCCC.
III. Com licença da Mesa do Desembargo do
Paço. Com Privilegio Real. Vende-se na Casa do Espirito Santo.
In-8º (18cm) de XV, [1], 280 p. ; il. ; E.
Ilustrado com bonitas gravuras a encimar o início de cada um
dos Cantos e os capítulos subsequentes.
Obra escrita logo após a tragédia que assolou Lisboa com o terramoto de 1755 e que só viria a
ser impressa 50 anos mais tarde. Reconhecidamente minuciosa dos acontecimentos desse dia, o seu
valor histórico é indubitável.
“Embora os autores portugueses setecentistas que escreveram
sobre o terramoto de 1755 tivessem procurado interpretá-lo como um fenómeno
natural, nenhum deles deixou de o encarar também como um castigo de Deus.
Souberam esses autores distinguir as duas posições, a científica e a religiosa,
de modo que uma não invalidasse a outra. As exalações sulfúreas e nitrosas, o
fogo subterrâneo, as cavernas de matérias combustíveis, etc., tudo isso eram
causas naturais, mas simplesmente «causas segundas», conforme lhes chamavam.
Para além delas havia uma «causa primeira», que era Deus, de cuja vontade
dependeria desencadear as causas segundas.
Teodoro de Almeida definiu as suas
duas posições pessoais com toda a nitidez escrevendo uma obra que dividiu em
duas partes, a primeira em verso e a segunda em prosa. A primeira é um poema em
seis cantos, em estâncias de oito versos de fraca qualidade,
intitulada Lisboa destruída, em que o autor descreve o trágico
acontecimento como um castigo de Deus:
Eis que Deos descarrega de repente
Sobre nós hum tal golpe, taõ pezado,
Que bem vimos ser braço omnipotente,
E por justos motivos irritado.
Toda a terra então treme, e justamente
Na presença de Deos, que estava irado:
Estremecem do monte os fundamentos,
E perturbaõ-se os mesmos Elementos.
Sobre nós hum tal golpe, taõ pezado,
Que bem vimos ser braço omnipotente,
E por justos motivos irritado.
Toda a terra então treme, e justamente
Na presença de Deos, que estava irado:
Estremecem do monte os fundamentos,
E perturbaõ-se os mesmos Elementos.
Na segunda parte, em prosa, intitulada Dissertação
sobre a causa natural do famoso terremoto de Lisboa no [ano] de
1755, expõe o autor a teoria física que defende como interpretação do
acontecimento. Nesta segunda parte, ao iniciar o texto, justifica-se perante o
leitor esclarecendo-o de que «no Poema antecedente foi a nossa empreza mostrar
as terríveis operações da Justiça e Omni potência Divina no funesto Terremoto»;
agora, na segunda parte, «mostraremos os fenómenos, ou operações da natureza,
instrumento, que continuamente serve á execução da santíssima, e adorável
vontade do Ser Supremo nas obras da sua justíssima Providencia». Deste modo
«ficará instruído, e contente o Filosofo, e o Christaõ»” (CARVALHO, Rómulo de,
As interpretações dadas, na época, às causas do terramoto de 1 de Novembro de
1755, Estudos do Autor, Comunicação apresentada à Classe de Ciências, na
sessão de 29 de Outubro de 1987)
Encadernação
recente em meia de pele com rótulos carmim e ferros a ouro.
Exemplar
em bom estado de conservação. Mancha de humidade e picos de insecto emolduram a
folha de rosto. Picos de insecto marginais ao longo do livro, sem afectação do
texto.
Raro.
Indisponível
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