07 janeiro, 2013

MOIGÉNIE, Victor de – O HOMEM EM PORTUGAL. Porto, Livraria Figueirinhas, 1908. In-8.º (19cm) de 406 p. ; B.
1.ª edição.
Valorizada pela dedicatória autógrafa do autor a D. Albertina Paraíso, jornalista, poetisa e ensaísta.
Curiosa abordagem de Portugal e dos portugueses sob a forma de cartas (47), datadas entre Junho de 1907 e Fevereiro de 1908, "remetidas" por Victor Moigénie (José Agostinho), um francês em viagem por Portugal, a um correspondente fictício – Gustavo –, pretexto utilizado pelo autor para dissertar sobre a situação económica, política e social do país no último fôlego da Monarquia, em vésperas do regicídio. A derradeira carta, datada de 2 de Fev., dá conta do atentado à família real; sobre o facto tece considerações históricas e críticas e aponta os responsáveis políticos.
“Não, meu amigo, não! O curioso Governo do snr. João Franco não nos impediu a viagem. Subimos para o nosso vagão sem algemas nos pulsos, e apenas tivemos a quasi honra de ser mirados, desde os pés ao topo da cabeça, por dois homens, com aparencias de vadios em passeio, mas terriveis de bengalões, uns bengalões que em Paris seriam apreendidos como suspeitos de bacamartes com a fecharia oculta. Chamam-lhes aqui com grande alegria: policias secretos. É uma maneira irónica de se designarem os agentes da policia, mais em evidencia no seu pseudo-disfarce, que ha de Constantinopla a Londres. Secretos? Sem duvida, ao que elles pensam: mas vê los… é conhecê-los sem hesitação, o que é deveras significativo, Gustavo.
(excerto da carta de 22 Jul. 1907)
“De que carece o português? Evidentemente de liberdade e moralidade, como de educação civica e do puro espirito religioso. Conseguem dar-lhe essas duas forças luminosas?
Não haverá os horrores dum despotismo vestido de liberalismo.
Não haverá os crimes duma triste implantação da Republica jacobina.
A Monarquia cairá suavemente.
A Republica virá generosa, tolerante e fecunda. E atá á vista, emquanto sóbe ao trono português o infante, irmão do principe real. Chama-se D. Manuel II, uma criança triste…
(excerto da carta de 2 Fev. 1908)
Victor de Moigénie, pseudónimo de José Agostinho de Oliveira (1866-1938), “mais conhecido por José Agostinho, foi um professor, escritor, dramaturgo e crítico literário português. Autor de uma obra vasta, em prosa e em verso, escreveu ainda para a imprensa portuguesa e brasileira.”
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Selo de biblioteca na base da lombada.
Raro.
Com interesse histórico.
Indisponível

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