1.ª edição.
Ilustrada com o retrato do autor em extratexto.
Obra constituída por dois poemas históricos do primeiro romantismo português, na esteira de Camões (1825), D. Branca (1826) e Adozinda (1828), todos de Almeida Garrett, que o autor muito elogia, e com quem aliás se identifica. O poema principal, “Isabel ou Heroina de Aragom” constituído por seis cantos, aborda o tema da mulher que se veste de homem para ir à guerra.
"Ha muito que os Poetas de Hespanha começarom a paraphrasear os seus antigos Romances, mas limitando-se, ao menos nos, que eu tenho visto, a glosar em Coplas regulares cada dois versos dos dictos Romances: o que indica que o principal intuito dos, que se derom a esse trabalho, foi tornar aquellas Composições mais aptas, e acomodadas pera a Musica moderna. [...]
A Poesia deve ser Nacional; e Albuquerque, ou D. João de Castro, trajados á Grega, me parece cousa ridicula, além de absurda; porque o colorido local he o maior lenocinio da Poesia, e a falta delle he o defeito, que mais salta aos olhos em os nossos Poetas antigos; direi mais, si dermos o devido desconto, nos Livros de Cavallarias, que hoje se despresam tanto, havendo tão pouco que os tenha lido, depararemos mais repetidas, e fieis pinturas dos costumes, e usanças dos nossos maiores, do que nas Epopeias mais gabadas, que se tem impresso em Portuguez."
(excerto do prólogo)
"Sobre as fronteiras de Aragom se elleva
Alta montanha, crespa de rochedos;
Nella antigo Castello, coroado
De torreões, e ameias, ameaça
Da planicie os pacificos Colonos.
Forra o musgo as muralhas carcomidas,
Que amarellas tornou do Tempo a dextra;
Polas fendas das pedras serpeando
Vam raizes das Heras, cujos ramos,
Quaes tropheos, se debruçam balouçando
Dos ventos a sabôr! obra dos Godos,
Em sua forma anciãa nos traz á idea
Esses tempos feudaes, em que luctando
A civilisaçom já corrompida
Co' a barbarez indomita, exaltadas
Pola Superstiçom, e Amor, as almas
Com heroicas virtudes, negros crimes
Assignalarom paginas de sangue
Na historia d'essas barbaras Idades.
Em que a força hera Ley, Juiz a espada!"
(excerto de A Heroina de Aragom, Canto I)
José Maria da Costa e Silva (1788-1854). Poeta, crítico literário, historiador da literatura. Pseudónimo arcade: Elpino Tagídio. “Dominava perfeitamente a língua grega bem como a latina (aprendidas respectivamente com Manuel Moreira de Carvalho e José da Costa e Silva), um homem que dedicou grande parte da sua vida à causa das letras e a o estudo dos poetas portugueses que o precederam.
Apesar de ter ficado conhecido
sobretudo como critico e historiador da literatura com o Ensaio Biográfico-critico sobre os melhores poetas portugueses com dez
volumes publicados (Lisboa, 1850-1856, a que haveria que juntar mais quatro inéditos,
segundo Inocêncio), escreveu também obras poéticas originais e fez traduções do
grego e do latim.”
(FERREIRA, José Ribeiro, Uma Tradução Portuguesa dos Argonautas de Apolónio de Rodes, in http://www.uc.pt/fluc/eclassicos/publicacoes/ficheiros/humanitas25-26/08_JRF.pdf)Exemplar brochado em bom estado de conservação. Apresenta falhas de papel na capa posterior e na lombada.
Raro.
Indisponível
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