31 maio, 2017

FEYO, Maria - CALVARIO DE MULHER : o prejuizo dos sexos dentro do prejuizo da guerra. A Jean Finot : A Magalhães Lima. Lisboa, [s.n.], 1915. In-8.º (19cm) de 176 p. ; [1] f. il. ; B.
1.ª edição.
Obra corajosa, sensível e marcante - diferente de tudo o que a autora publicou até aí, ou viria a publicar.
Ilustrada com um  retrato da autora em extratexto.
Reflexões de Maria Feio acerca da educação e do papel da mulher na sociedade - no contexto da Guerra Mundial que grassava - ilustrado com um caso humano do seu conhecimento. A profunda desigualdade que na época norteava as relações entre os sexos, com claro prejuízo para a «mulher», é a primeira preocupação da autora, e razão de ser deste livro.
No final, está reproduzida uma carta de encorajamento e felicitações de Magalhães Lima.
"Este meu trabalho não representa uma obra literaria ou scientifica.
É um livro expontaneo, verdadeiro. São paginas de alma abertas pelo escalpelo do martyrio. Reside n'esse facto o seu unico valor. Tudo o que se colhe do natural é sincero E tudo o que é sincero, é caloroso, é sugestivo. Deve por isso produzir uma impressão de intensa realidade. [...]
O scepticismo e o pessimismo do seculo alimentam a obra da demolição. E os costumes, favorecidos por falsas concepções, desdenham de todo o esforço fóra das tradições.
Estes costumes são a placa da rotina conservadora. E sobretudo, a acção e a voz da sensibilidade feminina, são pequenas gotas de orvalho perdidas no mar agitado das paixões politicas e das leis tradicionais e obscurantistas.
E, salvo raras excepções, ignora-se e esquece-se que as causas pessoais são as causas gerais. E que a causa da mulher é a causa dos dois sexos, é a causa da humanidade, a causa universal, a causa que precipita as perturbações horriveis da guerra e as anarquias nacionais e internacionais."
(excerto do prólogo)
Maria Figueiredo Feio Rebelo Castelo Branco (1870-1939). “Poetisa portuguesa, conhecida por Maria Feio. Natural de Guiães (Vila Real); filha de Sebastião Pereira Rebelo Feio e de Catarina Figueiredo de Abreu Castelo Branco. Publicou, no Almanaque de Lembranças, aos 11 anos, os seus primeiros versos.
Autora das seguintes obras: Alma de Mulher (1915); Calvário de Mulher (1915); Artes e Artistas, A Beleza da Mulher; Contos Verdadeiros; Vozes do Coração; Lázaros e Madalenas; Verdades (sobre problemas sociais); Corações Infantis; Argumentos (cartas) e Sonho de Amor (versos). Colaborou nos jornais: A Capital, Luta, Vanguarda, Novidades (Lisboa), O Primeiro de Janeiro e O Comércio do Porto. Proferiu diversas conferências.”
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
Indisponível

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