1.ª edição.
Muito valorizada pela dedicatória autógrafa do autor ao ímpar caricaturista Celso Hermínio.
Trata-se do primeiro romance do autor, na época, por muitos considerado, um digno sucessor do realismo de Eça de Queiroz.
Teve os Famintos», "na época em que foi publicado,
uma larga e funda repercussão. Livro que, quer sob o ponto de vista do estilo, quer sob os
domínios da análise psicológica, se pode considerar pouco cuidado e traduzindo
as verduras do estreante, o certo é que a obra tem grande significado na nossa
literatura. Não sendo – como não é – marcado por grande força impressiva nem
aberto em grande cerne artístico, pode, contudo, considerar-se importante na
sua trajectória literária, porque ele é um precursor da literatura neo-realista
que caracterizou a nossa década de quarenta. Na verdade «Os Famintos» deve ser
considerado como neo-realista avant Ia lettre, por ser nele tão patente a
preocupação do social, tão viva a mensagem de protesto contra as injustiças da
sociedade burguesa, tão carregado das sombras de miséria da vida dos operários
numa «Ilha» do Porto; porque o pendor socializante do discorrer da história
salta aos olhos do leitor mais desatento."
(in www.prof2000.pt)
"Foi n'um sabbado ao entardecer que Manoel adoeceu de repente, abandonando o trabalho, com as faces cavadas n'uma funda ruga d'amargura e os olhos accesos d'um intenso brilho de febre. Sentira uma dôr tão aguda dentro do peito, que teve d'encostar-se quasi desfallecido a uma parede para não cair desamparadamente. Perdera a noção das coisas exteriores e todos os objectos andavam á sua volta, em movimentos vertiginosos. A essa hora, na fabrica, ia um alegre rumôr de vida. Rangiam os teares seccamente e as machinas arfavam com vigor resfolegando como pulmões potentes. Os companheiros, ao vêrem-n'o assim afflicto, de bocca muito aberta n'uma insoffrida anciedade d'ar vivo, a respiração offegante e os dedos crispados n'uma angustia subita, accudiram-lhe em sobresalto, alarmando as officinas com os seus gritos de socorro."
(excerto do Cap.I)
João José Grave (1872-1934). “Foi um escritor e jornalista português. Autor de obras de ficção, crónica, ensaio e poesia. Como jornalista chefiou a redacção do Diário da Tarde e colaborou nos jornais Província, Século e Diário de Notícias e em vários órgãos da imprensa brasileira. Foi director da Biblioteca Municipal do Porto e dirigiu o dicionário enciclopédico Lello Universal. A nível literário, esteve inicialmente próximo dos naturalistas, notando-se influências de Emílio Zola. Depois enveredou pelo romance de costumes.”
João José Grave (1872-1934). “Foi um escritor e jornalista português. Autor de obras de ficção, crónica, ensaio e poesia. Como jornalista chefiou a redacção do Diário da Tarde e colaborou nos jornais Província, Século e Diário de Notícias e em vários órgãos da imprensa brasileira. Foi director da Biblioteca Municipal do Porto e dirigiu o dicionário enciclopédico Lello Universal. A nível literário, esteve inicialmente próximo dos naturalistas, notando-se influências de Emílio Zola. Depois enveredou pelo romance de costumes.”
Encadernação inteira de pele, ricamente decorada a ouro nas pastas e na lombada. Conserva a capa de brochura frontal.
Exemplar em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
40€
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