PROENÇA, Raúl - PANFLETOS. I - A Ditadura Militar. História e análise dum crime. II - Ainda a Ditadura Militar. Demonstração scientífica da nocividade das ditaduras militares, e algumas amabilidades sobrecelentes. [S.l.], [s.n. - Composto e impresso por Miguel da Cruz], 1926-1927. 2 vols in 8.º (18,5x11,5 cm) de 78, [2] p. e 47, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Libelo contra a Ditadura Militar, regime saído do golpe de 28 de Maio de 1926 encabeçado por Gomes da Costa, que pôs cobro à Primeira República Portuguesa.
Obra composta por dois folhetos (é tudo quanto foi publicado), impressa clandestinamente e proibida de circular. O vol. II é muito raro.
A título de curiosidade, reproduzimos a seguinte frase impressa no final do vol I em tom jocoso : "Este panfleto não foi visado pela Comissão de Censura".
"Não obedecerão estes Panfletos nem a periodicidade certa, nem a objectivo determinado. Surgirão no momento. Dirão as preocupações que me dominam - a minha reacção pessoal perante factos, os homens e as idéas. De tudo terão um pouco: da análise fria e do sarcasmo, da doutrina serena e da polémica - claridade, protestos, vitupérios. Não recuarão ante nenhuma fôrça: nem a dos músculos, nem a do número, nem a da tiragem, nem a das armas. Falarão aos outros como eu falo comigo mesmo. Será, pois, com sua licença, um temperamento que irá passar no écran. Dicidi-me a viver. No perigo? Talvez. Mas acima de tudo na ânsia de me dar - no desejo de pôr sobre êste Charco imundo uma espada coruscante, uma chama a arder...”
(Preâmbulo Vol. I)
"Enquanto durar a actual situação, os Panfletos só poderão distribuídos clandestinamente.
A verdade hoje, no nosso país, é clandestina."
(Preâmbulo Vol. II)
Raul Proença (1884-1940). "Político português, Raul Proença nasceu em 1884. Nos anos finais do regime monárquico, iniciou a sua carreira de jornalista, em que se distinguiu, nos jornais republicanos de Lisboa, situando-se próximo do grande tribuno António José de Almeida. Defendeu a república contra as tentativas restauracionistas (chegou a pegar em armas) e contra as correntes filo-fascistas que iam ganhando força, mas ao mesmo tempo analisou criticamente os defeitos e erros do sistema, que criticou sem piedade. A sua posição perante a participação na guerra, na qual não lhe foi dado participar apesar de para tanto se ter oferecido, foi igualmente caracterizada por apoio crítico. Embora se tivesse aproximado do sidonismo por breve tempo, acabou por se distanciar dele e assumir grande protagonismo no lançamento do projeto reformista crítico da Seara Nova (1921). Após a instauração da Ditadura Militar, exilou-se, mas persistiu no combate contra o novo regime, continuando, em escritos polémicos assaz duros, a defender quer a democracia política quer a democracia social, ao mesmo tempo que se bateu por uma reforma da mentalidade portuguesa e defendeu o papel determinante das elites na condução do povo, de acordo aliás com o ideário seareiro. O seu precário estado de saúde motivou o seu regresso a Portugal, onde se manteve até ao seu falecimento em 1941."
(Fonte: Infopédia)
Exemplares brochados, com acabamento em ponto de arame, em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com vincos, manchas e pequenas falhas de papel.
Raro conjunto.
75€
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