RIBEIRO, Manuel - A MADONA DO CONVENTO. Por... Lisboa, Francisco A. Direitinho, [1922]. In-8.º peq. (16,5cm) de 32 p. ; B. Novela Sucesso, N.º 1
1.ª edição.
Valorizada pela dedicatória autógrafa do autor.
Conto histórico do século XVI.
"Isto era em Santa Maria de Fiães, termo de Melgaço e a uma hora bem andada da vila, rente ás aguas do rio Minho que ali se aveludavammansas sob copadas tendas verdes.
O mosterior que fôra da observância primitiva dos monges negros de Santo Agostinho e da invocação de S. Cristovão, passára-se a branca ordem de Cister sob o escudo tutelar da Virgem, já meado do século XII, quando a reformação de S. Bernardo viera a ibéricas terras apertar os folgados cilícios das comunidades que se afastavm cada vez mais, e com grave dano para a religião, daquele penoso e mortificado jugo sem o qual não é meritório o serviço a Deus.
Pastoreava o mosteiro D. Fr. Diogo de Leiria. Nessa aguarelada manhã de Março de 1513, com esmaltes translúcidos do rio e vagos novelos de brumas nas serras, cruzava a granítica portada de Santa Maria, mais parecendo caminheiro mísero e desguarido do que fidalgo teúdo e manteúdo, o nobre senhor da casa de Minhos, de volta de longes terras, suplicando de compustura humilde que o deixassem ascender ali a sua alma ao céu sobre a sepultura rasa do esquecimento duma existência vã na terra."
(excerto do Cap. I)
Manuel Ribeiro (1878-1941). Poeta, romancista e político. "Natural de Albernoa, freguesia de Beja, foi um dos mais destacados militantes anarco-sindicalistas da primeira República. Com pouco mais de vinte anos veio para Lisboa, dedicando-se à tradução e ao jornalismo. É também o momento em que inicia uma obra literária, que anos mais tarde dele fará um dos mais lidos escritores do tempo. Como tradutor, verteu para o português obras de Gorki, Tolstoi, Kropotkine e Paul Elzbacher. A ligação militante ao anarquismo operário data de 1908, mas a primeira colaboração com a imprensa libertária é de 1909. Entre 1912 e 1914 é um dos mais assíduos colaboradores do semanário O Sindicalista, órgão da corrente operária libertária. Com o fim deste e a fundação de A Batalha, Manuel Ribeiro transfere para este diário a sua colaboração, que mantém até Março de 1921. A revolução russa de 1917 dividiu o movimento operário mundial e Manuel Ribeiro, vendo nos sovietes um equivalente do sindicalismo revolucionário, toma partido pelo bolchevismo, fundando com outros a Federação Maximalista, cujo jornal dirigiu, e o Partido Comunista Português. Mais tarde, em 1926, converteu-se (em privado) ao catolicismo. A conversão não levou porém o autor a alhear-se das antigas preocupações, acabando por se manter dentro da mesma esfera, com a aproximação a sectores católicos socialmente empenhados. Dirigiu nesses anos a revista católica Renascença, fundou uma outra, Era Nova, esta com o padre Joaquim Alves Correia, e publicou um livro de ensaios, Novos Horizontes (1930), em que esclarece a sua separação da fórmula integralista, que por então dominava nos meios católicos.” Manuel Ribeiro publicou 10 romances, onde se incluem a sua trilogia social, A Catedral, O Deserto e Ressurreição.
(António Cândido Franco / 16 de Maio de 2011, in http://aideialivre.blogspot.pt/2011/05/manuel-ribeiro.html)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa com defeitos.
Pouco vulgar.
Indisponível
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