15 abril, 2013

ALMEIDA, P. Theodoro de – LISBOA DESTRUIDA. POEMA, Author O… DA CONGREGAÇAÕ DO ORATORIO DE LISBOA. LISBOA: Na Off. De Antonio Rodrigues Galhardo, Impressor dos Concelhos de Guerra, e do Almirantado. Anno M. DCCC. III. Com licença da Mesa do Desembargo do Paço. Com Privilegio Real. Vende-se na Casa do Espirito Santo. In-8º (18cm) de XV, [1], 280 p. ; il. ; E.
Ilustrado com bonitas gravuras a encimar o início de cada um dos Cantos e os capítulos subsequentes.
Obra escrita logo após a tragédia que assolou Lisboa com o terramoto de 1755 e que só viria a ser impressa 50 anos mais tarde. Reconhecidamente minuciosa dos acontecimentos desse dia, o seu valor histórico é indubitável.
“Embora os autores portugueses setecentistas que escreveram sobre o terramoto de 1755 tivessem procurado interpretá-lo como um fenómeno natural, nenhum deles deixou de o encarar também como um castigo de Deus. Souberam esses autores distinguir as duas posições, a científica e a religiosa, de modo que uma não invalidasse a outra. As exalações sulfúreas e nitrosas, o fogo subterrâneo, as cavernas de matérias combustíveis, etc., tudo isso eram causas naturais, mas simplesmente «causas segundas», conforme lhes chamavam. Para além delas havia uma «causa primeira», que era Deus, de cuja vontade dependeria desencadear as causas segundas.
Teodoro de Almeida definiu as suas duas posições pessoais com toda a nitidez escrevendo uma obra que dividiu em duas partes, a primeira em verso e a segunda em prosa. A primeira é um poema em seis cantos, em estâncias de oito versos de fraca qualidade, intitulada Lisboa destruída, em que o autor descreve o trágico acontecimento como um castigo de Deus:
Eis que Deos descarrega de repente
Sobre nós hum tal golpe, taõ pezado,
Que bem vimos ser braço omnipotente,
E por justos motivos irritado.
Toda a terra então treme, e justamente
Na presença de Deos, que estava irado:
Estremecem do monte os fundamentos,
E perturbaõ-se os mesmos Elementos.
Na segunda parte, em prosa, intitulada Dissertação sobre a causa natural do famoso terremoto de Lisboa no [ano] de 1755, expõe o autor a teoria física que defende como interpretação do acontecimento. Nesta segunda parte, ao iniciar o texto, justifica-se perante o leitor esclarecendo-o de que «no Poema antecedente foi a nossa empreza mostrar as terríveis operações da Justiça e Omni potência Divina no funesto Terremoto»; agora, na segunda parte, «mostraremos os fenómenos, ou operações da natureza, instrumento, que continuamente serve á execução da santíssima, e adorável vontade do Ser Supremo nas obras da sua justíssima Providencia». Deste modo «ficará instruído, e contente o Filosofo, e o Christaõ»” (CARVALHO, Rómulo de, As interpretações dadas, na época, às causas do terramoto de 1 de Novembro de 1755, Estudos do Autor, Comunicação apresentada à Classe de Ciências, na sessão de 29 de Outubro de 1987)
Encadernação recente em meia de pele com rótulos carmim e ferros a ouro.
Exemplar em bom estado de conservação. Mancha de humidade e picos de insecto emolduram a folha de rosto. Picos de insecto marginais ao longo do livro, sem afectação do texto.
Raro.
Indisponível

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