31 maio, 2017

FEYO, Maria - CALVARIO DE MULHER : o prejuizo dos sexos dentro do prejuizo da guerra. A Jean Finot : A Magalhães Lima. Lisboa, [s.n.], 1915. In-8.º (19cm) de 176 p. ; [1] f. il. ; B.
1.ª edição.
Obra corajosa, sensível e marcante - diferente de tudo o que a autora publicou até aí, ou viria a publicar.
Ilustrada com um  retrato da autora em extratexto.
Reflexões de Maria Feio acerca da educação e do papel da mulher na sociedade - no contexto da Guerra Mundial que grassava - ilustrado com um caso humano do seu conhecimento. A profunda desigualdade que na época norteava as relações entre os sexos, com claro prejuízo para a «mulher», é a primeira preocupação da autora, e razão de ser deste livro.
No final, está reproduzida uma carta de encorajamento e felicitações de Magalhães Lima.
"Este meu trabalho não representa uma obra literaria ou scientifica.
É um livro expontaneo, verdadeiro. São paginas de alma abertas pelo escalpelo do martyrio. Reside n'esse facto o seu unico valor. Tudo o que se colhe do natural é sincero E tudo o que é sincero, é caloroso, é sugestivo. Deve por isso produzir uma impressão de intensa realidade. [...]
O scepticismo e o pessimismo do seculo alimentam a obra da demolição. E os costumes, favorecidos por falsas concepções, desdenham de todo o esforço fóra das tradições.
Estes costumes são a placa da rotina conservadora. E sobretudo, a acção e a voz da sensibilidade feminina, são pequenas gotas de orvalho perdidas no mar agitado das paixões politicas e das leis tradicionais e obscurantistas.
E, salvo raras excepções, ignora-se e esquece-se que as causas pessoais são as causas gerais. E que a causa da mulher é a causa dos dois sexos, é a causa da humanidade, a causa universal, a causa que precipita as perturbações horriveis da guerra e as anarquias nacionais e internacionais."
(excerto do prólogo)
Maria Figueiredo Feio Rebelo Castelo Branco (1870-1939). “Poetisa portuguesa, conhecida por Maria Feio. Natural de Guiães (Vila Real); filha de Sebastião Pereira Rebelo Feio e de Catarina Figueiredo de Abreu Castelo Branco. Publicou, no Almanaque de Lembranças, aos 11 anos, os seus primeiros versos.
Autora das seguintes obras: Alma de Mulher (1915); Calvário de Mulher (1915); Artes e Artistas, A Beleza da Mulher; Contos Verdadeiros; Vozes do Coração; Lázaros e Madalenas; Verdades (sobre problemas sociais); Corações Infantis; Argumentos (cartas) e Sonho de Amor (versos). Colaborou nos jornais: A Capital, Luta, Vanguarda, Novidades (Lisboa), O Primeiro de Janeiro e O Comércio do Porto. Proferiu diversas conferências.”
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
Indisponível

30 maio, 2017

BRAY, Mrs. - DEVERES PARA COM OS ANIMAES : expostos em lições faceis para uso das escolas. Por... Traducção de Alberto Telles. Lisboa, Typographia da Academia Real das Sciencias, 1892. In-8.º (19,5cm) de 109, [1] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Obra curiosíssima. Livro fora de mercado - unicamente para uso das escolas -, pretende divulgar junto dos mais novos o interesse e respeito pelos animais, numa acção que terá sido algo precursora na época.
Muito ilustrado com bonitos desenhos de animais ao longo das páginas de texto.
O final de cada capítulo inclui um conjunto de perguntas sobre a matéria apresentada e respectivas respostas.
"Alguns animaes, como a vacca e a ovelha, são de tanta utilidade para nós que difficilmente poderiamos viver sem elles, pois nos fornecem tanto o alimento como o vestuario.
Ha outros que nos auxiliam a arcar com os rudes trabalhos da vida, já fazendo parte da nossa tarefa diaria, já tornando-a para nós muito mais facil; e tambem concorrem grandemente para o nosso goso externo. Taes são o cavallo e o burro.
Outros ha que são nosso constantes companheiros e amigos fieis; que nos amam, quer sejamos ricos quer pobres, saudaveis ou doentes, feios ou bonitos; que nunca nos desamparam, até quando os homens o fazem; que nos seguem com a mesma boa vontade para a nossa habitação, ou esta seja uma choupana ou um palacio. Tal é o cão.
Outros, como por exemplo o gato, dão alegria á casa, e vivem entre nós como membro da familia.
E ha ainda immensa quantidade de animaes que tornam a terra mais aprazivel; que, com a sua  tranquilla existencia, balindo e pastando, dão mais encanto aos verdes prados; que fazem rejubilar os bosques com os seus doces trinados e formosa plumagem; que, com os olhos vividos, espreitam da sebe, do comoro e do arbusto; que adornam as folhas, as flores e o ambiente com as côres iriadas de suas azas brilhantes; que enchem o oceano, as ribeiras e os lagos com o explendôr de suas formas e a exhuberancia de sua vida.
Pois que todos esses animaes fazem tanto por nós, o que lhes devemos nós em troca?
Visto que tanto augmentam a facilidade, o conforto e o goso da nossa existencia, devemos fazer tudo o que pudermos para tornar o seu viver facil, commodo e feliz."
(I, O que devemos aos animaes)
Matérias:
Parte Primeira. I - O que devemos aos animaes. II -- Os animaes são alimento de animaes. Animaes que fornecem alimento e vestuario: III - O boi. IV - Animaes domesticos. V - A ovelha: sua natureza, historia e utilidade. VI - O porco: sua utilidade para nós. VII - Lebres. viii - Coelhos. IX - Creação. X - A gallinha commum; A gallinha da Guine. XI - O pavão e o perú. XII - Pombos. XIII - Aves aquaticas. XIV - Patos bravos e patos mansos. XV - O cysne. XVI - Os animaes não vivem só para nosso uso. Parte Segunda. Animaes que trabalham para nós ou que vivem comnosco: XVII - O cavallo em relação ao homem. XVIII - O cavallo: sua natureza e estructura. XIX - O burro. XX - Animaes que vivem comnosco: O cão. XXI - Raças diversas de cães: Galgos; Cães de caça; Perdigueiros; Pudengos; Sabujos; Cães de agua; Cão da Terra Nova; Cão de S. Bernardo; Rafeiros ou mastins; O bull-dog; O bull-terrier; O pug-dog; O terrier. XXII - Tratamento dos cães. XXIII - O gato. XXIV - O gato: sua natureza e predicados. XXV - Os animaes teem concorrido para nos domar e educar. Parte Terceira. XXVI - Animaes livres que são uteis, inoffensivos ou bellos. XXVII - Rãs e sapos.XXVIII - Ouriços, toupeiras e musaranhos. XXIX - O que é crueldade? XXX - O poder da bondade.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas oxidadas, frágeis e com defeitos.
Raro.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
Indisponível

28 maio, 2017

REPÚBLICA PORTUGUÊSA : IV aniversário - XVI CONCURSO NACIONAL DE TIRO. De 1 a 15 de Outubro de 1914. Carreira de Tiro de Pedrouços. Programa oficial. Lisboa, Tipografia Corrêa & Raposo, [1914]. In-8.º (17cm) de 68 p. , il. ; B.
1.ª edição.
Regulamento do XVI Concurso Nacional de Tiro, cuja portaria é subscrita pelo Ministro da Guerra, o gen. Pereira d'Eça.
Ilustrado com 6 figuras representando os Modelos dos Alvos do Concurso.
Inclui ainda em extratexto uma curiosíssima folhinha onde, a pretexto do concurso, o Estado "convida" todos os portugueses a pegar em armas... fornecendo ainda, gratuitamente, a todo o cidadão 150 cartuchos para se intruir no tiro com armas de guerra - «Todos os portuguezes são obrigados a sustentar a independencia e integridade da Patria e a defendel-a dos seus inimigos internos e externos - saber pegar em armas é portanto condição essencial para o cumprimento d'aquelle dever.».
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas frágeis, com pequenas manchas e defeitos.
Raro.
Peça de colecção.
20€

25 maio, 2017

RODRIGUES, Cap.-ten. M. M. Sarmento - O NOSSO NAVIO. [S.l.], Edição do Contra-torpedeiro «Lima», 1956 [imp. 1955]. In-4.º (23 cm) de 14, [2] p. ; il. ; B.
1.ª edição independente.
Bonita monografia sobre o emblemático «Lima», navio da Marinha de Guerra Portuguesa, que tantos e tão relevantes serviços prestou ao serviço da Marinha e da comunidade.
Ilustrada com dois bonitos desenhos do navio em página inteira.
"O nosso navio é, para nós, o melhor de todos. Nenhum, como ele, mais airoso e leal pode sulcar os mares. Se nos dizem que os mesmos planos serviram para muitos, mesmo assim não podemos acreditar que outros iguais foram feitos. [...]
Neste «nosso Lima» - como ainda lhe chamam com carinho e saudade todos os que tiveram a ventura de saber nele servir - ninguém lamenta a aspereza da sorte. Embalados na bonança ou fustigados por temporais, só motivos de orgulho temos, afinal, recebido e, dia-a-dia, a nossa confiança se vai enraizando a mais e mais.
Anda com ele o mau tempo...
É verdade. Mas os nevoeiros e as procelas, vendavais e aguaceiros, outro resultado não deram do que aumentar a fama da sua tão notável existência. Companheiros, duros companheiros que apenas o exaltam e nunca o abateram!
Encalhes, colisões, avarias grossas, balanços desmedidos, todo um sudário de reveses, têm servido apenas para claramente se ver como este valoroso e martirizado navio nos prende e afeiçoa.
Todos sabemos que é um bom navio, um navio de sorte. Não é certo que foi ele, na nossa Marinha, quem mais náufragos salvou? Há 228 vidas que também nunca o poderão esquecer, a esse «Lima» que os foi tirar da negrura da noite do mar sem fim."
(excerto do texto)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
10€

24 maio, 2017

ZOLÁ, Emilio - OS ROUGON-MACQUART E A CÔRTE DE NAPOLEÃO III. Historia natural e social d'uma familia no tempo do Segundo Imperio. Por... Versão de F. M. Gomes de Sousa. Lisboa, Empreza Litteraria de Lisboa, [188-]. 2 vols In-8.º de 240 p. e 256 p. ; E. (num único tomo)
1.ª edição portuguesa.
«Os Rougon-Macquart» é o título colectivo dado a um ciclo de vinte romances escritos por Zola com o sub título: História natural e social de uma família no tempo do Segundo Império. Nesta saga, Zola acompanha as vidas dos membros dos ramos titulares de uma família ficcional que vive durante o segundo império francês (1852-1870) naquela que é considerada uma das peças literárias mais conseguidas do naturalismo francês, movimento em voga na época. Numa carta ao seu editor, Zola declarou os seus objetivos para os Rougon-Macquart: "1.° Estudar numa família as questões do sangue e dos ambientes [...]; 2.° Estudar todo o Segundo Império, do golpe de estado bonapartista até hoje." Desde sempre, o seu primeiro objetivo era mostrar como a hereditariedade pode afectar a vida dos descendentes; Zola começou a trabalhar nesta “família” desenhando a árvore genealógica dos Rougon-Macquart. Embora tenha sido modificada muitas vezes ao longo dos anos, incluindo alguns novos membros e fazendo desaparecer outros, a árvore original mostra como Zola planeou todo o ciclo antes de escrever o primeiro livro.

"O presidente estava ainda de pé, a sua entrada na sala produzira um ligeiro tumulto. Sentou-se e disse negligentemente a meia voz:
- Está aberta a sessão.
Depois classificou os projectos de lei collocados diante de si na secretária.
Do lado esquerdo, um secretario, miope, com os papeis chegados ao nariz, lia a acta da sessão antecedente, mas isto n'm balbuciar rapido, que vedava a qualquer dos deputados ouvil-o. Com o sussurro da sala esta leitura apenas chegava aos ouvidos dos continuos, cuja seriedade e imponencia contrastava com a semcerimonia dos membros da camara.
Não estavam presentes cem deputados. Uns recostavam-se indolentemente nas bancadas cobertas de veludo carmesim, e, nos seus olhares vagos, conhecia-se que estavam dormitando; outros inclinados sobre as secretárias, como que constrangidos por esta massada d'uma sessão publica, rufavam com a ponta dos dedos sobre as tampas de acajú. Pela abertura envidraçada que descrevia no espaço uma meia lua pardacenta, entrava a luz baça das tardes de maio, que reflectindo perpendicular, alumiava regularmente a pomposa severidade da sala. A claridade reflectindo na larga faxa carmesim das bancadas, produzia um espelhado sombrio amtisado de uns reverbéros côr de rosa nos angulos dos bancos vasios; por traz da presidencia, a mudez das estatuas, o alvejar das esculpturas, desenhava alvissimas paredes.
Na terceira fila dos bancos á direita ficara de pé, um deputado: tinha aspecto preoccupado, e de vez em quando levava a mão ás barbas grisalhas que esfregava rudemente. Passou-lhe ao pé um continuo, ao qual dirigiu a meia voz certa pergunta.
Este respondeu:
- Não, sr. Kahn; o sr. presidente do Conselho d'estado ainda não veio.
Então o sr. Kahn sentou-se, e voltando-se de subito para o collega que estava á esquerda, perguntou:
- Olha cá, Béjuin, viste esta manhã Rougon?"
(excerto do Cap. I, Eugene Rougon)
Émile Zola (1840-1902). “Romancista, crítico e ativista político, Zola é considerado um dos escritores mais importantes do século XIX. Ficou conhecido pelas suas teorias acerca do Naturalismo. Nasceu em Paris a 2 de abril de 1840 e morreu nesta cidade a 28 de setembro de 1902. Passou a infância e juventude em Aix-en-Provence, no sul de França, quando o pai, um engenheiro civil de descendência italiana, esteve envolvido na construção do sistema municipal de água. O pai morreu em 1847 e Zola voltou para Paris com a mãe para fazer o liceu. Com a entrada na Hachette, Zola mergulhou no mundo da literatura. Conheceu um grande número de escritores e jornalistas. Leu Taine, Stendhal, Balzac, Flaubert. Nesta altura publicou os primeiros contos e artigos e abandonou a sua vocação de poeta para se tornar romancista. Escreveu o seu primeiro romance, La Confession de Claude , uma história autobiográfica inspirada numa antiga e infeliz experiência passional, publicada em 1865. Daqui para a frente vive ao correr da pena, quer como romancista, quer como jornalista. Zola publica sucessivamente Le Voeu d'une Morte (1866) e Thérèse Raquin (1867), um macabro conto acerca de um assassínio, mas que significou a entrada na estética naturalista. La Fortune des Rougon, o primeiro romance em série começou a ser escrito em 1870, foi depois interrompido devido à guerra franco-germânica e só foi publicado no final de 1871. Na década de 1860/70 defendeu a arte de Cézanne, Manet e os impressionistas Claude Monet, Edgar Degas e Auguste Renoir nos artigos que publicava em jornais. A composição da série Les Rougons-Macquart vai ocupar-lhe quase um quarto de século, de 1871 a 1893."
(fonte: infopedia.pt)
Encadernação simples em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas de brochura fontais.
Exemplar em bom estado de conservação. Capas algo oxidadas. Capa do 2.º vol. apresenta corte (sem perda de papel).
Raro.
15€

23 maio, 2017

H. S. - O QUE TODOS DEVEM SABER ANTES DE IREM PARA A GUERRA. Lisboa, Candido da Silva, 1916. In-8.º (18,5cm) de 31, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Opúsculo justificativo da participação inglesa na conflagração mundial. As informações bibliográficas disponíveis não permitem concluir se se trata de uma tradução ou de uma produção de autor nacional.
"Em 28 de junho de 1914 o archiduque Franz Ferdinand, herdeiro do throno austriaco, foi trucidado, com a sua esposa, quando passeiavam em carro pelas ruas de Serajevo, capital da Bosnia, paiz pertencente á Austria. O mundo inteiro foi horrorisado pelo vergonhoso assassinato, e todos tinham pena do velho imperador austriaco e do seu povo. Os assassinos foram presos; por certo elles iam ser punidos. Ninguem imaginava que o crime havia de lesar uma nação após outra, e que o assassinato d'um principe involveria a morte de milhoes de homens inoffensivos."
(excerto do Cap. I, Como veio a guerra)
Matérias:
I - Como veio a guerra. II - Porque a Inglaterra tomou parte na guerra. III - Porque combate a Inglaterra. IV - O que a Inglaterra tem feito. (1) Trabalho no mar; (2) Trabalho em terra.
Exemplar brochado em razoável estado de conservação. Capas frágeis, com defeitos. Mancha antiga de humidade junto ao canto superior direito, transversal a todo o opúsculo, com particular incidência nas primeiras páginas.
Raro.
Indisponível

22 maio, 2017

LINO, Raul - ARQUITECTURA, PAISAGEM E A VIDA. [Lisboa], Separata do Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa : Janeiro - Março, 1937. In-8.º (24,5cm) de 14 p. (15-28 pp) ; B.
1.ª edição independente.
Curioso opúsculo. Trata-se de um conjunto de reflexões filosóficas e técnicas sobre a interação da arquitectura - e sua evolução - com a Arte e a Natureza. Ilustrado com 6 estampas extratexto, impressas sobre papel couché, contendo 15 fotogravuras de vários edifícios históricos, monumentos, jardins e vistas aéreas rodoviárias.
Muito valorizado pela dedicatória autógrafa de Mestre Raul Lino ao Dr. Joaquim Fontes.
"É talvez atributo dos arquitectos, o saberem apreciar a solidez, virtude natural que nos inspira, manifestando-se à roda de nós na própria estrutura da Terra e refelectindo-se, também às vezes e porventura, na construção das ideias. [...]
Passemos agora a exemplos mais concretos; falemos de arquitectura, e escolhamos justamente o ponto em que ela entra em contacto directo com a Natureza, onde ela tem por obrigação integrar-se na paisagem.
Não foi sempre de tão completa barafunda o aspecto nos nossos centros populacionais. Até há cerca de cem anos, os aglomerados de casaria, maiores ou até os mais modestos, nunca deixavam de apresentar uma boa arrumação, e, dado que se respeitavam usos tradicionais - (a tradição em si é uma disciplina resultante da experiência das gerações), - e que não existiam ainda as exteriorizações de vaidade sob a forma de caprichos e extravagâncias arquitectónicas, o panorama das povoações guardava sempre uma compustura, por vezes digna, outras vezes pitoresca, que além de ser decorosa e aprazível à simples vista, revelava sinais de um incontestável estilo na maneira de se viver."
(excerto do texto)
Raul Lino (1879-1974). "Arquiteto português, lisboeta, nascido a 21 de novembro de 1879 e falecido a 14 de julho de 1974. Estudou em Windsor, Inglaterra (1890) e no Instituto de Hanôver, na Alemanha. Trabalhou no atelier do arquiteto alemão A. Haupt, um especialista em arquitetura medieval portuguesa. Foi um prolífico autor, responsável por mais de 700 projetos, mas ficou conhecido sobretudo pela sua obra escrita em que teoriza sobre a arquitetura portuguesa, por vezes suscitando veemente polémica. Destas obras destaca-se A casa Portuguesa (1929) onde tenta sistematizar as características específicas da arquitetura portuguesa, e propõe modelos de moradias para serem adotados pelos projetistas. Esta obra terá uma grande influência nas décadas de 30 e 40, sendo mesmo inspiradora da tentativa de criação de uma arquitetura oficial do Estado Novo e suscitando forte antagonismo da geração modernista.
Viajou muito por Portugal e pelas então colónias tomando apontamentos sobre elementos arquitetónicos da arquitetura tradicional que viria a integrar nos seus projetos.
Entre as suas obras incluem-se a Casa O'Neil, Cascais (1902), a Casa dos Patudos, Alpiarça (1904), a Casa do Cipreste, Sintra (1912), ou o Cinema Tivoli, Lisboa (1924)
Foi também nomeado Diretor-Geral dos Monumentos Nacionais em 1949, e foi Diretor da Associação Nacional de Belas-Artes, a partir de 1967."
(fonte: https://www.infopedia.pt/$raul-lino)
Exemplar em razoável estado de conservação. Com sinais de humidade junto ao corte lateral do livro, mais visível na capa, onde apresenta um certo esboroamento. Pelo interesse e raridade, e pelo autógrafo do Mestre, a justificar restauro e encadernação.
Raro.
Indisponível

21 maio, 2017

PONTE, Brigadeiro Nunes da - O CONDESTÁVEL D. NUNO. Conferência realizada no Salão Nobre do Ateneu Comercial do Porto, no dia 16 de Dezembro de 1960. [S.l.], [s.n.], 1960. In-4.º (24,5cm) de 21, [19 p. ; B.
1.ª edição.
Conferência proferida por ocasião do 6.º centenário natalício do Condestável, onde são realçados os seus feitos militares.
Opúsculo valorizado pela dedicatória autógrafa do autor.
"Nuno Álvares Pereira nasceu em Cernache do Bomjardim em 24 de Junho, dia de S. joão, de 1360, há seiscentos anos portanto, dois anos depois do Mestre d'Aviz, de quem foi pela vida fora o mais devotado e fraterno amigo. [...]
Quando tinha apenas um ano, tomou-o D. Pedro à sua protecção, e desde muito cedo lhe notou forte inclinação para as armas. Aos trese foi apresentado na Corte, em Santarém, onde se encontrava Leonor Teles, que por ele igualmente se afeiçoou. Quiz vestir-lhe por suas próprias mãos o arnês, e, como não havia nenhum que lhe servisse, dada a sua pequena estatura, foi pedido emprestado o do Mestre d'Aviz. No entanto D. Nuno, posto que cercado de deferências e atenções, não de adaptava àquele deletério meio. Autêntico cavaleiro, dos áureos tempos da cavalaria medieval, lia sofregamente romances que incitavam à bravura, à coragem, ao heroísmo, protecção à mulher e à criança: admirava o livro de Galaaz, contos da Távola Redonda, e os cavaleiros que, por terem conservado a castidade haviam preticados feitos de extraordinário valor. Por isso fez propósito de permanecer sempre solteiro."
(excerto da conferência)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Sem registo na BNP.
10€

20 maio, 2017

SOLILÓQUIO - DA GLÓRIA À TRAGÉDIA : crónicas taurinas da temporada de 1985. Lisboa, [s.n.], 1986. In-8.º (17,5cm) de 162, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Este volume reúne as crónicas publicadas em 1985 no «Diário de Lisboa», jornal de que o autor é, desde 1978, colaborador permanente como cronista taurino.
"Tristezas do começar. Esta será, desde há muitos anos, mais de trinta, a primeira temporada em que das arenas estará ausente o Mestre Baptista. O Baptista. Como por essas praças era bastante dizer, para que toda a gente soubesse, saiba, de quem se trata. Quem era o Baptista. Como era a sua vibrante intrepidez, onde havia qualquer coisa de contagiante andaluza alegria. Como era a sua garrra, capaz de transformar em forças as fraquezas dos seus cavalos pilecas, quando os bons lhos levava o infortúnio, e não sobrava o parné para outros iguais ir buscar. Como eram o ferros à Baptista, só dele, o espectáculo do valor e da verdade, que não dava para ser contado, precisava de na praça ser vivido, comungado."
(excerto da crónica dedicada ao cavaleiro Mestre Baptista, falecido em 1985)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
10€

16 maio, 2017

FRADE, Fernando - KUWAIT, UN EMIRATO FELIZ. Madrid, Ediciones Agulló, 1978. In-8.º (19cm) de 34, [4] p. ; il. ; B.
1.ª edição (no original, em espanhol).
Curioso opúsculo sobre o Kuwait, emirado árabe situado no nordeste da península Arábica, na Ásia Ocidental. Faz fronteira com a Arábia Saudita ao sul e ao norte com o Iraque.
Ilustrado com um mapa do território em página inteira.
"Las últimas estadísticas mundiales colocam a Kuwait en el primer lugar en la lista de países por su renta per capita, en los años 1975 y 1976, por delante de países tan ricos como Suecia, Suiza, los Estados Unidos, Alemania Occidental y Arabia Saudita. En 1976 alcanzó la cifra de más de 11.000 dólares lo que un país donde su población nativa no excede de 550.000 habitantes, de un total de aproximadamente 1.200.000, ha dado lugar al dicho corriente en Oriente Medio de que «no hay un kuwaití pobre»». E esta frase, bajo un standard europeo, no es exagerada, pues todo kuwaití tiene un trabajo muy bien remunerado o un negocio floreciente con todos los servicios gratis y sin impuestos.
Esto, todo el mundo sabe, se ha debido a su extraordinaria riqueza en un bien tan cotizado como es del petróleo, pero es casi lo único que la mayoria de la gente sabe de Kuwait. Lo que no suele saber es que también se ha debido a una buena organización política y administrativa, acorde con lo que el desarrollo del país ha ido demandando."
(excerto da introdução)
Matérias:
1 - Caracteristicas físicas y geopolíticas del país. 2 - Síntesis histórica. 3 - La población. 4 - La vida religiosa. 5 - Las ciudades y la vida en ellas.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
10€

15 maio, 2017

MONTEIRO, Ana Isabel Líbano - TIBÃES: LIVROS PERDIDOS, ELOS ENCONTRADOS. Braga, Universidade do Minho : Conselho Cultural, 2007. In-4.º (23 cm) de 29, [1] p. (81-99 pp) ; mto il. ; B.
1.ª edição independente.
Importante trabalho sobre a biblioteca do Mosteiro de Tibães.
Livro impresso em papel de superior qualidade. Ilustrado no texto com fotografias reproduzindo retratos, gravuras antigas, portadas, ilustrações e encadernações de obras da biblioteca.
"A antiga Livraria do Mosteiro de São Martinho de Tibães filia-se, pelo conteúdo e dimensão, nas grandes bibliotecas monásticas portuguesas do Antigo Regime. Indissociavelmente unida à casa que a albergava e aos destinos e vicissitudes por que passou a Ordem de S. Bento de Portugal, assume singular importância para o estudo da formação das elites religiosas. É espelho da vida quotidiana do mosteiro, da sua incidência nas povoações vizinhas e nas instituições e comunidades da sua tutela, fornecendo também pistas esclarecedoras sobre o alcance do mercado livreiro português setecentista no Norte do país."
(excerto da introdução, Enquadramento)
Matérias: - Enquadramento. - Uma livraria de 30.000 volumes? - Da Teologia latina do século XV à poligrafia inglesa do século XIX. - As escolhas de Frei Francisco de S. Luís. - As marcas de posse e os destinos dos livros. - O acervo beneditino. - Livreiros que forneciam Tibães: Bertrand, Reycend, Du Beux e Borel. - Preservação e guarda dos livros. - Notas.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Indisponível

14 maio, 2017

DANTAS, Julio - SANTA INQUISIÇÃO : peça em 4 actos e 1 quadro. Lisboa, Livraria Classica Editora de A. M. Teixeira & C.ta, 1910. In-8.º (19cm) de 205, [1] p. ; E.
1.ª edição.
Rara edição original desta peça de índole histórica cuja acção se desenrola no século XVII. Estreada em Lisboa, no Teatro Dona Amélia (actual São Luiz), em 18 de Março de 1910.
Muito valorizada pela dedicatória autógrafa do autor.
Júlio Dantas (1876-1962). "Nasceu em Lagos, a 19 de Maio de 1876. Ingressou, em 1886, no Colégio Militar, onde se manteve até 1892.Foi admitido na Escola Médico-Cirúrgica em Lisboa onde, em 1900, se licenciou em Medicina. Médico militar, entre 1902-1903, desenvolveu posteriormente larga actividade como escritor e professor de arte dramática no Conservatório (1909-1930). Foi comissário do Governo junto do teatro D.Maria II entre 1906 e 1912, director da secção de arte dramática do Conservatório (1909-1912), inspector das Bibliotecas Eruditas e Arquivos, de 1912 a 1916, presidente da Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais (1925-1926), professor e inspector do Conservatório Nacional (1930-1935). Autor multifacetado – teatro, poesia, conto, romance, tradução e ensaio – viu, na época, alguns dos seus textos alcançarem grande êxito, mais tarde adaptados a óperas, operetas e cinema. O drama e o romance histórico, tendo como findo o século XVIII, grangearam alguma projecção, mas também a crítica acerada de autores modernos de que é paradigma Almada Negreiros através do conhecido Manifesto Anti-Dantas. Passou pelos partidos Reconstituinte, Progressista e Nacionalista. Convidado por Bernardino Machado, em 1914, para ministro dos Negócios Estrangeiros, só entraria para o executivo quando ocupou a pasta da Instrução entre 21 de Outubro e 20 de Novembro de 1920, experiência logo repetida entre 20 e 30 de Novembro do mesmo ano. Regressou ao Governo por mais duas vezes, agora à frente dos Negócios Estrangeiros: de 16 de Dezembro de 1921 a 6 de Fevereiro de 1922 e de 15 de Novembro a 18 de Dezembro de 1923. Efectuou diferentes missões ao Brasil e foi membro da Comissão Internacional de Cooperação Intelectual da Sociedade das Nações entre 1933 e 1943. Sob o Estado Novo foi procurador à Câmara Corporativa (1935-1959). Faleceu em Lisboa a 25 de Maio de 1962."
(
fonte: http://193.137.22.223/pt/patrimonio-educativo/museu-virtual/galeria-de-ministros/ministerio-da-instrucao-publica/1913-1920/)
Encadernação em sintético com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
15€

13 maio, 2017

ANDRE, Emile - 100 MANEIRAS DE NOS DEFENDERMOS NA RUA COM ARMAS. Lisboa, Typographia de "Empresa Lusitana Editora", 1911. In-8.º (19cm) de VII, [1], 123, [1] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Ilustrado nas páginas de texto com desenhos exemplificativos de técnicas de defesa.
Curioso manual de defesa pessoal, coincidência ou não, publicado entre nós pouco tempo após a instauração da República, em época de tumultos e arruaça.
No prefácio, o autor alerta para o facto de, bastas vezes, termos de contar apenas connosco:
"Portanto saibamos praticar a self-defense como dizem os inglezes: isto é particularmente util áquelles que habitam os bairros excentricos das grandes cidades ou que teem de percorrer fóra de horas caminhos quasi desertos.
Além mesmo de possiveis agressões por parte dos malfeitores, quantas occasiões se nos deparam em que se torna preciso mostrar que sabemos retribuir, e mesmo com usura, - golpe por golpe!
Encontram-se brigões quasi por toda a parte. Aquelles que dispõem de uma grande força phisica tentam muitas vezes abusar d'ella.
Os menos vigorosos, e, além d'isso pouco treinados no boxe e na lucta restabelecem o equilibrio das forças com o auxilio de uma bengala, arma simples que geralmente trazemos para servir de apoio ou para fazer um cumprimento, mas que se torna particularmente util, bem manejada.
Em primeiro logar, permitte conservar o adversario a distancia, quer elle esteja ou não armado da mesma maneira. Vendo-se assim ameaçado, poderá hesitar em recorrer a vias de facto.
Se vae mais além, pode ser detido, pol-o mesmo fóra do combate, com uma carga de bengaladas, ou simplesmente com alguns golpes bem escolhidos, - sem risco de o matarmos com um tiro de revolver.
É inutil recordar que o revolver, o rigolo, em calão, não deve ser empregado senão em ultimo extremo, e contra assassinos que nos ameaçam de morte ou de ferimentos graves."

Indice das materias:
Prefacio. A bengala: Noções preliminares; Golpes de ponteira; Golpes de castão; Golpes de bengala propriamente ditos (Golpe de cabeça, golpe de cara á direita e á esquerda, «coupés» ou «brissés» - golpes de punho, «enlevés», golpe de flanco, golpe de perna); Paradas (prima alta, prima, prima baixa, segunda alta, segunda, terceira, quarta, quarta alta); Maneiras de evitar, de se esquivar aos golpes; Observações sobre as respostas; Golpes de prisão; Doublés; Observações sobre os botes simulados e falsos ataques; Alguns ataques compostos comprehendendo um só bote simulado; Respostas compostas; Observações sobre o volteio; Conselhos para o combate. O pau a duas mãos: Noções preliminares; Pontuada á cara e ao corpo na região do estomago; Golpes de pau propriamente ditos; Alguns golpes compostos; Paradas; Observações sobre as respostas. Navalha e punhal: Noções preliminares; Golpes á mão, ao ante-braço, á cara; Golpes ao corpo, na linha alta e na linha baixa; Paradas; «Esquives»; Observações sobre as respostas; Golpes de prisão; Astucias diversas. Bengala de estoque, Cacete: Bengala de estoque; Cacete. Murro americano, argola de defesa, Casse-tête: Murro americano, argola de defesa, Casse-tête. Armas de fogo: Armas de fogo; Conselhos para os primeiros exercicios de tiro; Conselhos para o tiro rapido prevenindo um combate real; Notas complementares.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com defeitos; falhas de papel na capa e na lombada. Mancha de humidade (desvanecida) nas capas, e junto ao corte superior. Pelo interesse e raridade a merecer encadernação.
Raro.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
Peça de colecção.
30€

12 maio, 2017

AMARAL, Abílio Mendes do - OS PASTORES DA SERRA DA ESTRELA : Etnografia - Foro - Privilégios - Transumância. Viseu, Separata da Revista «Beira Alta», 1970. In-8.º (22,5cm) de 44, [4] p. ; [5] p. il. ; B.
1.ª edição independente.
Interessante monografia sobre o pastoreio e os pastores da Serra da Estrela. Ilustrada em extratexto com bonitas estampas a p.b. impressas sobre papel couché.
Valorizada pela dedicatória autógrafa do autor ao Prof. Amorim Ferreira.
"Os nossos pastores tinham o privilégio de usar armas. Evidentemente, o cajado seria a sua primeira arma... e até talvez a única de qua agora se sirvam. Toda a gente conhece a significação desta frase corrente, a propósito de qualquer barulho ou alvoroço: «ele andava armado».
E assim, os pastores foram andando com os tempos, fazendo uso, dentro dos seus privilégios, das armas que os fabricantes iam aperfeiçoando e chegavam ao mercado. O arcabuz era arma de fogo e devia ser terrível no seu tempo. Os pastores foram autorizados a servir-se dele.
Naturalmente, sem preconceito ou esforço, em muitos aspectos da vida, toda a gente se mantém a la page. Por necessidade ou para não ser estorvilho dos outros. Nessa ordem de ideias, aí temos a espingarda de pederneira, mais rápida e mais cómoda (façam ideia!), por dispensar a corda ou o morrião.
Ao restabelecer-se a nossa independência, logo D. João IV manda passar o Alvará de 20 de Fevereiro de 1641, autorizando que os nossos pastores possam munir-se, além dos arcabuzes, das ditas espingardas de pederneira. E, para sua segurança, que os Oficiais de Justiça, Alcaides mores, Capitães mores lhes dêem todo o favor de que para isso tiverem necessidade." [Segue-se a reprodução do Alvará].
(excerto do Cap. IV, Armas para defesa e segurança)
MatériasI - Estruturação e Etnografia. II - Vida difícil da transumância mas amparada por magistratura privativa. III - As cortes e os reis concedem privilégios. IV - Armas para defesa e segurança. V - Pela Conservatória e Desembargo do Paço. VI - E tinham o seu alcaide. VII - Havia um Recebedor dos dinheiros pagos pelos sorianos vindos de Castela. VIII - Já D. Afonso V tomou sérias e duras providências. IX - As cartas régias eram publicadas nos povos sitos no caminho.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
Com interesse histórico, etnográfico e social.
indisponível

11 maio, 2017

VASCONCELLOS, D.ᵒʳ J. Leite de - FILOLOGIA BARRANQUENHA. Apontamentos para o seu estudo publicados pelo... Lisboa, Imprensa Nacional, 1955. In-4.º (23 cm) de XVII, [1], 217, [1] p. ; B. História - Ciência - Arte : Colecção de estudos publicados pela Imprensa Nacional de Lisboa, V
1.ª edição.
Edição original deste importante trabalho filológico sobre Barrancos, vila raiana portuguesa do concelho de Beja.
"Barrancos, no Alentejo Baixo, está pôsto em sítio montuoso, e de constituição xistenta, a 300 ou 400 metros de distância da raia, tomada em linha recta; e o seu território, ou concelho de Barrancos, penetra na Hespanha, como uma cunha, que fica pois delimitada por território hespanhol ao Norte, Nascente e Sul, e tem de superfície 189,5 quilómetros quadrados. Do que resultam, naquele ponto, especiais relações sociais entre as duas nações vizinhas, e acção recíproca, maior, já se vê, da de lá na de cá, do que ao invés, atenta a pequenez e insulamento do nosso rincão."
(excerto do Cap. I, Informação geográfico-histórica)
José Leite de Vasconcellos Pereira de Melo (1858-1941). "Foi a maior autoridade do seu tempo, a nível nacional e internacional, nos domínios da Etnologia e Filologia. Nasceu em Ucanha (ao tempo vila de Ucanha, concelho de Mondim) no actual concelho de Tarouca, a 7 de Julho de 1858. Embora descendente da Casa Nobre de Resende, dificuldades económicas impediram a continuação dos estudos, após o ensino primário. Frequenta, no entanto, a biblioteca de um seu tio, adquirindo conhecimentos que lhe servirão para o seu posterior trabalho de etnólogo. Consegue emprego como amanuense, no Porto, e completa o curso do liceu. Forma-se, depois, em Medicina, na Escola Médica da mesma cidade com a tese A Evolução da Linguagem (1886). Dedica-se aos estudos etnográficos e funda a Revista Lusitana (1887), a revista O Arqueólogo Português (1895) e o Museu Nacional de Etnografia e Etnologia, instalado em dependências do Mosteiro do Jerónimos (1893), catalogando pessoalmente os 20 mil objectos que constituíam o espólio do museu. Aos 40 anos, fixa-se em Paris onde prepara o doutoramento em Filologia Românica que tem por título Esquisse d'une Dialectologie Portugaise, aprovada «avec la mention très honorable». Em 1887, é Conservador da Biblioteca Nacional. A sua obra fundamental – Etnografia Lusitana – é a história do Povo Português. Só começou a ser escrita aos 70 anos, tendo, até então, compilado todos os elementos que lhe serviram de suporte. Tem mais de trezentos títulos, alguns deles inéditos. Faleceu, em Lisboa, a 17 de Janeiro de 1941."
(Fonte: www.quintadoterreiro.com/j-leite-de-vasconcelos)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
25€

10 maio, 2017

MONOGRAFIA DA COLÓNIA CORRECIONAL DE VILA FERNANDO - MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E DOS CULTOS : Serviços Juricionais e Tutelares de Menores. [S.l.], Composto e impresso na Tipografia do Reformatório Central de Lisboa «Padre António de Oliveira» - Caxias, [1931]. In-4.º (23cm) de 37, [3] p. ; [6] f. il. ; B.
1.ª edição.
Trabalho promovido pelo director do reformatório de Vila Fernando à época, Henrique Caldeira Queirós. Ilustrado em separado com 6 estampas reproduzindo 12 fotografias das instalações e do dia a dia dos menores.
"A Escola Agrícola de Vila Fernando é pensada como um projeto reabilitador dirigido,essencialmente, ao menor delinquente. Esta instituição surgiu com o objetivo central de desenvolver “a feição escolar [mais] do que a de instrumento de penalidade” (Câmara dos Senhores Deputados, 1880). Nesta instituição havia, efetivamente, um programa formativo e “tutelar” pensado com o intuito de reeducar estes jovens marginais. O programa formativo assentava em três pilares: formação moral, intelectual e profissional. Presente em todo o contexto técnico-institucional encontrava-se a necessária disciplina.
A criação desta instituição deveria toda ela contribuir para o mesmo objetivo. Assim, era necessário encontrar uma localização adequada para implementar tal programa regenerador. O Alentejo foi escolhido como o local indicado para instalar a Escola Agrícola respondendo, simultaneamente, a um ideal de desenvolvimento e povoamento da região. O local de implantação foi o distrito de Portalegre, concelho de Elvas (Vila Fernando) onde se iniciaram as obras desta instituição numa região claramente rural.
Encontrado um local com características apropriadas, destacando-se entre elas a proximidade a uma estação de via-férrea, um terreno com grande extensão (777 hectares) e água em abundância, o rei Dom Luís, por carta de lei de 22 de Junho de 1880, autorizou a criação da “Escola de Reforma” destinada a acolher menores marginais."
(fonte: http://www.academia.edu/17463069/A_COLÓNIA_CORRECIONAL_DE_VILA_FERNANDO_1880_D%C3%89CADA_DE_30_S%C3%89C._XX_REGENERAR_EDUCAR_E_TRABALHAR)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Indisponível

09 maio, 2017

SANTOS, Machado - PROJECTOS DE LEI Apresentados ao Parlamento Na Sessão de 12 de Novembro de 1912 pelo Deputado... Lisboa, Lamas & Flanklin, 1912. In-8.º (16,5cm) de 40 p. (inc. capas) ; B.
1.ª edição.
Curiosa e importante peça legislativa do regime republicano saído do 5 de Outubro, apenas dois anos antes. Em 12 de Novembro de 1912, o herói da República e então deputado Machado Santos, apresenta quatro importantes projectos de lei sobre questões momentosas: emigração, dívida pública, fomento e reconciliação.
"É considerado emigrante todo o individuo que siga viagem para angariar os meios de subsistencia fóra do territorio nacional, ou que dêle se afaste por um periodo de tempo superior a 12 meses.
A todos os cidadãos portugueses é reconhecido o direito á emigração, excéto:
a) aos individuos menores de 18 anos, salvo o caso de fixarem residencia no estrangeiro os chefes de familia a que pertençam, as pessoas que os mantenham, ou de irem cursar para qualquer estabelecimento de ensino no estrangeiro.

b) aos individuos do sexo masculino, maiores de 18 anos emquanto não obtenham, nos termos da lei do recrutamento, a necessaria autorisação da autoridade militar de que dependam, a não ser que estejam isentos do serviço militar, ou que tenham já transitado para a 2.ª reserva do exercito ou da armada.
c) aos individuos que pertençam á 1.ª reserva do exercito ou da armada, que não consigam afiançar-se.
d) aos individuos que não estejam em condições de obter passaporte.
e) aos individuos que não estejam habilitados com o exame primeiro do do primeiro grau, com exceção dos que se encontrem no caso previsto na alinea a) do presente artigo."
(Projecto de Lei de Emigração, Cap. I, Dos emigrantes)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com defeitos. Capa apresenta pequeno restauro; contracapa com falha de papel no canto sup. esq. Primeira página com rasgão à cabeça (sem perda de papel).
Raro.
Sem registo na BNP.
Peça de colecção.
Indisponível