RIBEIRO, Amilcar - OLHA O BONET!... Narrativa dos ultimos acontecimentos de Coimbra. Porto, Edição do Autor, 1913. In-8.º (19cm) de 36 p. ; B.
1.ª edição.
Relato de um estudante, do conflito que opôs os alunos da Universidade de Coimbra à polícia secundada pelos "futricas". A contenda, que teve momentos agrestes, com tiroteio, alguma violência física e detenções, terminaria passada uma semana, culminando com o roubo, perpetrado por um estudante, do boné do comandante da GNR vindo de Lisboa com uma força militar para por fim aos desacatos. Tal "façanha" daria azo a grande galhofa por toda a cidade de Coimbra, dando nome a este opúsculo e à revolta estudantil de 1913 que ficaria conhecida por "olha o boné".
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"Olha o Bonet!... Escolho este titulo para a minha narrativa, em virtude da desaparição do já agora celebre bonet ter sido o mais interessante episodio que se deu durante os acontecimentos. Este livro, apezar de escrito á pressa e portanto mal redigido, deve comtudo fazer parte da biblioteca de todo o estudante de Coimbra, porque ele marca um dos maiores acontecimentos que se tem dado nesta cidade.
O Autor.
Coimbra, 3 de junho de 1913."
(apresentação, Duas palavras)
"Não era meu intuito relatar os lamentaveis acontecimentos que se desenrolaram nesta cidade e que foram causa da honrosa debandada de toda a academia.
Mas hoje, ao ler o manifesto «Ao Paiz», distribuido por um grupo de operarios, tão indignado fiquei ao ver as falsidades de que se servem para acusar a academia, que resolvi escrever estas palavras que dedico a todos os estudantes pois que se enobreceram, mantendo-se na mais perfeita solidariedade. Irei, pois, relatar os acontecimentos, desde as suas causas e inicios até aos ultimos dias, que fecharam tão grave conflito. Mas todos os relatos que fizer constituirão a expressão da verdade, porque hão de ser intermediados de provas bastantes e as mais completas para condenar essa ralé asquerosa e nojenta, que ousa recriminar o procedimento da academia, exclusivamente para defender as suas façanhas.
Colocar-me-hei pois na narração de todos os factos com a mais escrupulosa imparcialidade, apesar de pertencer a uma das partes, e não suponham os leitores que se aplaudo a academia, não é porque a procure defender sem provas, aliás tenho-as suficientes, mas sobretudo porque me repugna e indigna o proceder dessa população abjecta que se chama futrica. Futrica, lá diz o dicionário de Candido de Figueiredo: é homem ordinario, bandalho, de sentimentos baixos."
(excerto da introdução)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Folha de rosto apresenta restauro.
Raro.
Com interesse para a história da Universidade de Coimbra.
Indisponível
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